UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ELIANE CRISTINA MARIANO
GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO
AMBIENTE ESCOLAR
ANÁPOLIS – GO
2016
UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ELIANE
CRISTINA MARIANO
GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO
AMBIENTE ESCOLAR
Artigo Científico Apresentado à
Universidade Candido Mendes – UCAM, como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Docência do Ensino Superior e Inspeção Escolar.
ANÁPOLIS – GO
2016
GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO
AMBIENTE ESCOLAR
Eliane
Cristina Mariano
RESUMO
No decorrer
deste estudo será discutido a gestão de uma escola de forma
democrática e participativa na construção da autonomia no
âmbito escolar,
compreendendo que uma gestão democrática é sempre uma luta política e
pedagógica. O objetivo deste artigo é envolver a todos: pais, alunos,
funcionários, professores, gestores e comunidade local com o intuito de
promover o diálogo, a reflexão, a união, a construção coletiva, contribuindo
para o processo de mudanças. Utilizou-se pesquisas
bibliográficas com contribuições de vários autores como FREIRE (2004), CURY
(2002), LUCK
(2010) entre outros,
tendo como tema a gestão democrática e participativa visando o bem dos
indivíduos que compõem o interior de uma escola. Conclui-se que é importante haver mudanças na pratica educativa para
melhorar a qualidade do ensino, que existem desafios as quais precisam ser
enfrentados, que é preciso a colaboração de todos que compõem a escola, para que
uma gestão se concretize na sua transparência, tornando-se uma gestão
democrática e participativa.
Palavras-chave: Ambiente Escolar. Gestão
Democrática. Aprendizagem. Gestão Participativa. Coletivo
Introdução
A preocupação
com a gestão de uma escola tem-se tornando um desafio para os educadores,
portanto este trabalho foi desenvolvido com a intenção de trazer reflexão na
busca de solucionar os problemas existentes no âmbito educacional.
Existem escolas sendo
regida pelo autoritarismo camuflado, cabendo a todos os profissionais da
educação participar, buscando meios eficazes que tornem a gestão realmente
democrática e participativa.
Luck afirma:
Ao constatar
este fato é preciso convocar professores, pais, alunos, funcionários,
coordenadores, comunidade local a participarem juntos, na construção de uma
gestão democrática e participativa, consolidando assim um novo processo de
gestão, onde a democracia seja a alavanca de um novo poder e de uma nova
cultura escolar.
Baseado nestes
argumentos buscou-se respostas diante das seguintes indagações:
Ø
Como
desenvolver ações que tornem a escola democrática e participativa?
Ø
Qual
o papel da gestora frente a questão da gestão democrática e participativa?
Ø
Que
desafios enfrentar para a consolidação de uma gestão democrática e participativa?
A escola é uma
organização formadora de cidadãos críticos, participativos e autônomos, capazes
de socializarem entre si, com atitudes humanas e respeito ao próximo, por isso
cabe aos gestores delegar poderes em prol do ensino-aprendizagem do educando.
A gestão
democrática existe devido a lutas organizadas pelos educadores por uma educação
de qualidade resultando na aprovação da Lei constituída pela Constituição
Federal (BRASIL, C. F. art. 206, 2006), garantindo a legitimidade das escolas
para exercê-la na sua prática para a melhoria da qualidade da educação.
Segundo Gadotti
(2001), de que serve uma lei que garante autonomia administrativa, pedagógica e
financeira se as escolas não conhecem o verdadeiro significado político da
autonomia, onde o exercício da mesma não é dádiva, mas uma construção continua,
individual e coletiva.
Diante das
palavras do autor uma gestão democrática é exercida com a participação de todos
os indivíduos integrantes da comunidade escolar, com suas ideias, ações, suas
diversidades, maneiras de pensar, onde as diferenças não impeçam ações
coerentes, responsáveis e transformadoras.
O objetivo deste
trabalho é conscientizar a todos que fazem parte da instituição escolar a
importância de uma gestão aberta ao dialogo, formadora de uma equipe
participativa, construidora de um ambiente que permite o bem estar coletivo,
que visa o melhor para a escola, resultando na melhoria da educação, cabendo ao
gestor proporcionar um ambiente estimulante, onde os funcionários e professores
sentem-se encorajados e dispostos a trabalharem, promovendo um trabalho
coletivo cooperativo e prazeroso.
Antigamente as
escolas baseavam-se no ensino tradicional, era exercido o autoritarismo, os
professores eram meros transmissores de conhecimento, o aluno mero espectador,
não havia o coletivo, o diretor era o centro, delegando ordens sem ser
questionado.
De acordo com Cury (2002, p.170):
...comandos
autoritários de mandamentos legais, os quais, por sua vez, se baseavam mais no
direito da força do que na força do direito (...). Em certo sentido, a dimensão
pública do serviço público que é a educação escolar, foi executada por razões
muito mais próximas do privado e do secreto do que a da transparência do
público. O temor, a obediência e o dever suplantaram o respeito, o diálogo e o
direito.
Nos dias atuais
houve mudanças significativas em relação ao modo como administrar uma escola,
como diz Libâneo: “hoje estão disseminadas práticas de gestão participativa,
liderança participativa, atitudes flexíveis e compromisso com as necessárias
mudanças na educação”.
Para a
concretização deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Para Lakatos
e Marconi (2007, p. 15) pesquisa bibliográfica “é um procedimento formal, com
método de pensamento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui
no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Para a
finalização do texto baseou-se em teorias de grandes estudiosos da educação,
como: Araújo (2000), Bastos (2002), Cury (2002), Freire (2004), Gadotti (1997),
Gandim (1999), Lakatos e Marconi (2007)), Luck ( 2010), Luckesi (2007), Santos
(2006), Severino (2007), Veiga (2001), Westrupp (2003). Esses autores da
educação argumentam que a realização de um trabalho participativo, democrático
e autônomo, envolvendo todos os que compõem a comunidade escolar, contribuirá
para a ruptura do autoritarismo que ainda reina nas escolas na busca de uma
educação de qualidade.
Desenvolvimento
É na escola que as pessoas vão se
tornando seres pensantes e questionadores, deixando a escola de ser apenas geradora de
conhecimentos, um
lugar onde as pessoas se socializam e trocam idéias entre si.
É preciso que a gestão de uma escola seja
transmissora e produtora de saberes, vinculando o trabalho coletivo e
compartilhado com todos que de alguma forma fazem parte deste mundo,
respeitando as suas funções especificas, reconhecendo a sua importância no
planejamento global da escola, garantindo assim a participação dos professores, pais, estudantes, funcionários,
comunidade local e equipe gestora na tomada
de decisão. Nesse ínterim a participação de todos constitui um alicerce
fundamental a ser implantada pelos diferentes atores que constitui o cotidiano
escolar.
Segundo Luckesi, ( 2007): “Uma escola é o que são os seus gestores, os seus educadores, os pais
dos estudantes, os estudantes e a comunidade. A ‘cara da escola’ decorre da
ação conjunta de todos esses elementos. A própria sala de aula é um lugar de
gestão e, principalmente, de aprendizagem da gestão democrática, não só da
escola, mas da vida. Exercitar a gestão democrática na escola é uma forma de
ensinar e aprender”.
É preciso aprender a viver
no coletivo, onde a liberdade e a individualidade seja a essência do crescer.
Como diz Gadotti: “A gestão democrática é condicionante imprescindível
da qualidade”.
É imprescindível que uma
gestão para ser democrática e participativa saiba compartilhar e fazer amigos,
pois de acordo com Paulo Freire (2004), “o diretor é
gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada
funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo e irmã”.
Trabalho
coletivo significa mediar ações que não permitem que os
obstáculos sejam capazes de imobilizar, na busca de um objetivo maior que é a aprendizagem
plena do alunado e do sucesso da instituição escolar, do seus interesses e motivações
que move o coletivo.
Através desta visão que
se procura entender o papel do gestor, reconhecendo que a educação é imprescindível
na busca do conhecimento e da autonomia, mas que precisa da união de todos na
busca de uma sociedade livre do autoritarismo, de uma educação fragmentada, de
uma opressão que está inerente na sociedade em questão. Por isso é fundamental
que o gestor assuma uma postura democrática e compromissada a serviço da comunidade.
Assim, surgem vários
desafios para que a gestão se torne democrática e participativa. Neste contexto
compreender quais desafios e quais as ações devem ser tomadas dentro da escola,
com a participação de todos: gestora, pais, comunidade, professores, e, demais
profissionais da educação na procura de uma gestão verdadeiramente democrática na
escola, principalmente na realidade em que vivemos, onde a escola se distancia
do verdadeiro sentido real da democracia, impõem mudanças no âmbito escolar,
pois Santos diz (2006, p.25) para haver uma democracia plena é preciso haver
pessoas democráticas para exercê-las e meios para que isso aconteça.
De acordo com Santos:
Com está visão é
indiscutível o papel do gestor como principal responsável pela escola, trabalhando
em conjunto com todos, ter comportamento otimista e de confiança, saber
comunicar, saber ouvir, onde o respeito e a confiança tragam benefícios para a
instituição escolar, gerando pessoas dispostas e encorajadas, oportunizando
assim uma gestão participativa, onde é delegado poder na tomada de decisão.
A escola terá
rendimento positivo com a participação dos alunos, professores, funcionários,
comunidade, se houver atuação e envolvimento da equipe, através de um trabalho
individual unido com ações coletivas no processo participativo.
Conforme Westrupp
(2003, p. 62):
Uma gestão para ser
democrática precisa da participação de todos os envolvidos num só objetivo “visando
o bem estar social” e a aprendizagem do aluno, tornando-o um “cidadão crítico e
preparado para a sociedade”.
São muitos os desafios enfrentados
no âmbito escolar diante de tanta carência, individualismo e falta de parceria
com a família. Vivemos em uma sociedade
que se transforma a cada dia e precisamos nos adaptar a essas mudanças, para
isto é preciso que haja interação, participação continua, havendo uma ligação
entre familia-escola, onde é preciso tomar decisões, haver comprometimento e
atuando para a aprendizagem efetiva e significativa do educando, onde todos
possam sentir seguros em opinar e sugerir.
Bastos (2002, p. 58)
nos afirma: [...]
Torna-se um desafio fazer com que os pais
participem das ações da escola. É preciso criar meios que façam com que pais se
interessem pelo que está acontecendo na escola favorecendo a sua participação
efetiva na tomada de decisão. Como diz Werneck (2001, p.91): “São boas as
escolas que estão em sintonia com a comunidade”. E também Paro (2001, p.27): “Se
a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da
escola?”
Segundo os autores
existe uma real necessidade da escola se aproximar da comunidade com o intuito
de sondar quais os seus problemas e interesses e também para incluí-las nas
ações e decisões tomadas pela escola, pois não é só trazer os pais a escola,
mas também ir até eles e conhecê-los.
Os envolvidos com a
educação precisam ter em mente seu papel diante dos desafios que a educação
apresenta para assim acharem soluções que amenizem os problemas encontrados no
âmbito escolar.
É importante a
participação na elaboração do projeto pedagógico da escola desde o inicio até a
efetivação das propostas desenvolvidas nele.
Diante disto Veiga diz
que:
Nessa perspectiva a
gestão para ser democrática e participativa deve ser analisada como algo
importante e decisório do fazer pedagógico e para garantir a participação de
todos da comunidade escolar, sendo extremamente indispensável para a construção
e efetivação de um ensino de qualidade que valorize o respeito, a dignidade
humana e a cidadania.
Conclusão
Considera-se que é preciso
pensar numa gestão de forma diferente, procurando mudar as práticas utilizadas
para melhora da qualidade da educação, para isso é preciso enfrentar os
desafios dos dias atuais para assim podermos inovar para superar os problemas
encontrados no dia a dia da escola. Partindo deste principio é imprescindível o
planejamento participativo valorizando as idéias trazidas pelos integrantes da
comunidade escolar tornando-os participantes do processo educativo.
De acordo com Gandin (1999, p.47):
É importante implantar
projetos que valorizem o ensino-aprendizagem do aluno, priorizando o
desenvolvimento integral dos mesmos e a participação de todos, só assim a
escola será valorizada pela comunidade escolar numa gestão verdadeiramente
democrática e participativa, onde segundo Morreto, (2005, 73) seja fundamentada na “preparação do cidadão
para sua inserção na sociedade, na qual viverá como cidadão e como profissional
de alguma área da atividade humana”.
É preciso envolver todos no
trabalho da escola, valorizando cada membro da equipe em suas particularidades
para que acreditem no seu valor pessoal e profissional, participando do
cotidiano escolar, compartilhando acertos e desacertos, onde a confiança, o
respeito, a sinceridade, fortalece a equipe, construindo relações saudáveis e
solidárias num ambiente transparente na formação e aprimoramento pessoal e
profissional.
Segundo Araújo:
Como diz o autor a transparência
é essencial no cotidiano escolar, pois ela garante a convivência harmoniosa
entre os envolvidos, trazendo confiança e respeito para a afirmação da gestão
democrática e participativa.
Em
suma a gestão democrática e participativa está ligada à comunidade a que
pertence procurando atender aos anseios sociais desta comunidade, tendo como
meta conduzir e organizar as instituições educacionais, envolvendo a comunidade
na escolha do diretor e fazendo parte do conselho escolar, buscando assim
desenvolver a potencialidade dos envolvidos, garantindo a eles oportunidades
para expor suas opiniões, com vista na democratização e na participação de
todos para a melhoria da educação. Assim como diz Gadotti (1997, p. 16) através
da participação todos os que fazem parte da comunidade escolar podem entender melhor
como funciona a escola, ter conhecimento mais profundo dos que nela estudam e
trabalham, intensificando assim seu envolvimento, através disso acompanhar
melhor o ensino por ela ministrado e através desse conhecimento contribuir para
uma escola que prioriza o aluno e valoriza a todos que nela trabalham.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO,
Adilson César de. Gestão democrática da educação: a posição dos docentes.
PPGE/UnB. Brasília. Dissertação de Mestrado, mimeog., 2000.
CURY,
C.R.J. Gestão Democrática da Educação: exigência e desafios. RBPAE, V.18
nº 2, jul-dez 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola:
princípios e preposições. São Paulo: Cortez, 1997.
GANDIN, Danilo – Temas para
um projetopolítico-pedagógico / Danilo Gandin, Luis Armando Gandin –
Petrópolis , RJ: Vozes, 1999.
LUCK,
Heloísa. A gestão participativa na escola. 6ª.ed.Rio de Janeiro: editora vozes,
2010. Loyola, São Paulo, Brasil.
LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e
sala de aula. ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007.
MARCONI,
M. de A.; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. 5.ed. rev. ampl.
São Paulo: Atlas, 2001. p. 43-44.
SANTOS,
Maria Araújo Lobo. Modelos de gestão: qualidade e produtividade. Curitiba:
IESDE,2006.
VEIGA,
A Ilma Passos. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: Uma construção
possível. 12ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2001.
WESTRUPP,
Marlene Feuser. Gestão escolar participativa: novos cenários de competência
participativa. (Dissertação de Mestrado). 2003. Universidade do Estado de Santa
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação.