quarta-feira, 12 de agosto de 2015

DIVISÃO

Divisão
Adaptado de
IFRAH, Georges. Os Números: História de uma grande invenção. 10ª ed. São Paulo, Globo, 2001
Programa Educ@r - educar.sc.usp.br/matematica/m3p1t3.htm, acesso em 20-04-2012


Parte 1: Divisão: Conceitos
Parte 2: Propriedades e algoritmos
Leitura 1 - A resolução de problemas

Leitura 2 - A aprendizagem de matemática e o material concreto

Divisão: na vida e na matemática


Em matemática, quando propomos dividir 7 por 3, está subentendido que a divisão deve ser feita em partes iguais. Na vida também é sempre assim? Veja o que aconteceu com Adriana.

"Adriana tem 5 anos. Como toda criança, ela também não gosta de ir ao dentista. Mas desta vez não achou ruim. É que, ao final da consulta, ganhou 7 pirulitos com a recomendação de dividi-los entre ela e seus irmãos.

De volta para casa, sentada no ônibus, foi pensando em voz alta:
- Um para mim, um para minha irmã e um para meu irmão.
Como ainda havia pirulitos sobrando, ela prosseguiu:
- Um para mim outra vez, outro para minha irmã e outro para meu irmão.
O sétimo pirulito Adriana foi chupando no caminho!"
Com muita naturalidade Adriana dividiu os 7 pirulitos entre ela, sua irmã e seu irmão, ficando com 3 pirulitos para si e dando 2 para cada um deles. Outra criança poderia, talvez, tentar dividir o sétimo pirulito em três partes. Uma outra, quem sabe, daria o sétimo pirulito para seu pai.
No dia-a-dia as pessoas, e as crianças em particular, dividem, repartem, distribuem coisas. Essas experiências constituem o ponto de partida para o trabalho com a divisão. Precisamos compreender, entretanto, que na vida cotidiana e, principalmente para a criança, dividir não significa, necessariamente, dividir em partes iguais. É importante perceber também que, em nossa língua, a palavra dividir é empregada com muitos sentidos diferentes. 

Veja estes exemplos:
·  "O corpo humano divide-se em três partes: cabeça, tronco e membros."
Nesta frase o verbo dividir é empregado no sentido de distinguir as diversas partes.
·  "A notícia dividiu os moradores da cidade.
Aqui, dividir tem o sentido de estabelecer desavenças, pôr em discórdia.
·  "O Rio Uruguai divide vários países".
Nesta frase divide significa demarca, limita.
·  "A altura AH divide o triângulo ABC nos triângulos ABH e ACH."
Nesta sentença, divide significa corta, reparte, secciona.
O último exemplo mostra que, até mesmo num contexto matemático, a palavra dividir nem sempre é empregada no sentido de dividir em partes iguais. Quando se trata de dividir um número por outro número, então sim, subentende-se que a divisão seja feita em partes iguais.

André e Otávio trabalham no almoxarifado de uma empresa. Há 1485 unidades de um produto em estoque. Eles devem transportar esse material para um outro depósito. Farão o serviço colocando as peças numa caixa e levando 48 unidades de cada vez. Quando já iam começar, André teve uma ideia: se colocasse 1 peça a mais na caixa economizariam viagens. André está correto?

           Resposta: 


A escolha de critérios para dividir



 Nas séries iniciais do 1º grau, ao trabalhar com a divisão, pretendemos que a criança compreenda o que significa, na matemática, dividir um número por outro. Para que ela atinja essa compreensão é preciso realizar um trabalho que tem, como ponto de partida, como vimos, as experiências com situações em que ela, espontaneamente, reparte, divide, distribui.
Precisamos estar atentos para as divisões que as crianças realizam nas atividades, jogos e brincadeiras, ou na hora de repartir o chocolate ou o lanche. Em cada oportunidade devemos discutir com elas o critério que usaram para dividir: a divisão foi em partes iguais ou não? Não se trata, neste momento, de classificar estas divisões como certas ou erradas. A finalidade das discussões é fazê-las compreender que uma divisão sempre envolve a escolha de critérios para dividir. 

Vejamos algumas questões que propiciam essa discussão.
·  "Repartir 10 bolas de futebol entre 4 pessoas". Não foi exigido que a divisão fosse feita em partes iguais. Temos muitas maneiras de fazer a distribuição:
- 3 pessoas com 3 bolas e 1 pessoa com 1 bola;
- 2 pessoas com 2 bolas e 2 pessoas com 3 bolas;
- as 4 pessoas receberam 2 bolas cada uma e ficam sobrando 2 bolas;
- cada pessoa recebe 1 bola e ficam sobrando 6 bolas;
- 3 pessoas com 2 bolas e 1 pessoa com 4 bolas; etc.

·  "Distribuir 10 bolas de futebol entre 4 pessoas de modo que todas recebam a mesma quantidade de bolas".
Neste caso temos 2 possibilidades:
- cada pessoa recebe 1 bola e sobram 6 bolas;
- cada pessoa recebe 2 bolas e sobram 2 bolas.

·  "Distribuir 10 bolas de futebol entre 4 pessoas de modo que todas recebam a mesma quantidade de bolas e sobre o menor número de bolas.
Neste caso só há um modo de repartir: 2 bolas para cada pessoa e ficam sobrando 2 bolas.

·  "Repartir 9 bolas para 3 pessoas de modo que elas recebam o mesmo número de bolas, e cujo número seja o maior possível."
Cada pessoa deve receber 3 bolas.



Uma classe tem 40 alunos. Querendo dividi-los em grupos com o mesmo número de alunos, a professora discutiu com eles quais seriam as possibilidades, inclusive que não seria bom haver grupos com mais de 5 alunos. Quantos grupos foram formados de acordo com seu tamanho? Complete:

grupos de 2 alunos.
grupos de 4 alunos.
grupos de 5 alunos.



Nem tudo pode ser fracionado


·  "Na semana passada ganhei do meu namorado cinco barras de chocolate. Chegando em casa resolvi dividir o chocolate entre meus quatro sobrinhos. Dei inicialmente uma barra para cada um e a barra restante dividi em quatro partes iguais. Deste modo, cada criança recebeu uma barra inteira e mais a quarta parte de uma barra de chocolate".

O fracionamento permitiu dividir igualmente cinco barras de chocolate entre as quatro crianças, de modo que não sobrasse chocolate. Veja agora esta outra situação:

·  "A gata Kiki, lá da vizinha, deu cria no portão da minha casa. A ninhada tem cinco filhotes. Prometi distribuir os gatinhos entre quatro crianças que moram nas redondezas. Como não quero privilegiar uma delas, presenteando-a com dois gatinhos, preciso decidir o que fazer com o quinto filhote".



 Nesta situação, como o fracionamento não é possível, a divisão em partes iguais faz com que, necessariamente, sobre um gatinho (resto da divisão).
Às vezes é possível o fracionamento daquilo que se divide; às vezes não. É impossível fracionar gatos ou pessoas. Não faz sentido fracionar uma bola de futebol, uma boneca ou um automóvel. Mas pode-se fracionar o chocolate, uma pizza, uma porção de terra ou um círculo.

As situações-problemas relacionadas com a divisão, nas quais é possível o fracionamento daquilo que está sendo dividido, conduzem-nos às frações, ao estudo dos números racionais. Este tema será estudado no Módulo 6 deste curso.
As situações relacionadas com a divisão, nas quais não é possível o fracionamento daquilo que está sendo dividido, conduzem ao estudo da divisão no universo dos números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5,...
As divisões efetuadas no universo dos números naturais são de dois tipos: as divisões que deixam resto (resto não nulo) e as divisões exatas (ou que têm resto zero). Por exemplo: a divisão de 10 por 4 deixa resto 2 e a divisão de 10 por 5 é exata.
Nos próximos dois itens vamos nos referir à divisão exata.


Apresentamos abaixo algumas situações que envolvem divisões. Examine cada uma delas e verifique se o fracionamento é possível ou não e diga qual é o resto da   divisão: (Escreva sim ou não com letras minúsculas)

(a) Dividir um litro de leite entre 5 crianças.
(sim ou não) resto = 
(b) Dividir 6 laranjas entre 4 pessoas.
(sim ou não) resto = 
(c) Dividir 10 canetas entre 7 crianças.
(sim ou não) resto = 
(d) Dividir 5 bonecas entre 3 meninas.
(sim ou não) resto = 





Quando devemos dividir?



"Você precisa distribuir 72 ovos em 6 cestos de modo que não sobrem ovos e todos os cestos tenham a mesma quantia de ovos. Quantos ovos deverá colocar em cada cesto?


"Você precisa guardar 90 ovos em caixas iguais. Cada caixa deverá conter 18 ovos. Não devem sobrar ovos. Quantas caixas serão necessárias?

 

Compare as duas situações-problema
Do ponto de vista do adulto, que já domina a divisão, podemos até afirmar que as duas situações se equivalem, na medida em que ambas são resolvidas com uma simples divisão. No primeiro caso a resposta é 72 : 6 = 12, e no segundo é 90 : 18 = 5.
Entretanto, para a criança das primeiras séries escolares, essas situações são distintas. Com algum esforço vamos nos colocar no lugar desse aluno, procurando entender como ele pensa.
Observemos uma criança que tenta resolver concretamente aqueles problemas. Ela poderá enfrentar a primeira situação assim: observa o cesto cheio de ovos, olha para os seis cestos vazios, faz uma estimativa e resolve colocar 6 ovos em cada cesto.

 A seguir observa os ovos que sobraram no cestão, faz nova estimativa e decide colocar mais 4 ovos em cada cesto.


Olha o que sobrou e distribui mais 1 ovo para cada cesto. Finalmente põe 1 ovo em cada cesto e verifica que o cestão ficou vazio.


 Depois conta e descobre que colocou ao todo 12 ovos em cada cesto.
Agora observemos a criança resolvendo concretamente o segundo problema. Ela poderia completar a primeira caixa, depois a segunda, a terceira e assim por diante até que o cestão ficasse vazio.
Descobriria então serem necessárias 5 caixas.


Aos olhos da criança, qual é a diferença entre estas duas situações?
Veja bem: uma vez resolvidos os problemas, tanto num caso como no outro, temos a formação de grupos de ovos. No primeiro são 6 grupos de 12 ovos e no segundo 5 grupos de 18 ovos. Acontece que, no primeiro problema, o número de grupos a serem formados é conhecido de antemão ao passo que, na segunda situação, o número de grupos a serem formados, isto é, o número de caixas, é desconhecido. É por isso que, no segundo problema, a estratégia de solução não pode ser a mesma do primeiro. A criança não poderia ir colocando o mesmo número de ovos em cada caixa, simplesmente porque não sabe quantas caixas serão necessárias. A primeira situação está próxima do sentido usual que se dá para a divisão: repartir, distribuir (igualmente) uma certa quantidade em um número conhecido de grupos. No problema apresentado isto é representando assim: 72 : 6 = 12.
Quando as crianças resolvem concretamente o segundo problema, da maneira como descrevemos, e pedimos que registrem o que fizeram usando símbolos matemáticos, elas costumam escrever:
18 + 18 + 18 + 18 + 18 = 90

ou

5 x 18 = 90

ou

18 + 18 = 36

36 + 18 = 54

54 + 18 = 72

72 + 18 = 90

5 grupos de 18 completam 90.

ou ainda

90 - 18 = 72

72 - 18 = 54

54 - 18 = 36

36 - 18 = 18

18 - 18 = 0


Em 90 cabem 5 grupos de 18.
 Observe como estes registros refletem o raciocínio da criança. Eles mostram o seu modo de pensar. O fato de não escreverem 90 : 5 = 18 (ou 90 : 18 = 5) é sintomático. Além de não usarem estes dois últimos registros, os alunos, em geral, resistem em aceitá-los. Isso mostra a dificuldade que sentem em "enxergar" a divisão no segundo problema. De fato, nessa segunda situação, a divisão se apresenta com uma outra faceta. Não se trata de distribuir uma certa quantidade em um número conhecido de grupos, mas sim de saber quantos grupinhos cabem no "grupão", quantos 18 cabem em 90.
Leia novamente o título deste item. Ele contém uma pergunta. Vamos respondê-la. Há dois tipos de situações-problema que levam à divisão:

 Situação-problema

1. Temos uma quantidade
 conhecida   e   queremos
 repartí-la      num      certo
 número       de       grupos.

 2. Queremos saber

 quantas vezes uma
 quantidade cabe
 em outra.
 Pergunta-chave
 Quanto  em  cada  grupo?
 Quantos    grupos?


Apresentamos abaixo duas situações-problema. Analise-as, verificando qual a pergunta chave em cada uma:

(a) Situação 1
"Três amigos se associam, em partes iguais, na compra de uma máquina cujo valor é R$3.600,00. Quanto cada um deverá pagar?"

Escolha uma alternativa:
(1) Pergunta chave = Quanto em cada grupo?
(2) Pergunta chave = Quantos grupos?

alternativa número

(b) Situação 2
"Numa cidade planejada, os quarteirões têm 120 m de comprimento. Quantos quarteirões há numa avenida que tem 1800 metros?"
Escolha uma alternativa:
(1) Pergunta chave = Quanto em cada grupo?
(2) Pergunta chave = Quantos grupos?


alternativa número




Operações inversas



Gilberto Gil, num dos versos da música Copo Vazio, lembra que um copo vazio está cheio de ar!

 Se enchermos um copo de água e a seguir o esvaziarmos ele volta a ficar cheio de ar.


Responda rápido: o avesso do avesso é avesso ou é direito?

Quando uma operação desfaz outra realizada anteriormente, determinando a volta ao estado original, dizemos que uma é a inversa da outra.
Vejamos mais alguns exemplos:
 A adição e a subtração são operações inversas. Uma desfaz o que a outra fez. Se a um número a somamos o número b, obtemos o número c, então de c subtraimos b, voltamos ao número a. Essa ideia pode ser representada assim:




Da mesma forma:


Entre a multiplicação e a divisão há uma relação parecida com a que existe entre a adição e a subtração. Veja os exemplos:

 
A multiplicação e a divisão são operações inversas. Uma desfaz o que a outra fez. Se o número a é multiplicado pelo número b, obtendo-se o número c, então, dividindo c por b voltamos ao número a. 


Da mesma forma:


Em outras palavras essa ideia pode ser expressa assim: dividir o número a pelo número b significa encontrar o número c que, multiplicado por b, dá a. Assim, por exemplo, dividir 793 por 13 significa encontrar o número que multiplicado por 13 dá 793. Que número é este?

De fato, 61 x 13 = 793.

Nesse cálculo mental, a divisão de 793 por 13 foi efetuada com base na relação inversa existente entre a multiplicação e a divisão

Nomenclatura: quando a : b = c chamamos a de dividendo, b de divisor e c de quociente. Por exemplo, na divisão de 793 por 13, 793 é o dividendo, 13 é o divisor e 61 é o quociente.



Pensei um número. Multipliquei-o por 4 e, ao resultado, acrescentei 30. Depois dividi por 2 e, finalmente, subtrai 3. Resultado final: 22. Em que número pensei? (Sugestão: faça o caminho inverso)
O número pensado foi 



Dividendo, divisor, quociente e resto


Duas situações-problema nos ajudarão a construir alguns conceitos.
  • "Quantas semanas há em um ano?"
 

 Um ano não bissexto tem 365 dias e a semana tem 7 dias. Queremos saber quantas semanas há em um ano, ou seja, quantos grupos de 7 há em 365. Este cálculo pode ser feito mentalmente.

 







Como 365 = 7 x 52 + 1 , concluímos que um ano não bissexto tem 52 semanas e 1 dia. O problema proposto nos levou a uma divisão não exata. Esta divisão, que deixa resto 1, pode ser representada assim:
"Vovô Hermínio, que tem 7 netos, comprou 1 cento de balas. Sem dizer quantas balas havia no saco, entregou-o às crianças com a recomendação de que distribuíssem as balas igualmente entre elas."


Sentadas no chão, formando uma roda, as crianças decidiram pegar 10 balas cada uma. O saco ia passando de mão em mão e cada uma, na sua vez, retirava suas balas. Vovô observava os netos.

 
Na segunda rodada as crianças decidiram pegar mais 3 balas cada uma. Isto feito, olharam as balas que ainda restaram no saco e as entregaram ao vovô, com a recomendação que as repartisse com a vovó.

 

Na terceira rodada cada neto pegou uma bala. As duas restantes ficaram para os avós.
Após a primeira rodada cada criança tinha 10 balas e restavam 30 no saco: 100 = 7 x 10 + 30. Era possível prosseguir a distribuição. Após a segunda rodada cada uma tinha 13 balas e restavam 9 no saco: 100 = 7 x 13 + 9. Nesse momento, apesar de ser possível ainda prosseguir, os netos deram por encerrada a distribuição. Mas o avô pediu que prosseguissem e, após a terceira rodada, cada um tinha 14 balas. Restavam 2 no saco: 100 = 7 x 14 + 2.
Neste ponto, como 2 é menor do que 7, e não havia a intenção de fracionar as balas, a divisão se encerrou.
As idéias presentes nas situações anteriores estão embutidas na definição de divisão de números naturais.
Dividir um número natural a pelo número natural b significa encontrar outros dois números naturais q e r que obedeçam a estas condições: a = b x q + r , e , r < b (r é menor do que b).
Representamos a divisão assim:

O número a chama-se dividendob é o divisorq é o quociente e r é o resto.
EXEMPLOS:
  • Vejamos a divisão 

Como 100 = 15 x 6 + 10 , e , 10 < 15, dizemos que na divisão de 100 por 15 o quociente é 6 e o resto é 10.
  • É verdade que 23 = 7 x 2 + 9
Entretanto não é correto afirmar que, na divisão de 23 por 7, o quociente é 2 e o resto é 9, pois 9 é maior do que o divisor 7 e, portanto, ainda podemos continuar a divisão.
A divisão correta é:

  •  A "divisão" abaixo está errada pois, apesar de 9 ser menor que 16, não é verdade que : 127 = 16 x 8 + 9
A divisão correta é:

Nesta parte da lição abordamos uma série de conceitos e idéias relacionadas com a divisão. Na parte 2 veremos o cálculo mental, as propriedades e as técnicas de cálculo referentes a essa operação.

Complete a tabela:

dividendo
divisor00
quociente
resto0000
a)00000
8
3
b)00000
4
3
1
c)00000
22
3
d)00000
17
3
2
e)00000
40
8


EXERCÍCIOS
1.Considere a divisão do número natural a por 7:
 




 a)O resto dessa divisão pode ser 10?
(Escreva sim ou nao com letras minúsculas)
b)Quais são os possíveis valores do resto dessa divisão?
(Escreva-os em ordem crescente separados por - ) 

2. Um painel mede 140 cm por 320 cm. Clélia deseja fixar 12 cartazes no painel. Os cartazes medem 64 cm por 51 cm. Como é muito caprichosa ela quer colocar os cartazes de modo que os espaçamentos verticais, (v), sejam iguais e os espaçamentos horizontais, (h), também sejam iguais.

Quais devem ser estes espaçamentos?
(a) v = cm.
(b) h = cm.

3. As perguntas seguintes referem-se a esta divisão:




a) Se o dividendo aumentar de 2 unidades de quanto aumentará o quociente?
O quociente aumentará de unidades.
b) Se o dividendo aumentar de 2 unidades de quanto aumentará o resto?
O resto aumentará de unidades.
c) Se o dividendo aumentar de 5 unidades de quanto aumentará o quociente?
O quociente aumentará de unidades.
d) Se o dividendo aumentar de 5 unidades de quanto diminuirá o resto?
O resto diminuirá de unidades.
e) Se o divisor aumentar de 1 unidade de quanto aumentará o quociente?
O quociente aumentará de unidades.

4. Por ocasião das festas juninas Jussara e Raimundo prepararam as bandeirinhas para enfeitar a classe.

Raimundo colocou as bandeirinhas todas juntas, mas Jussara espaçou-as regularmente; ela manteve o espaço até mesmo nas extremidades. Os dois fios têm o mesmo comprimento (615 cm) e cada bandeirinha ocupa 15 cm de fio. Jussara colocou 7 bandeirinhas menos que Raimundo.
a) Quantas bandeirinhas Jussara colocou?
Jussara colocou 
b) Qual é o espaçamento entre as bandeirinhas de Jussara?
O espaçamento é de cm cada um.

5. Num parque de diversões, a barraca de tiro ao alvo funciona no seguinte esquema: o freguês paga R$5,00 por 5 tiros e recebe R$3,00 por um tiro na "mosca" (centro do alvo). Miguel deu 20 tiros e saiu da barraca com R$16,00 a mais do que quando chegou. Quantos tiros ele acertou na "mosca"?

Miguel acertou tiros na "mosca".


6. A seguir temos 4 sentenças incompletas. Você deve completá-las usando os sinais + - x : ( ) de modo a obter sentenças verdadeiras.

(a) 01
1
1
1
=
4
(b) 04
4
4
4
=
7
(c) 013
13
13
13
=
3
(d) 06
6
6
6
=
1296

Nem tudo é permitido


A subtração e a divisão não são comutativas
As operações possuem propriedades. Assim, por exemplo, na adição não importa a ordem das parcelas, isto é, a + b = b + a. O mesmo acontece na multiplicação: são operações comutativas (comutar é trocar). Entretanto, a subtração e a divisão não são comutativas. Por exemplo: 5 - 2 não é mesmo que 2 - 5 e 6 : 2 não é o mesmo que 2 : 6. Na divisão, não podemos trocar de lugar o dividendo com o divisor.

A subtração e a divisão não são associativas
Já vimos que a adição e a multiplicação são associativas (lembra-se?)
(a + b) + c = a + ( b + c)
(a . b) . c = a . ( b . c)
As letras a, b e c representam números quaisquer.
Será que vale o mesmo para a subtração e a divisão? São verdadeiras as igualdades seguintes?
(a - b) - c = a - (b - c)
(a : b) : c = a : (b : c)
Façamos uma experiência com números:
(20 - 10) - 2 = 10 - 2 = 8
20 - (10 - 2) = 20 - 8 = 12
LOGO: (20 - 10) - 2 é diferente de: 20 - (10 - 2)
(40 : 10) : 2 = 4 : 2 = 2
40 : (10 : 2) = 40 : 5 = 8
LOGO: (40 : 10) : 2 é diferente de: 40 : (10 : 2)

Portanto a subtração e a divisão não são associativas
Estamos vendo que, para cada operação, valem certas propriedades e não valem outras. Para saber o que vale e o que não vale, em cada caso, só há uma regra: pensar sempre!

(tópico 1)
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Muitas vezes o ensino das operações em Matemática tem sido feito da seguinte maneira:
a) definem-se as operações;
b) apresentam-se suas propriedades;
c) propõem-se alguns problemas como "modelo", apresentando-se suas resoluções;
d) propõem-se uma lista de problemas "parecidos" com os já vistos.

Os alunos observam o professor, que resolve um exercício "de cada tipo", como modelo. Depois resolvem uma série de outros parecidos. Não fazem mais do que repetir instruções.
Com isso, os alunos se acostumam a receber todo o conhecimento pronto, dado pelo professor. É o professor que escolhe os assuntos, explica tudo, diz o que deve ser feito, indica e corrige os erros. Os alunos não pensam, não discutem. Esperam que o professor pense no lugar deles, inclusive na hora de resolver um problema de Matemática.
A experiência tem mostrado que esse método, em geral, não amplia a compreensão sobre as operações ou outro assunto qualquer.
Por exemplo, muitos alunos conhecem os nomes das propriedades operatórias, mas não sabem dizer quando elas são úteis. Conhecer o nome de alguma coisa, sem saber para quê ela serve, não costuma valer a pena.
Por outro lado, os problemas deveriam fazer sentido para os alunos. Infelizmente, isso nem sempre acontece. É fácil descobrir problemas sem sentido em alguns livros didáticos.
Por exemplo: "Um leitão pesa 95 quilos. A carne desse leitão pesa 63 quilos. Quanto pesa o toucinho?"
- Não teria esse leitão ossos, couro, pêlos, estômago, intestino, etc.? Numa escola de zona rural, os alunos certamente dariam boas risadas desse problema, mas não melhorariam seus conhecimentos de Matemática!
O resultado dessa falta de sentido é que os alunos efetuam contas, calculam expressões numéricas e até chegam à solução de problemas, mas de maneira puramente mecânica, pois o que não faz sentido não estimula o raciocínio.

Existem alternativas?
(tópico 2)
_________________________________________________________________________

É claro que a mudança desse quadro não é simples. Entretanto, é possível. Pode-se ajudar a criança a raciocinar, ela mesma, sobre um problema, em vez de raciocinar por ela.
Raciocinar é pensar com a própria cabeça, com autonomia. Requer o enfrentamento de situações novas na busca de soluções até então desconhecidas. Para desenvolver a capacidade de raciocínio da criança através de problemas, é preciso que ela própria crie as soluções dos problemas.
Para isso, um bom caminho é pedir que os alunos leiam o enunciado do problema e perguntem o que não entenderam. Em seguida, o professor pode fazer várias perguntas sobre o enunciado. Algumas perguntas podem não ter relação direta com a resolução do problema, mas podem ajudar a compreender melhor a situação apresentada, atraindo a atenção dos alunos, incentivando-os a se imaginarem como parte da mesma, exercitando seu pensamento enquanto procuram explicações para os fatos apresentados no problema.
É muito importante que o professor peça às crianças que dêem sugestões de como o problema pode ser resolvido. Para ajudá-las a pensar, toda vez que uma criança propõe que se faça esta ou aquela operação, deve-se pedir que explique como chegou a isso. Talvez não consiga explicar, mas outra poderá fazê-lo e essa troca de idéias é excelente. Dessa maneira, as crianças estarão elaborando um raciocíno e construindo uma solução para o problema.
Além disso, um problema pode apresentar mais de uma forma de resolução. As crianças podem ser estimuladas a apresentar vários caminhos para chegar à solução do problema. Todas as sugestões devem ser discutidas com a classe. Resolver um mesmo problema por caminhos diferentes ajuda muito. Quem não entendeu a primeira resolução poderá, de repente, compreendê-la se voltar a pensar no problema de outra maneira.
Em resumo, o diálogo é indispensável. As crianças precisam ser estimuladas a ter idéias e a falar sobre suas idéias.
Prestar atenção ao que o aluno diz, procurar entendê-lo, aceitar suas idéias mesmo quando elas nos parecem estranhas, explicar com calma, caso a criança esteja enganada, são atitudes que incentivam a pensar, a raciocinar. Mais ainda: ajudam a gostar disso.

Problemas? Que problemas?
(tópico 3)
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Nem todo problema permite um trabalho interessante com os alunos. Alguns são simples demais, outros complicados demais, outros nem sequer fazem sentido. Experimentando uma grande variedade de problemas, sempre com a preocupação de levar os alunos a raciocinarem, o professor vai selecionando os melhores e descobrindo a melhor maneira de trabalhá-los com os alunos.
Assim, poderá formar uma bela coleção de problemas para cada uma das séries. É importante manter uma espécie de "diário" de resoluções de problemas: cada problema em uma ficha ou folha de papel, com o registro de tudo o que aconteceu durante o trabalho com os alunos. A partir disso, pode-se até pensar em um sistema de intercâmbio de problemas comentados e, ao término desse curso, poderíamos pensar em publicar o "nosso" acervo coletivo de problemas. Seria uma maneira de colaborar com os colegas que, por algum motivo, não puderam se engajar neste curso.
"Resolução de problemas" é um dos assuntos mais discutidos atualmente no ensino da Matemática. Há muitas pessoas, no mundo inteiro, estudando a questão. Aqui apresentamos somente alguns aspectos, que estão longe de esgotar o tema, mas oferecem uma primeira oportunidade para refletir e, quem sabe, experimentar uma estratégia nova em sala de aula.

As crianças e a aprendizagem
(tópico 1)
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Como as crianças aprendem?
Todas ao mesmo tempo? Todas da mesma maneira?
Por que aprenderam algumas coisas melhor que outras?
Como ensinar para obter um melhor aprendizado?
Essas perguntas são feitas entre os educadores há bem pouco tempo.
Antigamente, acreditava-se que as crianças aprendiam apenas recebendo informações de um professor. O professor explicava, ditava regras, mostrava figuras. A criança ouvia, copiava, decorava e devia aprender. Quando não aprendia, culpava-se a criança (desatenta, irresponsável) ou falta de "jeito" do professor.
Atualmente existem outras idéias sobre aprendizagem. Elas são o produto do trabalho de certos educadores e psicólogos que têm procurado responder as perguntas apresentadas no início deste texto. O campo de estudo desses pesquisadores chama-se Psicologia Cognitiva (psicologia é a ciência que estuda o pensamento e as emoções; a palavra cognitiva refere-se ao conhecimento).
Os conceitos da Psicologia Cognitiva aplicam-se ao conhecimento e à aprendizagem em geral e naturalmente valem para o conhecimento matemático. Essas idéias não negam completamente as idéias antigas sobre o aprendizado. É possível aprender recebendo informações, treinando e decorando regras. Mas, dessa maneira, a compreensão daquilo que se aprende costuma ser bem pequena. E esta é a diferença: o que se procura através da Psicologia Cognitiva é favorecer o conhecimento. 

Aprendizado com compreensão
A Psicologia Cognitiva fez importantes descobertas sobre o pensamento da criança. Os pesquisadores concluíram que:

a) crianças pensam de maneira diferente dos adultos;
b) cada criança pensa diferentemente de outra;
c) o pensamento evolui, passa por estágios; em cada estágio, a criança tem uma maneira especial de compreender e explicar as coisas do mundo.

Vamos exemplificar esta última afirmação. Experimentemos mostrar a uma criança duas bolachas iguais, uma inteira e a outra partida em quatro pedaços. Quase todas as crianças de cinco anos de idade vão dizer que as quantidades de bolacha não são iguais. Muitas vão achar que há maior quantidade na bolacha em pedaços. Já as crianças mais velhas reconhecerão facilmente que as quantidades são iguais.
Esse exemplo mostra um fato comum: em certos estágios do pensamento as crianças pensam que a disposição das partes altera a quantidade. Por isso, para as crianças pequenas, pode parecer que a quantidade de bolacha aumenta se ela for partida em pedaços.

Os pesquisadores da Psicologia Cognitiva também elaboraram idéias sobre o que é aprender. Eles declaram que aprender com compreensão é um processo pessoal, que acontece dentro da cabeça de cada um. Esse processo exige que o aprendiz pense por si próprio.
Assim, para a Psicologia Cognitiva, simplesmente receber informações de um professor não é suficiente para que o aluno aprenda com compreensão, porque, nesse caso, a criança fica passiva, não pensa com a própria cabeça.
A Psicologia estudou também quais objetos ou atividades ajudam a aprender. Ela tem mostrado que o pensamento e o aprendizado da criança desenvolvem-se ligados à observação e investigação do mundo. Quanto mais a criança explora as coisas do mundo, mais ela é capaz de relacionar fatos e idéias, tirar conclusões; ou seja, mais ela é capaz de pensar e compreender.
Por exemplo, as crianças que tiveram oportunidade de praticar relações comerciais (compras, pagamentos, trocas) costumam ser mais capazes de resolver problemas matemáticos envolvendo esses assuntos do que crianças que não tiveram tais experiências.
É justamente esta última ideia que tem motivado os educadores a buscarem meios de fazer a criança explorar o mundo à sua volta.

A matemática e a necessidade de materiais concretos
(tópico 2)
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No caso da matemática parece ser mais difícil fazer a criança explorar o mundo à sua volta, porque as noções matemáticas nem sempre aparecem com clareza nas situações do cotidiano. Por isso, procura-se criar um mundo artificial que facilita a exploração pela criança.
Esse mundo artificial é constituído, em grande parte, por materiais concretos que a criança pode manipular, montar, etc. São objetos ou conjuntos de objetos que representam as relações matemáticas que os alunos devem compreender. Frisamos que as relações matemáticas não estão nos objetos em si. Elas podem se formar na cabeça da criança, desde que o material seja bem utilizado.
Exemplos desses materiais concretos são o ábaco e o material dourado, que já foram examinados por nós nos módulos anteriores. Eles são utilizados na aprendizagem das regras de nosso sistema de numeração e das técnicas operatórias, temas fundamentais da matemática nas séries iniciais do 1º grau.
Além do ábaco e do material dourado, existem muitos outros materiais que podem ser usados no aprendizado da matemática. Apesar da importância dos materiais na aprendizagem e da quantidade de escritos teóricos sobre eles, os materiais em si podem ser muito simples, fáceis de construir e substituíveis (quando não se consegue obter um tipo de material, pode-se substituí-lo por outro, sem muita dificuldade).

A utilização adequada dos materiais
(tópico 3)
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Parece-nos necessário, porém, alertar o professor sobre alguns elementos importantes na utilização de materiais concretos.
Já dissemos que noções matemáticas se formam na cabeça da criança e não estão no próprio material. Dissemos ainda que o material favorece o aprendizado, desde que seja bem utilizado.
Vejamos o que significam essas duas afirmações, em termos práticos:
Primeiro, o material deve ser oferecido às crianças antes das explicações teóricas e do trabalho com lápis e papel. É preciso que os alunos tenham tempo e liberdade para explorar o material, brincar um pouco com ele, fazer descobertas sobre sua organização. Após algum tempo de trabalho livre, o professor pode intervir, propondo questões, estimulando os alunos a manifestarem sua opinião. Em resumo, são essenciais, neste início, a ação e o raciocínio do aluno, pois, como dissemos, é só ele mesmo que pode formar as noções matemáticas.
A partir da observação e manipulação, da troca de idéias entre alunos e entre estes e o professor é que as relações matemáticas começam a ser percebidas e enunciadas. O professor deve então, aos poucos, ir organizando esse conhecimento.
Para concluir, podemos dizer que a atitude adequada do professor, em relação ao uso do material concreto, decorre de ele conceder o ensino de matemática nas séries iniciais como um convite à exploração, à descoberta e ao raciocínio.

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