sexta-feira, 29 de maio de 2015

EDUC. PROF. E EDUC. EM AMB. NÃO ESCOLARES 2

Disciplina: Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares

Capítulo 4 - Novos Caminhos na Educação Profissional – Introdução
(Aula 2)

- Preparo profissional, âmbito escolar, necessidade de justificar as desigualdades sociais

- Escola contribui para manter a aparência enganosa de que a hierarquização no trabalho está relacionada ao volume de estudos acumulados

-Crença:       educação       como     mobilidade    socialcamuflando    que   essa mobilidade decorre   do acesso  aos meios de produção (Turma A 30.03.15)

- Educação formal cada vez mais solicitada pelo trabalhador = acesso ao emprego. Isto produz contradição: exigência crescente de escolaridade para justificar as diferentes posições sociais
- Formação escolar = intelectuais do liberalismo econômico = é perigosa porque pode despertar expectativas que não interessam à minoria dominante, por isso, ela deve ser oferecida em doses homeopáticas. Evitar o prolongamento da formação, duração e profundidade

- Reforma da educação profissional = Brasil = 1997 = separou completamente, da formação geral ou científica, a preparação técnica

-Ensino  profissionalizante destituído da fundamentação do saber-fazer;   reforça  a sua subordinação à divisão do trabalho

As Especificidades da Reforma da Educação Profissional de 1997
 
-Um     dos      pontos     polêmicos   da   Reforma   foi    a obrigatoriedade   de   independência  do ensino médio em relação ao técnico (artigo 5º. do Decreto 2.208/1997)
 - A   educação    profissional   de   nível   técnico   terá organização curricular   própria e independente do ensino médio, podendo ser oferecida   de  forma  concomitante ou sequencial a este

- Esta medida afetou as escolas profissionais públicas que ofereciam ensino médio integrado ao técnico, ou seja, compreendia um só curso, visto que o Currículo expresso no Decreto 2.208/1997 impossibilitava a oferta de curso integrado

-Além     disto,     o     Decreto    limita    em    25%    o aproveitamento das disciplinas   “profissionalizantes”  em curso técnico.   O ensino médio poderia ser o veículo para a   oferta  do  ensino  integrado, uma vez que não estava proibido na LDB 

-Decreto,   todavia,   ao   limitar  o  aproveitamento   em   25%  inviabilizou  esta  possibilidade, pois implicaria um   curso  de   5 anos, sendo que o mínimo  exigido  para  o ensino médio de 2400 horas se completa ao final de 3 anos, e   para   manter a  jornada  das   disciplinas  técnicas compatíveis com o modelo integrado, importava em mais 2 anos de curso
 - Apesar das mudanças, a política de expansão priorizou os cursos de nível básico da educação profissional. Oferta de cursos básicos implicou a obrigatoriedade da sua oferta por parte das instituições de ensino profissionalizante que recebiam recursos do Poder Público

-A educação profissional de nível básico* é modalidade de educação não-formal e duração variável = proporcionar ao cidadão atualizar-se para o mundo do trabalho (Artigo 4º)

- Outra determinação do Decreto = polêmica = obrigatoriedade em organizar o currículo por competências; 70% da carga horária mínima obrigatória, ficando reservado um percentual de 30% para que os estabelecimentos de ensino elejam disciplinas específicas da sua organização curricular

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Básico:   a   educação  profissional no nível básico,  conforme  o  art.  3º  do Decreto     2.208,    de   17  de  abril    de  1997  é   destinada   à  qualificação, requalificação  e   reprofissionalização   de  trabalhadores,   independente   de escolaridade prévia.

- Entendido a tempo como um contrassenso, esses conteúdos não chegaram a ser formulados. A Reforma de 1997, por outro lado, mostrou-se flexível permitindo aproveitamento de disciplinas ou módulos cursados em outras instituições de ensino, desde que o prazo entre a conclusão do primeiro e do último módulo não exceda cinco anos e desde que o interessado apresente o certificado de conclusão do ensino médio

- Outra forma de aproveitamento é a certificação de competências, em que se reconhecem habilidade e competência do autodidata ou do trabalhador que adquiriu conhecimento na sua própria prática = dispensa de disciplina ou módulos

- A Reforma institui a certificação de competência como mecanismo de aceleração do percurso do aluno, ampliação da oferta de vagas sem a necessidade de construir escolas e, de outro, a redução de custos

- Essa lógica de redução de gastos públicos também foi aplicada à formação de professores da educação profissional

Contribuição Preliminar às Análises Sobre os Propósitos e Consequências da Reforma
 
-Reforma   no   discurso  do MEC era resposta  aos novos desafios = mudanças do mundo produtivo

-Avanço das tecnologias microeletrônicas, da robótica e de novas formas de organização do trabalho, que anunciam a rigidez excessiva do taylorismo/fordismo. No Brasil tornou-se necessário um tipo de formação do trabalhador para lidar com essas novas tecnologias
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 - Reforma = ajuste econômico e ideológico, visando à contenção de possíveis tensões sociais num período crítico do capitalismo, em que se impõe o neoliberalismo

- Basicamente três palavras-chave constam nas justificativas da Reforma e são suficientes para caracterizá-la: COMPETÊNCIA, FLEXIBILIDADE E EMPREGABILIDADE

-Esses  conceitos encontram bases no campo da doutrina neoliberal,   reavendo    o   individualismo   exacerbado   no contexto    da promessa de justiça social e prosperidade para todos
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- O ideário de competências e habilidades limita-se às necessidades do mercado e não mais se fundam no horizonte da educação como um direito subjetivo de todos. Esta noção reforça a responsabilidade individual
-Separação do ensino médio e da formação profissional  =   cisão   da   teoria-prática,   ampliando   o  fosso entre a formação  geral   e   específica,    reduzindo  a  habilitação técnica a um somatório de qualificações específicas

- Cursos técnico-profissionais financiados pelo Governo Federal foram considerados elevados, sendo efetivada a separação do ensino médio como forma de reduzi-los
 
- Dualidade do ensino = uns para o exercício da intelectualidade e outros à formação técnica

-Reforma   =   momento em que o capital enfrentava crise = mudanças desfavoráveis ao trabalho e ao trabalhador
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-Demanda de formação do trabalhador polivalente = educação desigual, impossibilidade da educação única para todos

- Reforma = reforço de teorias que atribuem investimento pessoal em educação para explicar por que um número cada vez   maior   de   trabalhadores   está  desempregado. Plano individual como forma de sobrevivência
Caminhos para a Educação Profissional
- Reforma = marco retrógrado na história da educação brasileira. Com a revogação do Decreto 2.208/1997, pelo Decreto 5.154/2004cabe a cada instituição de  ensino adotar o modelo separado  (conforme  o  Decreto)  ou   integrado.   No entanto,  a  revogação  do  Decreto  não implicou o abandono  dos   seus princípios

- Definitivamente      este     Decreto    permite   variadas   formas   de organização da educação profissional técnica, desde a separação completa em relação ao ensino médio até a integração total


- Busca-se minimamente devolver ao trabalhador o saber. Essa tendência de acomodar duas perspectivas tão distintas constitui um passo à frente e dois para trás

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