domingo, 30 de dezembro de 2018

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO





Estação Científica - Juiz de Fora, nº 13, janeiro – junho / 2015

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM SOBRE
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PROGRESSISTA NO BRASIL
                                                                                                       Ivan Pereira da Silva Sobrinho


RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar um breve panorama sobre Filosofia da Educação, destacando os fundamentos da Educação Progressista no Brasil. Para tanto, foram apresentadas e discutidas reflexões de alguns autores da área, bem como uma investigação de suas propostas de ensino, com o objetivo de ampliar o conhecimento e fomentar debates acerca da construção da educação no país. As orientações aqui apresentadas estão baseadas em um levantamento bibliográfico realizado em livros, publicações e artigos eletrônicos.

Palavras-chave: Filosofia. Educação. Fundamentos da Educação Progressista.

1- INTRODUÇÃO


Encontrar soluções para o desafio de construir uma educação de qualidade tem sido tema de diversas pesquisas. As experiências vividas dentro das escolas brasileiras demonstram que muitas das propostas educacionais atuais destoam daquilo que se considera uma educação completa e crítica. Para que se alcance uma mudança efetiva desse sistema é necessário ampliar os debates sobre as propostas pedagógicas adotadas nas instituições de ensino.
A pesquisa aqui apresentada busca discutir ideias, conceitos e práticas acerca da educação, a partir do ponto de vista da Filosofia e da Educação Progressista. O estudo inicia-se com um breve histórico sobre a Filosofia da Educação, a fim de entender a ligação entre estes dois temas, para identificar a necessidade de reconciliação entre eles. Reconciliação não de suas verdades literais individuais, mas na interligação de seus significados e princípios, por meio da

1 Fiscal Tributário – Secretaria Municipal de Educação Prefeitura Municipal de Cachoeira Paulista Mestrando em Ciências da Educação Anne Sullivan University. E-mail: educacao@cachoeirapaulista.sp.gov.br.

Estação Científica - Juiz de Fora, nº 13, janeiro – junho / 2015

compreensão de sua trajetória ao longo dos tempos. A partir disso, o foco se direciona a reflexões de autores sobre os objetivos e métodos da Educação Progressista no Brasil, a fim de conhecer a história dessa escola filosófica, cuja ideologia é a transformação social através da educação.
Partindo de um breve levantamento bibliográfico, esta pesquisa mostra alguns princípios da educação brasileira, a fim de despertar no pesquisador o interesse por realizar estudos mais profundos sobre os fundamentos desse tópico, para ampliar o conhecimento e suscitar debates acerca da construção da educação no Brasil.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - Filosofia da Educação

Dentro da filosofia, o homem pode ser considerado uma criatura de vontades, medos, certezas, raiva e afetos. Desde os primórdios o que distinguia o homem primitivo dos outros animais era a memória, a capacidade de registrar e armazenar fatos que poderiam ser resgatados a qualquer momento. A partir destas memórias, os povos primitivos e civilizados criaram suas mitologias e crenças, advindas das histórias inventadas, contadas, lembradas e passadas de geração em geração.
Estas crenças e mitos diziam respeito a tudo que cada povo acreditava e tomava como verdade. À medida que o homem buscava suas verdades, à medida que estas eram transmitidas e discutidas, a civilização foi se desenvolvendo; instrução, valores, tradições e crenças vieram pela conquista social. Os valores e conhecimentos da humanidade são fruto de uma busca constante pela verdade, baseados na revelação de ideologias existentes através de fundamentos racionais.
No decorrer da história, a filosofia se reconstruiu em paralelo ao pensamento científico; conforme o homem realizava suas pesquisas, reformas, alterações e reconstruções, a ciência transformava o mundo e assim eram alcançadas as virtudes mais sensíveis da existência humana, a experiência de cada um tornava-se sua filosofia. Conforme surgiam os problemas comuns, tornava-se cada vez maior a necessidade de uma filosofia que orientasse, de forma harmônica, as perplexidades da vida (TEIXEIRA, 1968).
Nesse contexto, estabelece-se a grande ligação entre filosofia e educação.
Sobre essa ligação, Dewey (apud TEIXEIRA, 1968) conceitua: “Se educação é o processo pelo qual se formam as disposições essenciais do homem – emocionais e intelectuais – para com a natureza e para os demais homens, filosofia pode ser definida como a teoria geral da educação”. Na verdade, segundo Paviani (apud. Botter 2012, p. 20), somente nas definições atuais filosofia e educação são consideradas processos distintos. “Na sua origem, a filosofia é propriamente um projeto educativo; num segundo momento, a filosofia fornece os fundamentos do projeto pedagógico e a pedagogia vira uma consequência do projeto filosófico; num terceiro momento, a filosofia assume a tarefa crítica relativa às teorias educacionais.”
Dessa ligação surge a pergunta: Em que se baseia a Filosofia da Educação?
Sua resposta pode sofrer variações dependendo do que se conhece acerca de filosofia. A filosofia, do ponto analítico, é o estudo crítico e exploração dos conceitos e princípios das tradições religiosas, das certezas e argumentações, dos princípios e angústias da humanidade. É a reflexão sobre a reflexão, ou seja, é uma atividade reflexiva de segunda ordem, pois se sustenta sobre outras atividades reflexivas, outras maneiras de pensar; atividade baseada na análise crítica de seus próprios conceitos e pressuposições, a fim de entender suas maneiras de discussão e dedução, dentro de cada área da ciência intelectual.
A ciência, por sua vez, busca gerar conceitos altamente comprováveis, mas até que ponto? O conhecimento busca explorar e esclarecer a ciência e sua razão, que constituem os fundamentos do conhecimento científico. Já a epistemologia, teoria do conhecimento, apura a abrangência da natureza e os limites do conhecimento humano como área da filosofia. Seguindo essa caracterização, a filosofia da educação reflete sobre o que já tenha sido explorado sobre a educação, além do estudo do seu conceito (CHAVES, 2014).
O conceito da palavra “educação” é muito explorado por especialistas das mais diversas áreas das ciências, de acordo com sua própria maneira de pensar e viver. Com isso, surge uma grande dificuldade em definir conceitos concretos sobre a educação. Nesse contexto, a filosofia da educação vem para explorar, clarear, exemplificar, elucidar e criticar esse fenômeno já diversificadamente refletido.
A Filosofia da Educação reflete, por exemplo, sobre as relações existentes entre a educação e conceitos como conhecimento, democracia, profissionalização, doutrinação, socialização, treinamento, ensino e aprendizagem, no sentido de esclarecer essas noções, seus critérios de aplicabilidade e suas implicações (CHAVES, 2014).
A Filosofia da Educação no Brasil baseia-se nas ideologias de autores clássicos tradicionais e contemporâneos que discutem as concepções dos tradicionalistas e a interferência internacional. Apresenta também dimensões do cenário nacional, discutindo sobre os conceitos tradicionalistas e progressistas, em momentos históricos diferentes, refletindo sobre as características e utilidade prática de um conceito e outro, mesmo quando adversos, fundamentando seus sentidos e direções filosóficas (ZANATTA; SETOGUTI, 2014).
Dentre as direções e escolas filosóficas acerca da educação, destaca-se a Educação Progressista, como ponto central deste trabalho, a qual será conceituada nos capítulos seguintes.

2.2 - Educação Progressista no Brasil

A Educação Progressista no Brasil é um arquétipo educacional que busca a mudança social através da educação; é um modelo que reflete sobre todas as realidades sociais e sobre o que cada pessoa pensa sobre essas realidades (LOURENÇO; MORI, 2014).
Segundo Lemme (1961, p.21):
As transformações sociais impõem transformações no caráter da educação. Esse reflexo da infraestrutura sobre a superestrutura, não é, porém mecânico, imediato. [...] depois de constituída, erige-se numa força própria, com seus mantenedores especializados, cria uma ideologia que é racionalizada, tornando-se uma força conservadora, que resiste por todas as formas às que vão se verificando na infraestrutura da sociedade.
Sua metodologia está fundamentada em três vertentes: pedagogia libertadora de Paulo Freire, pedagogia libertária de defensores da autogestão educacional e a pedagogia critico-social que analisa o fundamento dos conteúdos através do confronto com as práticas sociais (LIBÂNEO,1990).
Segundo Loureço e Mori (2104) essa pedagogia foi baseada na teoria do conhecimento marxista, voltada para a dialética materialista, através de movimentos de continuidade e ruptura. Sua temática de reflexão e exploração vem de duas fontes: cotidiano dos alunos e seus problemas, e assuntos de interesse dos alunos.
De acordo com essa pedagogia, o papel do professor é ser o mediador entre o aluno e o conhecimento, como explanado a seguir.

2.3 Fundamentos da Educação Progressista no Brasil

A Educação Progressista considera o indivíduo como ser que constrói a sua própria história. Sua metodologia consiste no desenvolvimento de atividades de ensino que consideram o aluno como o centro do processo ensino-aprendizagem.
Os interesses, temas e problemas do cotidiano do aluno passam a fazer parte do conteúdo ensinado. O conteúdo deve ir além da definição, classificação e descrição; o professor deve explicitar a realidade social, de modo a demonstrar noções e preconceitos que dificultam a autonomia intelectual.
O grande anseio da educação progressista no Brasil é transformar o aluno no protagonista de sua própria formação, para que ele aprenda a questionar tudo aquilo que lhe é oferecido, inclusive os conteúdos e conceitos ensinados nas escolas. Os alunos também devem estar sempre atentos às questões sociais, já que elas são essenciais para causar uma mudança profunda na educação. Para isso, é fundamental que a escola seja vista como o local de acesso a cultura e produção intelectual. De acordo com a educação progressista o indivíduo é o construtor de sua própria história (LOURENÇO; MORI, 2014).

2.3.1 A Pedagogia Libertadora

A Pedagogia Libertadora, também conhecida como a Pedagogia de Paulo Freira, expressa a ideia de humanização do professor como guia do processo educativo; seu objetivo é suscitar a consciência crítica com relação à vida social, as desigualdades e competitividade em todas as classes sociais, principalmente na classe de baixa renda (FREIRE, 1992).
O pensamento de Freire (1992) está fundamentado no anseio de formar uma sociedade mais justa e igualitária, a partir da formação plena dos estudantes. Sua pedagogia enfatiza a necessidade de uma reflexão profunda sobre a prática educativa; para ele, a falta de reflexão faz da teoria apenas um discurso vago e a prática, por sua vez, torna-se uma mera reprodução alienada. Assim, é essencial que a teoria seja adequada à prática diária do professor; além disso, a prática crítica e a valorização das emoções devem estar lado a lado.
Lourenço e Mori (2014) explicam que, para Freire, a “missão” do professor é ensinar seu aluno a “pensar certo”. E “pensar certo” significa ter “(...) disponibilidade ao risco, a aceitação do novo e a utilização de um critério para a recusa do velho.” (FREIRE, apud. Lourenço e Mori, 2014). Isso inclui também a rejeição de qualquer forma de discriminação. Esse exercício do pensamento crítico formará alunos capazes de pensar o mundo em que vivem, distinguindo o que é bom do que é ruim, sempre considerando a sociedade como um todo, sem distinção. Refletir e discutir sobre a vida social é uma maneira de interferir positivamente no mundo, tomando um posicionamento decisivo com relação à realidade, baseado no passado e no presente. O homem não deve somente aprender a se colocar no
lugar do outro, mas precisa começar a refletir sobre todas as mazelas da sociedade.
A partir deste comportamento, além de entender o vínculo que rege determinando ambiente, ele será capaz de ver além das aparências e buscar a igualdade entre os homens (LOURENÇO; MORI, 2014).

2.3.2 - A Pedagogia Libertária

Na ideologia e fundamentos anarquistas a educação ocupa um lugar estratégico. De acordo com tal ideologia, é por meio da educação que se dará a transformação da ordem capitalista e a fundação de uma nova ordem social. Os maiores pensadores anarquistas mostram em suas obras a grande preocupação em formar homens livres e conscientes, capazes de revolucionar a sociedade.
A Pedagogia Libertária surge dessa reflexão crítica acerca da formação dos alunos e acerca das faces do poder presentes no processo educacional, bem como os ambientes propícios a proliferação da ideologia autoritária. O repúdio a toda e qualquer forma de tirania, a receptividade ou não dos processos educacionais diretos, fazem parte dos seus conceitos centrais. A luta contra o autoritarismo, contra a obediência extremamente severa e contra as relações opressivas são o seio da Pedagogia Libertária. Os libertários questionam todas as relações de opressão, expressão das relações de dominação que envolvem todas as esferas sociais: família, escola, trabalho, religião, etc.
Essa pedagogia teve origem nas idéias e discussões de trabalhadores imigrantes (italianos, espanhóis, portugueses, etc.) que chegaram ao país em fins do século XIX (MORIYÓN, 1989). Seu projeto está fundado na autogestão, presente na Associação Internacional dos Trabalhadores. A autogestão tanto pode ser assimilada numa perspectiva não-diretiva quanto diretiva. Gallo (apud. Silva, 2004) explica que:

“o que diferencia as duas perspectivas de aplicação da autogestão
pedagógica no contexto libertário é que enquanto a primeira toma a
autogestão como um meio, a segunda a toma por um fim; em outras
palavras, na “tendência não-diretiva” a autogestão é tomada como
metodologia de ensino, enquanto que na “tendência mainstream”
(diretiva) ela é assumida como o objetivo da ação pedagógica. Ou,
ainda: educa-se pela liberdade ou para a liberdade.” (GALLO, apud.
Silva, 2004, p. 2)

Por todas essas características é possível afirmar que a Pedagogia Libertária está associada ao movimento operário, às primeiras organizações dos trabalhadores, à luta dos trabalhadores, à ação anarquista contra o Estado, a Igreja e o capitalismo. A imprensa operária e a ação direta dos libertários foram responsáveis por sua difusão (SILVA, 2004).
Segundo LUENGO et al (2000) enquanto proposta social associada ao tradicionalismo anarquista, a Pedagogia Libertária permanece com as iniciativas de representantes militantes que levantam a bandeira da luta social contra a repressão política, atuação e formação de pensadores nas mais diversas realidades, das escolas de periferias até as universidades. Silva (2004, p. 1) argumenta que:

“há, na tradição libertária, uma vinculação explícita entre educação e
luta política. A educação é um objetivo em si para combater a
ignorância e a miséria, e, simultaneamente, instrumento de atuação
política e social contra os privilégios, as injustiças e todas as formas
de opressão e exploração.” (SILVA, 2004, p.1)

Para educar conforme os preceitos dessa pedagogia, o educador libertário baseia sua práxis nos seguintes princípios: (SILVA, 2004, p. 3)
 LIBERDADE: Entendida como meio e fim, a liberdade é intrínseca à prática libertária. Não se trata da liberdade em abstrato ou no sentido liberal, mas da Liberdade construída socialmente e conquistada nas lutas sociais.
 ANTIAUTORITARISMO: Essencial à prática pedagógica libertária. A ideia chave subjacente a este conceito é que não é possível combater o autoritarismo e a opressão presentes no Estado, família, escola, etc., sem que, concomitantemente, se formem homens livres; e, não se formem homens livres através de métodos autoritários e de controle.
 EDUCAÇÃO INTEGRAL: Os educadores libertários não recusam a ciência e o saber especializado, mas advogam que, antes, o processo educativo se concentre na formação plena (dimensões física, intelectual e moral), que não separe o saber do saber fazer, isto é, que não se fundamente na divisão entre ação e pensamento (trabalho braçal e intelectual).
AUTOGESTÃO: A Pedagogia Libertária enfatiza que os recursos no processo educacional devem ser controlados e administrados pelos diretamente envolvidos e pela comunidade. Isto significa superar a dicotomia Estado/Sociedade e colocar a educação sob controle da sociedade/comunidade.
AUTONOMIA DO INDIVÍDUO: O processo educativo pedagógico centra-se no educando, com pleno respeito aos estágios do seu desenvolvimento e o estímulo para que ele tome o próprio destino em suas mãos. O educando não é tratado como objeto (meio), mas enquanto sujeito e fim em si mesmo.
EXEMPLO: A educação libertária pressupõe a busca da coerência entre o falar e o fazer (discurso e ação); os exemplos educam e falam mais do que as palavras; portanto, o educador deve estar sempre aberto a aprender, a se educar, a reconhecer os erros e dar o bom exemplo, a ser coerente em relação aos meios e fins, a teoria e a prática; trata-se de, para além de assumir o pensamento anarquista, ter atitude, uma ética e um modo de ser anarquistas.
CRÍTICA: O educador libertário é um educador crítico: dos conteúdos, dos programas e instituições oficiais, da sociedade e todas as esferas de reprodução de formas de expressão e, inclusive, de si mesmo.
COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE SOCIAL: A Pedagogia Libertária é profundamente engajada, no sentido da crítica às estruturas de dominação e da formação de homens e mulheres capazes de aturarem como críticos e sujeitos ativos pela transformação das suas vidas e do meio social. Nessa perspectiva, não há lugar para a neutralidade da educação e do educador. Uma consequência lógica dessa maneira de conceber o processo educativo é o compromisso com os oprimidos, os deserdados.
 SOLIDARIEDADE: Uma educação fundada em critérios solidários, de ajuda mútua, que recusa tanto os prêmios quanto os castigos e, portanto, os processos classificatórios (exames, notas, etc.) e as relações de ensino aprendizagem fundadas em critérios competitivos.
Estes princípios norteadores da educação libertária também fazem parte da essência da pedagogia Crítica-social, conforme apresentado a seguir.

2.3.3 - A Pedagogia crítica-social

De acordo com Maclaren (apud. Silva, 2004, p. 4):

A pedagogia crítica ressoa com a sensibilidade do símbolo hebraico tikkun, que significa “curar”, consertar e transformar o mundo; todo o resto é comentário. Ela fornece a direção histórica, cultural, política e ética para aqueles na educação que ainda ousam acreditar.
Giroux (apud. Silva, 2004) situa as origens da Pedagogia Crítica nos anos 70, mais precisamente em 1976. Giroux (apud. Silva, 2004) explica que os fundamentos desta pedagogia estão inspirados na Escola de Frankfurt.

(...) a Escola de Frankfurt oferece uma análise histórica, bem como
um arcabouço teórico penetrantes que condenam a cultura do
positivismo em seu sentido mais amplo, enquanto, ao mesmo tempo,
fornecem “insight” sobre como aquela cultura torna-se incorporada
dentro do “ethos” e das práticas escolares. (GIROUX (apud. SILVA,
2004, p.4)

Giroux (apud. Silva, 2004, p.4) afirma ainda que a teoria crítica fornece “um terreno epistemológico valioso sobre o qual se podem desenvolver formas de crítica que esclareçam a interação do social e do pessoal, de um lado, bem como da história e da experiência particular, de outro.” A importância da consciência histórica está na possibilidade de desenvolver uma nova forma de conhecimento, considerando a dialética das relações entre a cultura dominante e a dominada, isto é, que possibilite aos oprimidos e deserdados a apropriação “das dimensões mais progressistas de suas próprias histórias culturais e também como reestruturar e apropriar-se dos aspectos mais radicais da cultura burguesa.” (GIROUX apud. SILVA, 2004, p.4)
A partir destas perspectivas, a Pedagogia Crítica-social está baseada na responsabilidade com os dilemas sociais; entre suas ações está o estudo das instituições escolares no seu contexto histórico, social e político, avaliação do processo de aprendizagem, por meio de reflexões acerca das desigualdades sociaise suas consequências dentro do processo de ensino.
Segundo Giroux (1997), a Pedagogia Crítica destaca a ligação entre valores e fatos e defende que a escola politize a pedagogia, ou seja, utilize a pedagogia como ferramenta para incorporar interesses políticos. Seu objetivo é incentivar os estudantes a se tornarem pensadores críticos, capazes de interferir positivamente na sociedade, isto é, pessoas capazes de refletir sobre princípios éticos, solidários, resgatando o sonho de reconstruir a história, com a consciência que a realidade social, com todas as suas desigualdades, também educa.
Os conceitos e fundamentos desta pedagogia exigem que o professor tenha uma nova postura diante da educação e da forma de educar. Para a Pedagogia Crítica não existem escolas e conhecimentos neutros, portanto os professores não podem agir com neutralidade. “A escola é um processo político, não apenas porque contém uma mensagem política ou trata de tópicos políticos de ocasião, mas também porque é produzida e situada em um complexo de relações políticas e sociais das quais não pode ser abstraída.” (GIROUX apud. SILVA, 2004, p.5). Paulo Freire (apud. Silva, 2004, p. 5) também fala sobre as relações entre educação e política:

Não há nem jamais houve prática educativa em espaço-tempo
nenhum de tal maneira neutra, comprometida apenas com ideias
preponderantemente abstratas e intocáveis. Insistir nisso e
convencer ou tentar convencer os incautos de que essa é a verdade
é uma prática política indiscutível com que se pretende amaciar a
possível rebeldia dos injustiçados. Tão política quanto a outra, a que
não esconde, pelo contrário, proclama, sua politicidade. (FREIRE,
apud. SILVA, 2004, P. 5)

A Pedagogia Crítica-social prega, portanto, a compreensão da escola como espaço aberto ao desenvolvimento de uma nova política cultural, capaz de conscientizar o aluno de sua existência como ser político e crítico, responsável pelo mundo a sua volta e todas as suas complexidades.

3 - METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente trabalho está baseado em um levantamento bibliográfico, que utilizou como fontes e instrumentos de coleta de dados: livros, artigos e documentos eletrônicos. Toda a pesquisa foi embasada em revisão teórica de obras e autores relacionados à Filosofia da Educação, para realização de uma análise crítica dos resultados.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

A discussão está embasada na fundamentação teórica levantada de obras e autores relacionados ao tema da pesquisa. Conforme os conceitos apresentados constatou-se que a Filosofia da Educação é uma reflexão realizada em cima de outra anterior. Essa reflexão pode ser diversificada de acordo com pontos norteadores que se distinguem, tais como: instrução, valores, tradições, crenças e a própria maneira que o pensador entende a filosofia. Nesse contexto, a educação poderá ser conceituada de diversas maneiras, de acordo com a área em que está contida, de acordo com seus especialistas e as diversas ciências.
Na abordagem realizada sobre a Educação Progressista no Brasil percebeu-se que o processo educacional está diretamente ligado à realidade social, a qual interfere profundamente em seus fundamentos. Segundo a ideologia da Educação Progressista, o professor exerce o papel de mediador entre os alunos, seus interesses e a realidade social em que estão inseridos.
Em seguida, foram destacadas as três pedagogias fundamentalistas do método da Educação Progressista que explanam sobre o cotidiano social e o processo de ensino e aprendizagem em suas vertentes. A Pedagogia Libertadora prega a igualdade social, a partir da reflexão crítica sobre o processo educacional, sempre levando em conta a realidade e a situação emocional dos alunos. A Pedagogia Libertária, por sua vez, busca a formação de pensadores com condições de reconstruir a história de maneira livre e consciente, ou seja, sua meta é formar homens que buscam a liberdade de expressão e pensamento contra o autoritarismo e a opressão de movimentos dominantes. Por último, a Pedagogia Crítica-Social defende o conhecimento das relações sociais, não individualmente, mas amplamente, por meio de uma análise crítica profunda de sua história. Para a pedagogia Crítica-Social o professor é um agente público intelectual e transformador, e sua missão é transmitir o conhecimento como forma de poder e libertação.
Embora as pedagogias discutidas apresentem diferenças em suas concepções, sua preocupação é a mesma: a busca por uma sociedade livre e justa.
Elas falam sobre temas em comum e oferecem um amplo leque de princípios norteadores para as práticas educativas. Estas práticas, por sua vez, são consideradas como o caminho para a educação consciente, livre, plena, engajada e igualitária, para que, pela educação, seja possível construir uma nova sociedade.

CONCLUSÃO

A partir das leituras e reflexões realizadas, este trabalho apresentou um breve histórico da Filosofia da Educação, procurando definir a ligação entre filosofia e educação, seus significados, princípios e compreensão através do tempo. Com base nestes princípios filosóficos, foram apresentados aspectos da formação da escola filosófica Progressista no país.
As reflexões dos autores sobre os objetivos e métodos da Educação Progressista no Brasil deixam claro que a história dessa escola filosófica busca a transformação social através da educação. Apesar de uma sucinta apresentação sobre as pedagogias fundamentalistas da Educação Progressista, fica evidente que a realidade, o cotidiano e o papel da educação e do professor nas diferentes camadas e esferas sociais são o principal foco dos autores citados.
Baseado em um levantamento bibliográfico, o presente artigo induz o pesquisador a refletir sobre os conceitos explorados e as reflexões e debates a respeito da construção da educação no Brasil, dentro do âmbito social. Assim, é possível levantar questões acerca dos principais dilemas sociais, e procurar maneiras de solucionar tais problemas por meio da educação, do ensino transformador, capaz de formar alunos críticos e formadores de opinião. Outro objetivo das pedagogias apresentadas é identificar fatores sociais que implicam na indiferença do alunado, na falta de concentração, na irrelevância e na falta de interesse pelo ensino.
Lemme (1961) afirma que a educação tem que fazer parte do cotidiano social, já que ela prepara pensadores, formadores, que devem acompanhar a dinâmica da vida, e não se opor a ela. Portanto, é função da escola formar cidadãos capazes de identificar e solucionar seus problemas sociais, para que vivam como realmente devem viver.


ABSTRACT

This work aims to present a brief overview on philosophy of education, highlightin the foundations of Progressive Education in Brazil. To do so, were presented and discussed reflections of some authors from the area, as well as an investigation of their proposals for education, with the aim of broadening and encourage debates on the construction of education in the country. The guidelines presented here are based on a bibliographical survey of books, publications and electronic items.
Keywords: Philosophy. Education. Foundations ofProgressiveEducation.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CHAVES, Eduardo. O.C. A Filosofia da Educação e a Análise de Conceitos Educacionais. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/chaves.htm>. Acesso em: 27 de ago. de 2014.
BOTTER, Barbara; OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (Org.). Filosofia e Educação: Aproximações e Convergências. Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
GIROUX, Henry A.Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
LEMME, Paschoal. Educação Democrática e Progressista. São Paulo: Editorial Pluma, 1961.
LIBÂNEO, J.C. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990.
LOURENÇO, Julio César; MORI, Verônica Yurika. A importância da Pedagogia Progressista na Educação. Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp174.htm>. Acesso em: 22 de ago. de 2014.
LUENGO, Josefa Martín et al. Pedagogia Libertária: experiências hoje. São Paulo:
Editora Imaginário, 2000.
MORIYÓN, F.G. (Org.) Educação libertária. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
SILVA, Antonio Ozaí da. Pedagogia Libertária e Pedagogia Crítica. Revista Espaço acadêmico, nº 42, novembro de 2004. Disponível em: < http://www.espacoacademico.com.br/042/42pc_critica.htm>. Acesso em: 20 de jul. de 2015.
TEIXEIRA, Anísio Spínola. Pequena introdução à Filosofia da Educação. 5.ed. São Paulo: Editora Nacional, 1968.
ZANATTA, Regina Maria; SETOGUTI, Ruth Izumi. Filosofia da Educação no Brasil: Raízes Históricas. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/204_815.pdf>. Acesso em: 27 de ago. de 2014.

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