FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS
Educação e Diversidade – Prof. Valnete Amorim
Tema: Diversidade e Gênero
O tema que será estudado neste texto apresentando questões sobre
gênero e como esse assunto tem sido visto e trabalhado em sala de aula e quais
suas implicações para o processo de ensino aprendizagem.
De imediato é importante observar que o gênero está diretamente
relacionado com as questões que envolvem a sexualidade e fazem parte das
diferenças presentes na sala de aula e que ainda carrega consigo costumes,
conceitos que terminam por exigir uma análise mais detalhada de sua influência
no ensino ou na prática pedagógica.
É necessário que você compreenda que o conceito de gênero é amplo
e inclui tanto homens como mulheres, bem como a simbologia ligada a estes pelo
senso comum, como a feminilidade e a masculinidade. A simbologia remete à ideia
ligada ao conceito, ou ao preconceito já existente, “estes símbolos estão
associados a cores, astros celestes (sol e lua) espaços sociais (público e
privado), características humanas (ser racional ou ser intuitivo) ou ocupações
(motorista de caminhão e emprego doméstico)”. (MOREIRA, 2011, p. 90) Na
imaginação coletiva algumas destas funções, algumas cores e alguns espaços são
determinadas pelo gênero e pertencem a eles, e são de tal forma pertencente a
uma dessas categorias que terminam por limitar a presença ou uso de uma destas
características pelo outro, a cor rosa representa o gênero feminino, a azul o
masculino, dirigir ônibus, por exemplo: é uma profissão masculina e o
magistério para as mulheres. Neste aspecto, pode-se afirmar que a maioria dos
professores da educação básica no Brasil são mulheres. Você já deve estar
compreendendo como um conceito poderá influenciar e determinar o papel de uma
pessoa na sociedade, são estas questões que a diversidade analisa, estuda e
visa combater apresentando propostas de trabalho em sala de aula.
Até bem pouco tempo, gênero não era um termo muito usado no
cotidiano e nem muito discutido, ele vem ganhando espaço por causa das questões
culturais que hoje são discutidas no âmbito da sala de aula e na sociedade como
um todo.
No que diz respeito às questões sobre a sexualidade o termo
preferido era a sexo, mas atualmente gênero tem sido usado em seu lugar para
designar as questões ligadas ao masculino e feminino, substituindo, ainda, seus
correlatos macho e fêmea, homem ou mulher. Ficando desta forma limitada a esses
dois gêneros as questões ligadas à sexualidade.
É a partir dos anos 1960, com os movimentos feministas, que a
definição de gênero passou a ser ampliada e entendida de outra maneira, ao
perpassar pelos movimentos feministas que procuravam estabelecer uma relação de
igualdade entre o masculino e o feminino. Esses movimentos usaram pela primeira
vez a definição de gênero “como algo oposto e complementar de sexo, como aquilo
que é socialmente construído em oposição ao que seria biologicamente dado”
(MOREIRA, 2011, p. 91). É uma definição abrangente, não indicando
necessariamente a condição biológica, mas a construção social.
No seio do feminismo, portanto, nasce gender, um termo que, mais
tarde, seria adotado pela cultura Ocidental como gênero, esse termo foi criado
na Inglaterra pelos grupos feministas e era usado, apenas, para nomear as
formas masculinas e femininas na linguagem. Gênero, então, passou a adquirir
caráter técnico e foi usado para contrastar com o termo sexo, que designava o
que havia sido estabelecido, socialmente como masculino e feminino.
Gênero é um termo menos determinante que a palavra sexo, engloba,
portanto, tanto o universo masculino como o feminino, sem, contudo, determinar
a sexualidade e neste sentido, gênero é totalmente inovador e contrastante.
Duas definições sobre o termo serão apresentadas; a primeira
coloca o termo como opositor e complementar ao sexo, os grupos feministas
adotaram essa definição para “combater a força da categorização sexo e suas
implicações nas ciências sociais, buscando enfatizar a dimensão social do
gênero”. Já, a segunda não o coloca como opositor de sexo, “mas inclui a
percepção a respeito do que seja sexo dentro de um conceito socialmente
elaborado de gênero, uma vez que assume que as próprias diferenças entre os
corpos são percebidas sempre por meio de codificações e construções sociais de
significados”. (MOREIRA, 2011, p. 92)
Dessa forma, o conceito engloba toda a simbologia pertencente ao
masculino e feminino, inclusive as distinções feitas entre macho e fêmea, e
mais as diferenças ou semelhanças entre os sexos, bem como as interações e
relações de poder entre homens e mulheres.
No Livro-Texto, sexo e gênero nem são opostos, como desejaram as
feministas e nem complementares. Dentro desta categorização é que se forma na
prática a compreensão do corpo, da sexualidade e daquilo que significa ser um
homem ou uma mulher.
Os movimentos feministas ligados ao pós-estruturalismo afirmam que
“gênero não é um conceito que apenas descreve as interações entre homens e
mulheres, mas uma categoria teórica referida a um conjunto de significados e
símbolos construídos sobre a base da percepção da diferença sexual e que são
utilizados na compreensão de todo o universo observado, incluindo as relações
sociais e, mais particularmente, as relações entre homens e mulheres” (MOREIRA,
2011, p. 93). Entenda-se por pós-estruturalismo uma teoria que oferecia
conceitos úteis a análise feminista, tais como linguagem, discurso, diferença e
desconstrução.
Gênero passa a ter, então, uma conceituação mais ampla, indo além
do masculino e do feminino, pois abrangendo a dimensão econômica e política
tanto dos homens como das mulheres. Neste tema, gênero não será entendido como
oposto a sexo e nem como complementar. Isso porque a sociedade não apenas forma
a personalidade e o comportamento, como também ela tem o poder de determinar
como o corpo é visto, dentro dessa conceituação o “sexo não é algo que esteja,
ou seja, separado do gênero, mas, ao contrário, é algo subsumido no gênero”.
Mas que relação essa questão pode ter com a educação, de que
maneira ela pode influenciar na aprendizagem ou de que forma se manifesta
dentro de uma sala de aula?
A lentidão no processo de democratização do sistema educacional
brasileiro trouxe benefícios às mulheres. Este fato tem sido alvo de muitas
pesquisas que mostram, quantitativamente, a presença feminina no meio
acadêmico, isso inclui desde a educação básica à superior; estas pesquisas
ainda apontam para o nível do desempenho delas como superior ao dos meninos e
mostram o número de mulheres nas escolas e nas universidades em constante
progresso.
Não existem problemas para a aceitação das meninas nas escolas, o
problema que a escola enfrenta é a falta de permanência, isto ocorre com mais
frequência entre os meninos; o que ajuda a entender como provável razão para o
aumento do número de meninas seja mais elevado que o deles, pois no caso deles
alguns fatores de ordem socioeconômica podem estar influenciando, por exemplo:
os meninos estão com presença muito maior no mercado de trabalho, a maioria vem
das camadas mais populares, o que justificaria o abandono da escola, por
necessidades financeiras, mas as estatísticas não apontam como causa para
evasão. No que diz respeito às meninas, elas assumem o papel de grande
importância no trabalho doméstico não remunerado, o que, segundo alguns
estudiosos, contribuiu para que “as meninas de camadas populares teriam uma
percepção positiva da escola com um espaço de socialização, de liberdade e de
realização pessoal, em face de seu confinamento em casa devido à participação
no trabalho doméstico e às restrições de uma educação tradicional” (MOREIRA,
2011, p. 98)
Quanto à permanência na escola, por parte dos meninos, os
estudiosos têm observado que a questão disciplinar e a gravidade das
transgressões são mais frequentes entre os meninos; o que leva alguns
estudiosos a algumas conclusões: o baixo nível de resultados escolar entre os
meninos pode ser explicado pela presença deles no mercado de trabalho e que as
reais causas da evasão e dificuldades devem ser procuradas dentro da própria
escola e não fora dela.
Outro dado importante apresentado nas entrevistas diz respeito ao
conceito de bom, mais uma vez as meninas destacam-se, elas são vistas como
responsáveis, organizadas, estudiosas, sossegadas, caprichosas e atentas, no
entanto menos inteligentes que os meninos, que são, literalmente, seus opostos.
No processo de ensino aprendizagem e sua relação com gênero,
parece haver uma necessidade de maior compreensão da forma como meninos e
meninas aprendem, é necessário observar essas diferenças, elas fazem parte do
ser e precisam ser entendidas, para que a educação seja eficaz e eficiente em
seu processo.
ATIVIDADES
01 - Na leitura você viu que existem simbologias ligadas aos
gêneros apresente, pelo menos, quatro simbologias ligadas a eles.
02 - Você terá que preparar uma aula sobre as questões de gênero
para apresentar aos seus alunos. Dê destaque ao modo como as questões sobre
gênero surgiram; em que contexto nasceram, o que descrevem, o que significam as
simbologias que envolvem tais questões. Munindo se das informações presentes na
leitura, topicalize os aspectos que devem ser apresentados.
03 - Você viu que o número de pessoas do gênero feminino na escola
é maior que o dos meninos; segundo o texto que fatores poderiam estar
contribuindo para essa realidade?
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