Introdução
Como
o próprio nome sugere, a memória DDR2 (Double Data Rate 2) é
uma evolução da memória DDR. Entre suas principais características estão o
consumo menor de energia elétrica e maiores taxas de velocidade.
Funcionamento e características das memórias DDR2
A
principal característica das memórias DDR é a sua capacidade de realizar duas
operações por ciclo de clock (em vez de uma, como acontece no padrão anterior
(SDR SDRAM). Tal capacidade não é mero capricho: as memórias precisam ser
rápidas o bastante para acompanhar o desempenho crescente dos processadores. É
por esse mesmo motivo que as memórias DDR2 entraram em cena.
O
tipo DDR2 é mais rápido que o padrão DDR por um conjunto de fatores. Para
começar, realiza quatro operações por ciclo de clock, duas no início deste e
duas no final. O padrão anterior trabalha com duas operações por ciclo.
Módulo de memória DDR2
Para
entender o diferencial deste aspecto, considere o seguinte: até agora, quando
nos referimos ao ciclo de clock, estamos falando da comunicação da memória com
o exterior, isto é, com o seu controlador de memória. Internamente, no entanto,
a memória trabalha com uma frequência própria.
Módulo de memória inserido em um slot
Assim,
um módulo de memória do tipo DDR-400, por exemplo, funciona internamente a 200
MHz, mas oferece 400 MHz por trabalhar com duas operações por vez (2 x 200). Já
uma memória DDR2 que também trabalha a 200 MHz pode contar com 800 MHz, já que
faz uso de quatro operações por ciclo (4 x 200). É por esse motivo que uma
memória DDR-400 e outra DDR2-800 possuem a mesma frequência interna: 200 MHz.
A
frequência para comunicação externa do padrão DDR2, por sua vez, acaba sendo o
dobro do clock interno. Assim, um módulo DDR2-800 trabalha externamente a 400
MHz.
Em
relação à velocidade como um todo, é necessário considerar também o "CAS
Latency" (latência do CAS - Column Address Strobe). Em
poucas palavras, trata-se do tempo que a memória leva para fornecer um dado
solicitado. Assim, quanto menor o valor da latência, mais rápida é a
"entrega".
Nas
memórias DDR, a latência pode ser, em termos gerais, de 2, 2,5 e 3 ciclos de
clock. Nas memórias DDR2, a latência vai de 3 a 5 ciclos de clock. Isso
significa que a memória DDR2 é mais lenta que a DDR? Na prática não, pois as
demais características do padrão DDR2, especialmente seus valores de
frequência, compensam essa desvantagem.
Há
ainda outros parâmetros que devem ser considerados. Um deles é o "Additional
Latency" (AL) ou "latência adicional", um fator utilizado
para permitir que os procedimentos ligados às operações de leitura e escrita
sejam realizado até "expirar" o tempo da latência do CAS mais a
latência adicional. É como se houvesse um aumento do prazo para tais operações.
Assim, a medição da latência deve considerar a soma desses dois parâmetros para
se obter um total.
A memória DDR2 também merece
destaque pelo seu menor consumo de energia elétrica. Enquanto o tipo DDR
trabalha com 2,5 V, a tecnologia DDR2 requer 1,8 V por padrão. Por causa disso,
a memória DDR2 acaba tendo melhor desempenho inclusive no controle da
temperatura.
Aspectos físicos
das memórias DDR2
No
aspecto físico, as memórias DDR2 são parecidas com os módulos DDR, tanto que há
quem pense que uma placa-mãe pode trabalhar com os dois tipos nos mesmos slots,
o que não é verdade. Apesar da semelhança, há diferenças notáveis.
Para
começar, o tipo DDR tem 184 terminais, enquanto que o DDR2 utiliza 240
contatos. Além disso, aquela pequena abertura que há entre os terminais está
posicionada em um local diferente nos pentes de memória DDR2, como mostra a
imagem a seguir:
Memória DDR2 acima e DDR abaixo -
Note que a posição da divisão entre os terminais de contato é diferente
Outra
diferença perceptível nos módulos de memória DDR2 é o tipo de encapsulamento
usado: embora possa ser encontrada em outras tecnologias, geralmente utiliza-se
o tipo CSP (Chip Scale Package) com encaixes FBGA (Fine pitch Ball
Grid Array), cuja principal característica é o fato de os terminais do
chip serem pequenas soldas. A vantagem disso é que o sinal elétrico flui mais
facilmente e há menos chances de danos físicos. A memória DDR, por sua vez, é
frequentemente encontrada em encapsulamento TSOP (Thin Small Outline
Package).
On-Die Termination (ODT)
A
memória DDR2 conta com um recurso conhecido como On-Die Termination (ODT).
Trata-se de uma tecnologia que ajuda a evitar erros de transmissão. Para
compreender a utilidade disso é necessário conhecer a chamada "terminação
resistiva".
Os
sinais elétricos sofrem um efeito de retorno quando chegam ao final de um
caminho de transmissão. Grossamente falando, é como se a energia batesse em uma
parede no final de seu caminho e voltasse, como se fosse uma bola. Por motivos
diversos, esse efeito também pode ocorrer no "meio do caminho". No
caso das memórias, esse problema, conhecido como "sinal de reflexão",
pode significar perda de desempenho e necessidade de retransmissão de dados.
Nas
memórias DDR, esse problema é tratado por meio de um método que reduz o sinal
de reflexão a partir de resistores que são adicionados à placa-mãe. É desse
dispositivo que vem o nome "terminação resistiva".
No
padrão DDR2, a terminação resistiva na placa-mãe não se mostrou eficiente,
pelas características físicas desse tipo de memória. Diante desse problema, foi
necessário estudar alternativas e então surgiu o ODT. Nesta tecnologia, a
terminação resistiva fica dentro do próprio chip de memória. Com isso, o
caminho percorrido pelo sinal é menor e há menos ruídos, isto é, menos perda de
dados. Até a placa-mãe acaba se beneficiando dessa tecnologia, já que um
componente deixa de ser adicionado, reduzindo custos de produção. Esse é mais
um motivo pelo qual a memória DDR2 não é compatível com o padrão DDR.
Nomenclatura
Em
relação à nomenclatura, as memórias DDR2 seguem praticamente o mesmo padrão das
memórias DDR, como mostra a tabela a seguir:
Memória
|
Nome alternativo
|
Frequência interna
|
Frequência externa
|
Taxa de transmissão
|
DDR2-400
|
PC2-3200
|
100 MHz
|
200 MHz
|
3.200 MB/s
|
DDR2-533
|
PC2-4200
|
133 MHz
|
266 MHz
|
4.200 MB/s
|
DDR2-667
|
PC2-5300
|
166 MHz
|
333 MHz
|
5.300 MB/s
|
DDR2-800
|
PC2-6400
|
200 MHz
|
400 MHz
|
6.400 MB/s
|
DDR2-1066
|
PC2-8500
|
266 MHz
|
533 MHz
|
8.500 MB/s
|
Vale
frisar que as taxas de transferência são aproximadas e indicam o máximo que
pode ser alcançado. Há também memórias DDR2 com outras especificações, mas
estas são as mais comuns.
Você
pode ter se perguntado sobre o porquê da denominação "PC2-3200" em
relação à memória de 400 MHz (e assim se segue com os outros tipos). O número
3200 indica a quantidade de megabytespor segundo com a qual a memória é capaz de trabalhar. Isso
quer dizer que, no caso da memória de 400 MHz, sua velocidade é de 3.200 MB ou
3,2 GB por segundo.
Dual-Channel
Tal como acontece com as memórias DDR, o tipo DDR2 também pode
contar com Dual-Channel. Trata-se de uma solução que ameniza o
fato de as memórias não acompanhar a velocidade dos processadores. Para isso, o
esquema faz com que as memórias transfiram o dobro de dados por vez. Assim,
3.200 MB por segundo podem ser tornar 6.400 MB por segundo, por exemplo.
Isso
é possível porque, no Dual-Channel, o controlador de memória faz com que os
chips DDR2 possam transferir o dobro de dados por vez, ou seja, em vez de 64
bits (8 bytes), transferem 128 bits (16 bytes).
Para
ativar o esquema Dual-Channel em um computador, é necessário ter um chipset
compatível (ou, se for o caso, um processador). Além disso, é recomendável ter
um ou dois pares (sempre pares) de módulos de memória idênticos (ou, ao menos,
com as mesmas especificações). A igualdade diminui o risco de problemas. Neste
ponto, uma dica interessante é adquirir um kit para Dual-Channel, que oferece
dois pentes de memória DDR próprios para funcionar neste modo.
Consulte
o manual da placa-mãe para saber em quais slots os módulos devem ser instalados
para ativar o modo Dual-Channel, assim como para saber se é necessário alterar
algum parâmetro no setup do BIOS.
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