sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE 1

Faculdade Anhanguera de Anápolis

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE – Profa. Valnete Amorim

Questões Étnico-Raciais na Escola


Como tratar o preconceito racial?
O trabalho com a questão racial na escola estimula a luta pela construção da cidadania e da democracia para todos:
1)Uniformizando-se as perspectivas.
2)Igualando-se os povos, culturas e valores.
3)Ampliando a noção de democracia na escola.

Construindo a diversidade
• Percepção das diversas características diferenciadas e proporcionadas pelo processo histórico que as possibilitou.
• Observação e reflexão sobre as relações de poder existentes. Instituição da prática de inclusão pelos indivíduos e grupos.

Para a Lei de Diretrizes e Bases
A educação abrange os processos formativos e se desenvolve:
a)No convívio com a família;
b)Na convivência com o outro;
c)Nas instituições de ensino;
d)No trabalho;
e)Nos movimentos sociais.

A subjetividade do preconceito racial

Podemos vencer isso:
a)Conhecendo melhor as raízes africanas que formaram nosso povo;
b)Desmitificando a história do povo africano;
c)Conhecendo o valor da participação negra na formação da sociedade brasileira

Uma visão afirmativa da diversidade
Promove o conhecimento e o entendimento da riqueza de nossa diversidade cultural, tendendo a superar de vez o preconceito contra o povo africano.

Padrão de referência racial
Segundo a autora BENTO (2002) a discussão racial poderá influenciar vários grupos étnicos. Fala-se de uma “branquitude”: identidade racial que toma o branco como referência de toda uma espécie.

Cabe ao docente
Conectar informações pessoais e familiares com o tema trabalhado.
• Delinear contextos históricos.
• Superar as visões preconceituosas, trazendo à tona novas informações

Efeitos da desigualdade
Divulgação de uma imagem negativa sobre o negro.
Destruição da identidade racial negra.
 Deteriorização de sua autoestima

Como fomos educados
Crescemos sabendo que:
O negro escravizado recebia castigos.
As crianças negras brincavam aos pés dos senhores e senhoras.
Havia instrumentos de para o negro: pelourinho, navio negreiro.

Para diminuir essas sequelas
É preciso que a escola ensine:
a)a riqueza das civilizações africanas.
b)o impacto do colonialismo no continente africano.
c)O que existe na África negra e as muitas Áfricas que há em todo o mundo.

Discussões para a sala de aula

Incluir a discussão sobre a questão racial nos conteúdos escolares.
Investir na formação continuada dos educadores.
Envolver a sociedade nesse projeto.

Corrigindo as desigualdades 

Aspectos da Lei 10.639/03:
Reconhecimento e valorização da história, da cultura e da identidade dos diversos grupos étnicos.
Discussão das garantias dos direitos humanos.
Promoção da diversidade de povos e culturas.

Resultados da Lei 10.639/03:
Mudança de postura ante a história.
Promoção da democratização do saber.
Inclusão de temas sobre o continente africano, sua história, geografia e cultura.

A inserção de debates na escola
Promove o pensamento crítico.
Possibilita análises políticas.                             
Constrói posturas éticas.
Muda o olhar sobre a diversidade.




Respeito à ética racial
Ser negro deve ser motivo de respeito e valorização.
Significa trazer no corpo, na cultura e na história a riqueza de uma civilização.
Significa trazer à tona a história de um processo de luta e resistência.

Na escola
Promover a interdisciplinaridade.
Agir de forma coletiva no combate à discriminação racial.
Repensar o fazer pedagógico de forma ampla.

Concluindo
O principal alvo da educação contra o racismo deve ser a construção de uma sociedade mais digna e democrática para todos, que reconheça e respeite a diversidade.


Agora é sua Vez 
Questões étnico-raciais na escola


















ATIVIDADE





DIVERSIDADE E GÊNERO 1

          Diversidade e Gênero
         Profa. Valnete Amorim


Objetivos de Aprendizagem
•Refletir sobre os estereótipos de gênero nas práticas escolares. 
• Conhecer a temática das relações de gênero no contexto da prática educativa.

Temas Principais
• As relações de gênero.
• O educador e as questões de gênero em sala de aula.
• A educação básica e o conceito de gênero.


O conceito de Gênero
•Gender:
üTermo contrastante com sexo.
•Designa:
üAquilo que é socialmente construído como sendo masculino ou feminino.

Uma segunda definição de gênero não se opõe ao sexo.
ü Reflete a respeito do sexo dentro de um conceito socialmente construído.
ü Assume que as diferenças entre os corpos são percebidas por meio de construções sociais de significado.

Os educadores e a questão de gênero
• Dados de uma pesquisa realizada entre 2000 e 2004 em escolas:
ü Percebeu-se dificuldade da equipe escolar para definir com clareza os objetivos de aprendizagem.

Segundo algumas professoras:
• Era nítida a diferença de percepção quanto ao desempenho dos meninos e meninas.
• Igualmente, a maioria das meninas citadas como boas alunas, era da cor branca.
• Ainda poucos meninos, quase todos vistos como branco pelas professoras.

Dados nacionais sobre homens e mulheres na educação escolar e na sociedade:
üAo longo da metade do século XX há lenta democratização do sistema educacional.
üA mulher luta por seus direitos sociais e de trabalho.

Dica profissional
• Cabe a nós educadores:
üPrestar atenção aos preconceitos que são disseminados quanto ao gênero.
üDesenvolver um ensino-aprendizagem que olhe todos os sujeitos como capazes, sem qualquer distinção.
üConstruir novos discursos sobre o gênero na sociedade e na escola.

Atividade prática
• Quais os aspectos essenciais que devem ser abordados quanto ao gênero?
• Que dificuldades existem na abordagem das questões de gênero na escola?

Aspectos essenciais sobre o gênero
üA nomenclatura gênero nasceu no seio dos movimentos feministas. • A intenção era:
üEstabelecer uma relação de igualdade entre o masculino e o feminino.
üGênero descreve significados estabelecidos socialmente sobre masculino e feminino.

• Por isso:
üÉ preciso prestar atenção a esses sentidos socialmente descritos.
üPerceber o masculino e feminino e as suas funções na sociedade.
üCriar novas visões e discursos sobre o tema do gênero.

Gênero na escola
• A discussão sobre gênero na escola não é sempre fácil.
•Vários são os motivos:
üPercepções fixas dos educadores quanto ao tema.
üVisões trazidas do universo familiar.

Percepções arraigadas na sociedade
• Mas:
üÉ preciso perceber as conquistas sociais que se alcançou quanto às relações de gênero.
üRomper com visões cristalizadas sobre esta questão.
üFormar sujeitos sociais e críticos.

Considerações finais
•Este tema nos levou a aprender:
üO conceito de gênero.
üA relação entre educação e gênero.
üO papel da família e da escola em mudar as percepções quanto ao tema.

• Todo o esforço visa:
üalcançar a educação justa frente às relações raciais e de gênero;
üenfrentar questões ligadas aos preconceitos histórico-sociais;
üpromover a diversidade na educação e no contexto social.

DIVERSIDADE E GÊNERO

FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

Educação e Diversidade – Prof. Valnete Amorim

                                                         Tema: Diversidade e Gênero


O tema que será estudado neste texto apresentando questões sobre gênero e como esse assunto tem sido visto e trabalhado em sala de aula e quais suas implicações para o processo de ensino aprendizagem.
De imediato é importante observar que o gênero está diretamente relacionado com as questões que envolvem a sexualidade e fazem parte das diferenças presentes na sala de aula e que ainda carrega consigo costumes, conceitos que terminam por exigir uma análise mais detalhada de sua influência no ensino ou na prática pedagógica.
É necessário que você compreenda que o conceito de gênero é amplo e inclui tanto homens como mulheres, bem como a simbologia ligada a estes pelo senso comum, como a feminilidade e a masculinidade. A simbologia remete à ideia ligada ao conceito, ou ao preconceito já existente, “estes símbolos estão associados a cores, astros celestes (sol e lua) espaços sociais (público e privado), características humanas (ser racional ou ser intuitivo) ou ocupações (motorista de caminhão e emprego doméstico)”. (MOREIRA, 2011, p. 90) Na imaginação coletiva algumas destas funções, algumas cores e alguns espaços são determinadas pelo gênero e pertencem a eles, e são de tal forma pertencente a uma dessas categorias que terminam por limitar a presença ou uso de uma destas características pelo outro, a cor rosa representa o gênero feminino, a azul o masculino, dirigir ônibus, por exemplo: é uma profissão masculina e o magistério para as mulheres. Neste aspecto, pode-se afirmar que a maioria dos professores da educação básica no Brasil são mulheres. Você já deve estar compreendendo como um conceito poderá influenciar e determinar o papel de uma pessoa na sociedade, são estas questões que a diversidade analisa, estuda e visa combater apresentando propostas de trabalho em sala de aula.
Até bem pouco tempo, gênero não era um termo muito usado no cotidiano e nem muito discutido, ele vem ganhando espaço por causa das questões culturais que hoje são discutidas no âmbito da sala de aula e na sociedade como um todo.
No que diz respeito às questões sobre a sexualidade o termo preferido era a sexo, mas atualmente gênero tem sido usado em seu lugar para designar as questões ligadas ao masculino e feminino, substituindo, ainda, seus correlatos macho e fêmea, homem ou mulher. Ficando desta forma limitada a esses dois gêneros as questões ligadas à sexualidade.
É a partir dos anos 1960, com os movimentos feministas, que a definição de gênero passou a ser ampliada e entendida de outra maneira, ao perpassar pelos movimentos feministas que procuravam estabelecer uma relação de igualdade entre o masculino e o feminino. Esses movimentos usaram pela primeira vez a definição de gênero “como algo oposto e complementar de sexo, como aquilo que é socialmente construído em oposição ao que seria biologicamente dado” (MOREIRA, 2011, p. 91). É uma definição abrangente, não indicando necessariamente a condição biológica, mas a construção social.
No seio do feminismo, portanto, nasce gender, um termo que, mais tarde, seria adotado pela cultura Ocidental como gênero, esse termo foi criado na Inglaterra pelos grupos feministas e era usado, apenas, para nomear as formas masculinas e femininas na linguagem. Gênero, então, passou a adquirir caráter técnico e foi usado para contrastar com o termo sexo, que designava o que havia sido estabelecido, socialmente como masculino e feminino.
Gênero é um termo menos determinante que a palavra sexo, engloba, portanto, tanto o universo masculino como o feminino, sem, contudo, determinar a sexualidade e neste sentido, gênero é totalmente inovador e contrastante.
Duas definições sobre o termo serão apresentadas; a primeira coloca o termo como opositor e complementar ao sexo, os grupos feministas adotaram essa definição para “combater a força da categorização sexo e suas implicações nas ciências sociais, buscando enfatizar a dimensão social do gênero”. Já, a segunda não o coloca como opositor de sexo, “mas inclui a percepção a respeito do que seja sexo dentro de um conceito socialmente elaborado de gênero, uma vez que assume que as próprias diferenças entre os corpos são percebidas sempre por meio de codificações e construções sociais de significados”. (MOREIRA, 2011, p. 92)
Dessa forma, o conceito engloba toda a simbologia pertencente ao masculino e feminino, inclusive as distinções feitas entre macho e fêmea, e mais as diferenças ou semelhanças entre os sexos, bem como as interações e relações de poder entre homens e mulheres.
No Livro-Texto, sexo e gênero nem são opostos, como desejaram as feministas e nem complementares. Dentro desta categorização é que se forma na prática a compreensão do corpo, da sexualidade e daquilo que significa ser um homem ou uma mulher.
Os movimentos feministas ligados ao pós-estruturalismo afirmam que “gênero não é um conceito que apenas descreve as interações entre homens e mulheres, mas uma categoria teórica referida a um conjunto de significados e símbolos construídos sobre a base da percepção da diferença sexual e que são utilizados na compreensão de todo o universo observado, incluindo as relações sociais e, mais particularmente, as relações entre homens e mulheres” (MOREIRA, 2011, p. 93). Entenda-se por pós-estruturalismo uma teoria que oferecia conceitos úteis a análise feminista, tais como linguagem, discurso, diferença e desconstrução.
Gênero passa a ter, então, uma conceituação mais ampla, indo além do masculino e do feminino, pois abrangendo a dimensão econômica e política tanto dos homens como das mulheres. Neste tema, gênero não será entendido como oposto a sexo e nem como complementar. Isso porque a sociedade não apenas forma a personalidade e o comportamento, como também ela tem o poder de determinar como o corpo é visto, dentro dessa conceituação o “sexo não é algo que esteja, ou seja, separado do gênero, mas, ao contrário, é algo subsumido no gênero”.
Mas que relação essa questão pode ter com a educação, de que maneira ela pode influenciar na aprendizagem ou de que forma se manifesta dentro de uma sala de aula?
A lentidão no processo de democratização do sistema educacional brasileiro trouxe benefícios às mulheres. Este fato tem sido alvo de muitas pesquisas que mostram, quantitativamente, a presença feminina no meio acadêmico, isso inclui desde a educação básica à superior; estas pesquisas ainda apontam para o nível do desempenho delas como superior ao dos meninos e mostram o número de mulheres nas escolas e nas universidades em constante progresso.
Não existem problemas para a aceitação das meninas nas escolas, o problema que a escola enfrenta é a falta de permanência, isto ocorre com mais frequência entre os meninos; o que ajuda a entender como provável razão para o aumento do número de meninas seja mais elevado que o deles, pois no caso deles alguns fatores de ordem socioeconômica podem estar influenciando, por exemplo: os meninos estão com presença muito maior no mercado de trabalho, a maioria vem das camadas mais populares, o que justificaria o abandono da escola, por necessidades financeiras, mas as estatísticas não apontam como causa para evasão. No que diz respeito às meninas, elas assumem o papel de grande importância no trabalho doméstico não remunerado, o que, segundo alguns estudiosos, contribuiu para que “as meninas de camadas populares teriam uma percepção positiva da escola com um espaço de socialização, de liberdade e de realização pessoal, em face de seu confinamento em casa devido à participação no trabalho doméstico e às restrições de uma educação tradicional” (MOREIRA, 2011, p. 98)
Quanto à permanência na escola, por parte dos meninos, os estudiosos têm observado que a questão disciplinar e a gravidade das transgressões são mais frequentes entre os meninos; o que leva alguns estudiosos a algumas conclusões: o baixo nível de resultados escolar entre os meninos pode ser explicado pela presença deles no mercado de trabalho e que as reais causas da evasão e dificuldades devem ser procuradas dentro da própria escola e não fora dela.
Outro dado importante apresentado nas entrevistas diz respeito ao conceito de bom, mais uma vez as meninas destacam-se, elas são vistas como responsáveis, organizadas, estudiosas, sossegadas, caprichosas e atentas, no entanto menos inteligentes que os meninos, que são, literalmente, seus opostos.
No processo de ensino aprendizagem e sua relação com gênero, parece haver uma necessidade de maior compreensão da forma como meninos e meninas aprendem, é necessário observar essas diferenças, elas fazem parte do ser e precisam ser entendidas, para que a educação seja eficaz e eficiente em seu processo.

ATIVIDADES
01 - Na leitura você viu que existem simbologias ligadas aos gêneros apresente, pelo menos, quatro simbologias ligadas a eles.
02 - Você terá que preparar uma aula sobre as questões de gênero para apresentar aos seus alunos. Dê destaque ao modo como as questões sobre gênero surgiram; em que contexto nasceram, o que descrevem, o que significam as simbologias que envolvem tais questões. Munindo se das informações presentes na leitura, topicalize os aspectos que devem ser apresentados.
03 - Você viu que o número de pessoas do gênero feminino na escola é maior que o dos meninos; segundo o texto que fatores poderiam estar contribuindo para essa realidade?

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE

Faculdade Anhanguera de Anápolis
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE – Profa. Valnete Amorim

Prática Pedagógica em Ambientes Educacionais Multiculturais

Neste tema, você estudará a Prática Pedagógica em Ambientes Educacionais Multiculturais. Levar em consideração o multiculturalismo na educação exige mudanças no comportamento do professor em sala de aula em que precisa estar adequadamente preparado para atender a esta demanda. Moreira e Candau (2011) afirmam que (práticas pedagógicas) isto já vem acontecendo com muito mais frequência que o suposto.
Um ambiente educacional multicultural é aquele em que todos são considerados como iguais, é um local onde todos são tratados da mesma forma, não deveria existir nenhum tipo de preconceito ou discriminação derivada de quaisquer diferenças causadas por crença, raça, cor, mito, cultura. “O saber ambiental questiona todas as disciplinas e todos os níveis do sistema educacional. A formação ambiental implica assumir com paixão e compromisso a criação de novos saberes e recuperar a função crítica e prospectiva do conhecimento [...] e discutir os métodos tradicionais de ensino, colocando novos desafios à transmissão do saber, em que existe uma estreita relação entre pesquisa, docência, [discência, cultura] difusão e extensão do saber. A educação ambiental [multicultural] exige, pois, novas atitudes dos professores e alunos, novas relações sociais para a produção do saber (...) e, novas formas de inscrição da subjetividade nas práticas pedagógicas”. (LEFF, 2001, p. 220-221)
Um ambiente multicultural tira o foco do professor e o coloca sobre o aluno e suas necessidades e diferenças.
É importante compreender que “A escola como instituição está construída tendo por base a afirmação de conhecimentos considerados universais, uma universalidade muitas vezes formal que, se aprofundamos um pouco, termina por estar assentada na cultura ocidental e europeia, considerada como portadora da universalidade” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 33). Isso porque ela se fundamenta na visão e conceituação do colonizador.
A educação multicultural leva para a sala de aula assuntos amplamente expostos pela mídia, tais como: gênero, sexualidade, religiões afro, homossexualidade. Todos presentes no dia a dia, mas raramente são trabalhados em sala de aula como instrumentos de debates que venham a promover na sociedade, um novo olhar sobre o outro e suas diferenças; é essa “quebra” de padronização ou perpetuação que o multiculturalismo propõe. É uma exigência multicultural que, simplesmente, não aceita de forma passiva o universalismo, fruto da colonização do europeu. É a importância desta compreensão que determinará a mudança do ambiente da sala de aula, porque “exige desvelar o caráter histórico e construído dos conhecimentos escolares e sua íntima relação com os contextos sociais em que são produzidos. Obriga-nos a repensar nossas escolhas, nossos modos de construir o currículo escolar e nossas categorias de análise da produção dos nossos alunos/as” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 33). “A problemática das relações entre a diversidade cultural e o cotidiano escolar constitui, portanto, um tema de especial relevância para a construção de uma escola verdadeiramente democrática hoje.”
A ambientação multicultural precisa ser um lugar no qual se desenvolve a sensibilidade desta pluralidade e de seus valores culturais, e que, ainda, possa trabalhar com o propósito de recuperar os valores culturais ameaçados de desaparecimento, por exemplo: a cultura indígena.
A ambientação multicultural também pode trabalhar valores mal compreendidos e, neste caso específico, pode-se tomar, como exemplo: a questão racial.
Como você pode ver é uma proposta de trabalho ampla e diversificada que visa combater, instruir e corrigir as injustiças cometidas contra minorias, levando os alunos à compreensão e a obtenção de uma nova ótica do que realmente aconteceu; diante de uma nova construção de conceito, isto poderá promover mudança social.
Compreender e conhecer as injustiças que foram cometidas sob a perspectiva do oprimido, significa oferecer uma nova oportunidade de conhecimentos sobre o fato, e com essa nova compreensão somado ao apoio da comunidade, conceitos antigos serão transformados, é como diz Moreira: “ajudar os que foram excluídos não é mais uma tarefa humanitária. É do próprio interesse do Ocidente: a chave de sua segurança”. (BECK, 2001, p. 4).
O ambiente multicultural possibilita o conhecimento do outro e permite o dialogo entre os diferentes grupos sociais e culturais que foram silenciados por décadas nas escolas. Segundo Walsh é um “Um intercâmbio que se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e práticas culturalmente diferentes, buscando desenvolver um novo sentido entre elas na sua diferença; espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade não são mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados” (MOREIRA;CANDAU, p 23).
Essa transformação não é consequência das novas tecnologias, mas da capacidade que a escola tem de proporcionar diálogos com os diferentes, com as diferentes culturas e mudanças culturais presentes no contexto social onde ela se integra. “A escola é concebida como um centro cultural em que diferentes linguagens e expressões culturais estão presentes e são produzidas”. (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 34).
O Livro-Texto narra a experiência de um ambiente escolar que teve como proposta de trabalho, durantes as aulas de leitura, a maneira como poderiam contribuir para a reconstrução das visões de raça, gênero e sexualidade dos alunos. O trabalho realizado seguiu os seguintes passos: seleção da turma com alunos de maior faixa etária, esse fato ajudou na discussão dos assuntos, sala com menos alunos que facilitou as discussões, foram realizados doze encontros com 60 minutos cada um, que funcionaram da seguinte forma: primeiramente, foi feita uma introdução sobre a temática da pluralidade cultural, neste primeiro momento, foi feito um exercício para que os alunos percebessem o “arco-íris de diferenças” presentes no contexto a ser trabalhado; e nos encontros que se seguiram o foco foi a “raça negra”, depois novos assuntos, foram igualmente trabalhados, como gênero e sexualidade.
O aspecto mais interessante desta intervenção foi a prática do discurso e letramento, pois segundo Moreira e Candau (2011, p. 57): “Aquilo que os sujeitos dizem aos outros e aquilo que lhes dizem têm papel central em sua formação”, ainda, “um traço da natureza social do discurso é ‘o fato de que ao mesmo tempo em que levamos em consideração a alteridade quando se engaja no discurso, também se pode alterar o outro e o outro pode modificar” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p.57), dessa forma, as práticas de letramento, leitura e discussão de textos, são por excelência ideais para provocar e promover a interação entre autor-leitor e entre diferentes leitores, como um recurso de reconstrução de sujeitos. A prática de letramento é um interessante instrumento de trabalho em um ambiente multicultural, pois a partir dele é possível levar o aluno à reflexão e mudança de pensamento.
A prática citada permitiu que os alunos tivessem a visão sobre o negro ao longo da história: como sujeitos marginalizados, discriminados e feios. Com certeza, essas concepções, aceitas sobre os negros, estão carregadas da herança cultural advinda da escravidão e do padrão cultural do branco, colonizador.
Mello (2009) relata outra experiência muito interessante que foi vivenciada pela “professora Lívia Maria Ferreira Soares engajada na luta contra o preconceito racial e que também fazia parte do COMIRA (Conselho Municipal pela Igualdade Racial) do município de São João de Meriti, surgiu a possibilidade de trabalhar o tema do preconceito racial numa perspectiva multicultural, durante suas aulas de Literatura, visto que em uma de suas discussões sobre o poeta Castro Alves, ao propor um debate o tema “Livres dos açoites da senzala, presos à miséria da favela”, percebeu que entre os alunos havia falas bastante preconceituosas. Portanto, conhecendo trabalhos anteriores em relação aos episódios de discriminação racial ocorridos no ambiente escolar e nos casos relatados por professores em suas entrevistas (SANTOS; CANEN, 2007), a professora solicitou uma intervenção em suas aulas para que pudéssemos discutir, juntamente com os alunos, sobre essa questão”. (MELLO, 2009)
Veja que a opção não foi pelas novas tecnologias, mas por intermédio das aulas de literatura. A escola não transforma seu ambiente apenas com a introdução de novas tecnologias, mas, sobretudo, com a sua capacidade de dialogar com os processos de mudanças culturais, que estão presentes em toda a população, tendo, no entanto, maior incidência entre os jovens e as crianças, configurando suas identidades.
Uma escola que procura adotar um ambiente multicultural é aquela que olha para o seu aluno como um todo, que adota uma linguagem ou que possibilita a escolha de um segundo idioma que poderia ser, no caso dos índios, seu idioma nativo. É uma escola que tem uma biblioteca rica, variada, que permite o contato com todas as diferenças culturais, a escola que está pronta para comemorar as diferenças culturais, e aproveita estes momentos para estudar a diversidade. Ainda, existe nela uma luta permanente contra o racismo. O currículo não privilegia nenhuma cultura, investe na formação de seus professores, que são devidamente qualificados e treinados para trabalharem de acordo com a visão multicultural.

GLOSSÁRIO
Ambiente multicultural: é aquele em que todos são considerados como iguais, é um local onde todos são tratados da mesma forma, não deveria existir nenhum tipo de preconceito ou discriminação derivada de quaisquer diferenças.
Formação ambiental: implica assumir com paixão e compromisso a criação de novos saberes e recuperar a função crítica e prospectiva do conhecimento.
Quebra de padronização: ruptura provocada pela compreensão e percepção de um conceito anterior, advindo de uma estrutura tradicional dentro de um padrão de escola com modelo do colonizador.
Universalismo: conjunto de valores tidos e considerados como universais, e que não dependem das culturas presentes nas diferentes comunidades estes valores são considerados por todos, tendo o mesmo valor, cultural, social e moral.

ATIVIDADES
01 - Ao falar sobre a necessidade de um ambiente multicultural, na realidade fala-se da mudança da prática pedagógica e da construção de um ambiente que proporcione uma maior interação entre as várias manifestações culturais e as diversidades. Por que é importante conhecer as teorias que estudam essas mudanças na prática educativa?

02 - Sobre o conceito do ambiente multicultural, marque (F) para as alternativas falsas e (V) para as verdadeiras.
a) Uma educação multicultural pode ser facilmente adaptada e não exige mudanças para que a sua prática seja efetivada.
b) Em um ambiente multicultural todos são igualmente aceitos e tratados da mesma forma.
c) Um saber ambiental não questiona todas as disciplinas e todos os níveis educacionais.
d) Não existe a menor necessidade de se discutir sobre os métodos tradicionais de ensino que podem ser perfeitamente adequados aos formados  multicultural.
e) A formação multicultural exige novas atitudes dos professores e alunos, novas relações sociais para a produção do saber.

03 - Relacione os conceitos aos conteúdos.
(    ) Num ambiente multicultural.
(    ) A formação ambiental.
(    ) Assuntos abordados por uma educação multicultural.
(    ) A ambientação multicultural.
(    ) O conhecimento do outro é alcançado
(a) Todos são considerados como iguais.
(b) Implica assumir com paixão e compromisso a criação de novos saberes e recuperar a função crítica e prospectiva do conhecimento.                  
(c) Gênero, racismo, religiões afro, sexualidade.
(d) Precisa ser um lugar no qual se desenvolva a sensibilidade desta pluralidade e de seus valores culturais.

(e) Pelo diálogo realizado entre os diferentes grupos sociais.

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