BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS Cap. 1 – PLT
Março/2015
O Conceito de Ciência
“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais,
certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que
fazem referência a objetos de uma mesma natureza”.
Conhecimento racional,
isto é, que tem exigências de método e está constituído por uma série de
elementos básicos, tais como sistema conceitual, hipóteses, definições;
diferencia-se das sensações ou imagens que se refletem em um estado de ânimo,
como o conhecimento poético, e da compreensão imediata, sem que se busquem os
fundamentos, como é o caso do conhecimento intuitivo.
Certo ou provável,
já que não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de todo saber que
a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, é grande a quantidade de prováveis.
Antes de tudo, toda lei indutiva é meramente provável, por mais elevada que
seja sua probabilidade.
Obtidos metodicamente, pois não se os adquire ao acaso ou na vida
cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos.
Sistematizados,
isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e desconexos, mas de um saber
ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias (teoria).
Verificáveis,
pelo fato de que as afirmações, que não podem ser comprovadas ou que não passam
pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito da ciência, que necessita,
para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação.
Relativos a objetos de uma mesma natureza, ou seja, objetos pertencentes a determinada
realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.
O que impulsiona o homem em
direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações que se
esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos (CURIOSIDADE),
captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva
e crítica pelo senso comum. O homem quer ir além dessa forma de ver a realidade
imediatamente percebida e descobrir os princípios explicativos que servem de
base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza
em que está inserido. Através desses princípios, a realidade passa a ser
percebida pelos olhos da ciência não de uma forma desordenada, esfacelada,
fragmentada, como ocorre na visão subjetiva e a crítica do senso
comum, mas sob o enfoque de um critério orientador, de um princípio
explicativo que esclarece e proporciona a compreensão do tipo de relação que
se estabelece entre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de mundo.
MÉTODO CIENTÍFICO:
HISTÓRICO:
Relativamente recente na escola
fundamental;
•Muitas práticas, ainda hoje, são baseadas
na mera transmissão de informações, tendo como recurso exclusivo o livro
didático e sua transcrição na lousa;
•Até a promulgação da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação de 1961, ministravam-se aulas de Ciências Naturais apenas nas
duas últimas séries do antigo curso ginasial. Essa lei estendeu a
obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais, mas apenas
a partir de 1971, com a Lei nº 5.692, Ciências passou a ter caráter obrigatório
nas oito séries do antigo primeiro grau.
•Cenário: Ensino Tradicional – Transmissão de
conteúdos (CIÊNCIA COMO PRODUTO)
Professores: transmissão de conhecimentos
acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas;
•Alunos: mera reprodução das informações;
•Verdade científica (Livros): tida como
inquestionável;
•Qualidade = Muita Quantidade de Conteúdos
(TEORIA); Não sobra tempo para a PRÁTICA.
•Principal recurso de estudo e avaliação
era o questionário = Respostas idênticas às do Professor.
•Era necessária uma Renovação...
1960:
chegada ao Brasil das teorias cognitivistas, que consideravam o conhecimento
como sendo um produto da interação do homem com seu mundo e enfatizavam os
processos mentais dos estudantes durante a aprendizagem. No entanto, somente no
início dos anos 1980 é que essas teorias passaram a influenciar
significativamente o ensino de ciências. As teorias de Bruner, Vygotsky e
o construtivismo interacionista de Piaget valorizavam a aprendizagem
pela descoberta; o desenvolvimento de habilidades cognitivas; sugeriam que os
estudantes deveriam lidar diretamente com materiais e realizar experiências
para aprender de modo significativo e que o professor não deveria ser um
transmissor de informações, mas orientador do ensino e da aprendizagem.
•A partir de 1964, as propostas educativas
para o ensino de ciências sofreram grande influência de projetos de renovação
curricular desenvolvidos nos Estados Unidos e na Inglaterra: materiais mal
adaptados. Ex: sugeria que os estudantes levassem “um pouco de neve”
para a sala de aula para a realização de determinadas atividades experimentais.
•Industrialização Brasileira e desenvolvimento
científico e tecnológico: Temática chega à Escola e torna-se relevante:
Mudanças curriculares, substituição dos métodos expositivos (aprender-fazendo),
capacitação dos professores.
•Nesse contexto, surgiu a escola tecnicista
(importância do laboratório) na qual a apropriação do saber identificava-se
com o poder e os sujeitos deveriam ser conduzidos como máquinas para que
produzissem mais e melhor, tendo em vista garantir uma maior lucratividade para
os donos das organizações.
•Década de 1980 e 1990: Surge a tendência Ciência,
Tecnologia e Sociedade, levando às discussões sobre as relações entre
educação e sociedade, identificando-se a necessidade de um ensino que
integrasse os diferentes conteúdos, com um caráter também interdisciplinar (utilização
de materiais simples e fatos do cotidiano)
•Ciência + Tecnologia = Desenvolvimento
•Especialmente a partir dos anos 80, o
ensino das Ciências Naturais se aproxima das Ciências Humanas e Sociais,
reforçando a percepção da Ciência como construção humana, e não como verdade
natural, e nova importância é atribuída à História e à Filosofia da Ciência no
processo educacional.
•Atualmente, o movimento educação
científico-tecnológica para e a ideia de alfabetização científica para todos
pressupõem a formação de cidadãos capazes de fazer opções de modo consciente,
bem como a existência de amplas relações entre a ciência, a tecnologia, a
sociedade e o meio ambiente.
Ciência:
esperança para a solução dos problemas da humanidade e, paradoxalmente,
problemas sociais e ambientais provocados pela atividade científica e
tecnológica.
A construção de um ensino de ciências de qualidade
pressupõe urgentemente romper com o modelo de formação docente que
prevalece na maior parte das universidades brasileiras, no qual são ensinados
os produtos da ciência e oferecidas possibilidades didáticas para o ensino dos
mesmos nas escolas. Na formação do professor de ciências defende-se a articulação
entre teoria e prática pedagógica, pesquisa e ensino, reflexão e ação didática.
No entanto, a separação explícita entre ensino e pesquisa nas universidades e a
valorização da pesquisa em detrimento das atividades de ensino ainda trazem
enormes prejuízos a essa formação.
Sai...
Entra...
As atividades práticas
passaram a representar
importante elemento para a
compreensão ativa de
conceitos.
O objetivo fundamental do
ensino de Ciências Naturais
passou a ser dar condições
para o aluno vivenciar o que se
denominava método
científico,
CIÊNCIA COMO ou seja, a partir de
PROCESSO observações, levantar
hipóteses, testá-las, refutá-las e
abandoná-las quando fosse o
redescobrir conhecimentos
•Criou-se a ideia no professorado de que somente com laboratórios é possível alguma modificação no ensino de Ciências;
•O que mudou hoje?
•A experimentação, sem uma atitude
investigativa mais ampla, não garante a aprendizagem dos conhecimentos
científicos.
•A industrialização acelerada ignorou os
custos sociais e ambientais desse desenvolvimento. Surgem problemas sociais e
ambientais em todo o mundo.
•Os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde
começaram a ter presença nos currículos de Ciências Naturais, mesmo que
abordados em diferentes níveis de profundidade.
Progresso Científico e Tecnológico = Problemas Sociais
e Ambientais: equidade na distribuição dos custos ambientais provocados pelas
inovações tecnológicas; ao uso inapropriado de determinadas descobertas
científicas; às implicações éticas e à aceitação dos riscos de determinadas
tecnologias; às mudanças provocadas no meio ambiente pelo exercício do poder e
pela força do capital; “Um novo contrato social faz-se necessário, tendo em
vista a construção de uma ciência socialmente comprometida com as reais
necessidades da maioria da população brasileira e não limitada a acumular
conhecimentos e avançar sem importar em que direção.”
Educação Científica
torna-se necessária
•Os estudantes possuíam ideias, muitas
vezes bastante elaboradas, sobre os fenômenos naturais, tecnológicos e outros,
e suas relações com os conceitos científicos. Essas ideias são independentes do
ensino formal da escola, pois são construídas ativamente pelos estudantes em
seu meio social. Esses conhecimentos dos estudantes, que anteriormente não eram
levados em conta no contexto escolar, passaram a ser objeto de particular
atenção e recomendações.
•Produção Científica: Afastada das escolas Somente nas
Universidades: “Segredo Guardado”.
•As pesquisas acerca do processo de ensino
e aprendizagem levaram a várias propostas metodológicas, diversas delas
reunidas sob a denominação de construtivismo. Pressupõem que o aprendizado se
dá pela interação professor/estudantes/conhecimento, ao se estabelecer um
diálogo entre as ideias prévias dos estudantes e a visão científica atual, com
a mediação do professor, entendendo que o estudante reelabora sua percepção
anterior de mundo ao entrar em contato com a visão trazida pelo conhecimento
científico.
•Ciência deve ser apreendida em suas relações
com a Tecnologia e com as demais questões sociais e ambientais;
•Na maior parte das salas de aula, na realidade,
persistem velhas práticas...
VÍDEO: Ensino de Ciências história e situação atual
A DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL: A CONSTRUÇÃO
DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NA ESCOLA
OBJETIVO DO ESTUDO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAS:
Os objetivos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental
pretendem que os alunos desenvolvam habilidades necessárias para entenderem a
dinâmica da natureza, do mundo e possam atuar como cidadãos, utilizando os recursos
tecnológicos e científicos para a construção de uma sociedade menos injusta e
desigual. (CT&S)
Pesquisa
Científica
X
Prática do
ensino de
Ciências nas salas
de aula
REALIDADE UM
TANTO QUANTO
DISTANTE!
O gosto pela observação, pela investigação e pela pesquisa
científica deve começar a ser cultivada desde cedo na escola, dentro da sala de
aula. O berço de grandes cientistas deve ser a sala de aula! O professor deve
promover a “alfabetização científica”.
Deve-se propiciar ao aluno o contato com a
pesquisa, colocando-o como participante, como
argumentador e como descobridor que “segue os caminhos do conhecimento” sem perder sua curiosidade e pondo em ação inteligência
e imaginação.
O mundo atual reverencia a Ciência, valoriza suas descobertas e depende delas para progredir em diferentes campos!
Senso Comum
(“achismos”)
X
Conhecimento Científico
(“certezas” e “evidências”)
Posição construtivista: o conhecimento não é
diretamente transmitido, mas construído ativamente pelo aprendiz – Atividades
práticas.
Conhecimento científico: conhecimento público, é
construído e comunicado através da cultura e das instituições sociais da ciência.
O Conhecimento Científico não deve ser apenas ser
“transmitido” nem tampouco “forçado”, mas sim
estimulado nos alunos através de
desafios na
pesquisa, já tomando cuidado de inserir a questão
ÉTICA na pesquisa.
Só assim novos conhecimentos serão gerados.
A chave
para abrir a imaginação está nas mãos do
professor!
Toda aprendizagem provém de um impulso, de uma
deliberação de aprender, de uma energia que orienta o
aprendiz e o leva a
relacionar-se com
objetos, representações,
ideias, eventos, regularidades.
O que ensinar em Ciências?
O Conteúdo se esgota e é imutável?
Qual a relação do desenvolvimento
tecnológico
com o estudo de ciências e a construção do conhecimento
científico?
Como a mediação do professor pode “construir” esse
conhecimento científico?
Como o professor pode instigar a curiosidade e a
capacidade de argumentação e questionamento frente aos fenômenos da natureza?
O estímulo passa a existir a partir do momento em que
o educando liga o que já sabe com aquilo que vê que pode alcançar, mas que
ainda não está sob o seu domínio.
A Didática das Ciências expressa intrinsecamente
uma relação
entre teoria e prática.
CONCLUSÕES:
“O processo da aprendizagem não se
confunde com o
da produção científica mas que deve
antecedê-lo
necessariamente”.
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