quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

SCSI


As controladoras SCSI (pronuncia-se "iscâzi") são as tradicionais concorrentes das interfaces IDE. O primeiro padrão SCSI (SCSI 1) foi ratificado em 1986, na mesma época em que os primeiros HDs IDE chegaram ao mercado, e consistia em controladoras de 8 bits, que operavam a 5 MHz, oferecendo um barramento de dados de até 5 MB/s
Em 1990, foi lançado o padrão Wide SCSI (SCSI 2). A frequência continuou a mesma, mas as controladoras passaram a utilizar um barramento de 16 bits, o que dobrou a taxa de transmissão, que passou a ser de 10 MB/s.
Em seguida surgiram os padrões Fast SCSI (8 bits) e Fast Wide SCSI (16 bits), que operavam a 10 MHz e ofereciam taxas de transferência de, respectivamente, 10 MB/s e 20 MB/s.
A partir daí, surgiram os padrões Ultra SCSI (8 bits, 20 MHz = 20 MB/s), Wide Ultra SCSI (16 bits, 20 MHz = 40 MB/s), Ultra2 SCSI (8 bits, 40 MHz = 40 MB/s) e Wide Ultra2 SCSI (16 bits, 40 MHz = 80 MB/s). Veja que até a evolução foi bastante previsível, com um novo padrão simplesmente dobrando a frequência e, consequentemente, a taxa de transferência do anterior.
Nesse ponto o uso de controladoras de 8 bits foi abandonado e surgiram os padrões Ultra160 SCSI, onde a controladora opera a 40 MHz, com duas transferências por ciclo, resultando em um barramento de 160 MB/s e o Ultra 320 SCSI, que mantém as duas transferências por ciclo, mas aumenta a frequência para 80 MHz, atingindo 320 MB/s.
Além da diferença na velocidade, as antigas controladoras de 8 bits permitiam a conexão de apenas 7 dispositivos, enquanto as atuais, de 16 bits, permitem a conexão de até 15.
Diferentemente do que temos em uma interface IDE, onde um dispositivo é jumpeado como master e outro como slave, no SCSI os dispositivos recebem números de identificação (IDs) que são números de 0 a 7 (nas controladoras de 8 bits) ou de 0 a 15 nas de 16 bits. Um dos IDs disponíveis é destinado à própria controladora, deixando 7 ou 15 endereços disponíveis para os dispositivos.
O ID de cada dispositivo é configurado através de uma chave ou jumper, ou (nos mais atuais), via software. A regra básica é que dois dispositivos não podem utilizar o mesmo endereço, caso contrário você tem um conflito similar ao que acontece ao tentar instalar dois HDs jumpeados como master na mesma porta IDE.
A maioria dos cabos SCSI possuem apenas 3 ou 4 conectores, mas existem realmente cabos com até 16 conectores, usados quando é realmente necessário instalar um grande número de dispositivos.
No barramento SCSI temos também o uso de terminadores, que efetivamente "fecham" o barramento, evitando que os sinais cheguem à ponta do cabo e retornem na forma de interferência. Na maioria dos casos, o terminador é encaixado no dispositivo, mas em alguns basta mudar a posição de uma chave. Também existem casos de cabos que trazem um terminador pré-instalado na ponta.
Note que estou usando o termo "dispositivos" e não "HDs", pois (embora raro hoje em dia) o padrão SCSI permite a conexão de diversos tipos de dispositivos, incluindo CD-ROMs, impressoras, scanners e unidades de fita.
Chegamos então na questão dos cabos. O SCSI permite tanto a conexão de dispositivos internos quanto de dispositivos externos, com o uso de cabos e conectores diferentes para cada tipo. As controladoras de 8 bits utilizam cabos de 50 vias, enquanto que as 16 bits utilizam cabos de 68 vias. Este da foto é um HD Ultra320 SCSI, que utiliza o conector de 68 pinos:

As controladoras SCSI são superiores às interfaces IDE em quase todos os quesitos, mas perdem no mais importante, que é a questão do custo. Como a história da informática repetidamente nos mostra, nem sempre o padrão mais rápido ou mais avançado prevalece. Quase sempre um padrão mais simples e barato, que consegue suprir as necessidades básicas da maior parte dos usuários, acaba prevalecendo sobre um padrão mais complexo e caro.
De uma forma geral, o padrão IDE tornou-se o padrão nos desktops e também nos servidores e estações de trabalho de baixo custo, enquanto o SCSI tornou-se o padrão dominante nos servidores e workstations de alto desempenho. Em volume de vendas, os HDs SCSI perdem para os IDE e SATA numa proporção de mais de 30 para 1, mas ainda assim eles sempre representaram uma fatia considerável do lucro líquido dos fabricantes, já que representam a linha "premium", composta pelos HDs mais caros e de mais alto desempenho.
Até pouco tempo, era comum que novas tecnologias fossem inicialmente usadas em HDs SCSI e passassem a ser usadas em HDs IDE depois de ficarem mais baratas. Isso acontecia justamente por causa do mercado de discos SCSI, que prioriza o desempenho muito mais do que o preço. Hoje em dia isso acontece com relação aos HDs SATA e SAS.
Além do custo dos HDs, existe também a questão da controladora. Algumas placas-mãe destinadas a servidores trazem controladoras SCSI integradas, mas na grande maioria dos casos é necessário comprar uma controladora separada.
As controladoras Ultra160 e Ultra320 seriam subutilizadas caso instaladas em slots PCI regulares (já que o PCI é limitado a 133 MB/s), de forma que elas tradicionalmente utilizam slots PCI-X, encontrados apenas em placas para servidores. Isso significa que mesmo que você quisesse, não poderia instalar uma controladora Ultra320 em seu desktop. Apenas mais recentemente passaram a ser fabricadas controladoras PCI-Express.
Como de praxe, vale lembrar que a velocidade da interface não corresponde diretamente à velocidade dos dispositivos a ela conectados. Os 320 MB/s do Ultra320 SCSI, por exemplo, são aproveitados apenas ao instalar um grande número de HDs em RAID.
Existem muitas lendas com relação ao SCSI, que fazem com que muitos desavisados comprem interfaces e HDs obsoletos, achando que estão fazendo o melhor negócio do mundo. Um HD não é mais rápido simplesmente por utilizar uma interface SCSI. É bem verdade que os HDs mais rápidos, de 15.000 RPM, são lançados apenas em versão SCSI, mas como os HDs ficam rapidamente obsoletos e têm uma vida útil limitada, faz muito mais sentido comprar um HD SATA convencional, de 7.200 ou 10.000 RPM, do que levar pra casa um HD SCSI obsoleto, com 2 ou 3 anos de uso.












Sigla para Small Computer Systems InterfaceSCSI é, basicamente, uma tecnologia criada para permitir a comunicação entre dispositivos computacionais de maneira rápida e confiável. Sua aplicação é mais comum em HDs (discos rígidos), embora outros tipos de aparelhos tenham sido lançados tirando proveito desta tecnologia, como impressoras, scanners e unidades de fita (geralmente usadas para backup).
Trata-se de uma tecnologia antiga. Sua chegada ao mercado aconteceu oficialmente em 1986, mas seu desenvolvimento foi iniciado no final da década anterior, tendo o pesquisador Howard Shugart, considerado o criador do floppy disk (disquete), como principal nome por trás do projeto.
Pronunciado como "iscãzi", esta tecnologia se mostrou extremamente importante nos anos seguintes, especialmente porque os processadores passaram a ficar cada vez mais rápidos. Com o SCSI, os HDs e outros dispositivos puderam, de certa forma, acompanhar este aumento de velocidade.

Como o SCSI funciona?
A tecnologia SCSI tem como base um dispositivo de nome Host Adapter, também conhecido como controladora. Em outras palavras, trata-se do item responsável por permitir a comunicação entre um dispositivo e o computador por meio da interface SCSI. A controladora pode estar presente na placa-mãe ou ser instalada nesta a partir de um slot livre, por exemplo.

Além da velocidade, a tecnologia SCSI também oferece a vantagem de permitir a conexão de vários dispositivos a partir de um único barramento. No entanto, apenas dois dispositivos podem se comunicar ao mesmo tempo. Esta limitação existe porque um dispositivo precisa fazer o papel de "iniciador" (initiator) da comunicação, enquanto o outro assume a função de "destinatário" (target).
Assim, é possível, por exemplo, ter cincos discos rígidos ligados ao computador por meio de uma controladora SCSI, mas a comunicação ocorre somente com um por vez. Para que esta comunicação seja possível, cada dispositivo recebe uma identificação exclusiva (SCSI ID).
A quantidade máxima de dispositivos conectados depende da versão do SCSI. No que é conhecido como SCSI-1, pode-se ter até oito dispositivos conectados, sendo um deles o Host Adapter. Versões sucessoras do SCSI suportam até 16 dispositivos conectados.
A identificação deve ser feita seguindo os números de 0 a 7 no SCSI-1 ou de 0 a 15 em outras versões. Esta configuração pode ser feita manualmente a partir de chaveamento ou jumpers(pequenas peças com interior de metal). Normalmente, o Host Adapter deve receber a numeração 7. Obviamente, se dois ou mais dispositivos receberem a mesma SCSI ID, haverá conflitos na comunicação.
Apenas para efeitos comparativos, a tecnologia IDE permite a conexão de apenas dois dispositivos em cada barramento, sendo um identificado como master e o outro como slave. Esta configuração também é feita por jumpers. Neste caso, a comunicação é realizada por meio de cabos flat que possuem três conectores: um é ligado à placa-mãe e os demais aos HDs (ou a outros dispositivos que utilizam a interface, como leitores de CD/DVD).Pode-se utilizar um esquema semelhante no SCSI - é possível encontrar cabos SCSI que suportam até quinze dispositivos -, tudo depende da aplicação.
Há, entretanto, uma particularidade nas conexões SCSI: estas precisam de um sistema de "terminação", que normalmente é ativado no último dispositivo conectado ao cabo. Este mecanismo costuma ser formado por um conjunto de resistores que tem a função de impedir que os sinais da transmissão retornem pelo barramento, como se fosse um efeito de "bate e volta".
Os sinais são transmitidos, basicamente, de três formas:
- Single-Ended (SE): neste modo, o sinal é emitido pela controladora para todos os dispositivos conectados por meio de uma única via. Como o sinal se degrada ao longo do percurso, é recomendável que a conexão toda não tenha mais do que 6 metros. Por ser de implementação simples, este meio de sinalização é bastante utilizado;
- High-Voltage Differential (HVD): neste modo, o sinal é transmitido por meio de duas via, característica que o torna mais resistente a problemas de interferência, uma vez que é possível identificar variações a partir do cálculo de diferenças das voltagens de ambas. Aqui, os dispositivos conectados podem receber um sinal e retransmití-lo até chegar ao destino. Com isso, este tipo de sinalização consegue ser mais rápido e pode ser utilizado em cabos mais longos, com até 25 metros;
- Low-Voltage Differential (LVD): este modo é semelhante ao HVD, mas utiliza voltagens menores. Conexões LVD devem ter cabos de até 12 metros.
Vale frisar ainda que a tecnologia SCSI pode trabalhar com os modos de transmissão assíncrono e síncrono. O primeiro permite ao iniciador enviar um comando e aguardar uma resposta em todas as operações. O segundo funciona de maneira semelhante, mas é capaz de enviar vários comandos antes de receber a resposta da solicitação anterior. Esta característica pode influenciar na velocidade de transmissão dos dados.

Versões do SCSI
SCSI-1
SCSI-1, ou seja, a primeira versão do SCSI, surgiu oficialmente em 1986. A sua taxa máxima de transferência de dados é de 5 MB/s (megabytes por segundo), considerando uma frequência (clock) de 5 MHz com 8 bits transferidos por vez. Aqui, é possível o uso de até oito dispositivos em uma conexão.

SCSI-2 (Fast SCSI)
SCSI-2 (ou Fast SCSI) é uma revisão lançada em 1990 para contornar algumas das limitações do SCSI-1. Esta especificação incluí recursos que, na primeira versão, não eram necessariamente obrigatórios, gerando problemas de compatibilidade. Entre eles estão um conjunto de aproximadamente vinte instruções chamado de Common Command Set (CSS).
A segunda versão do SCSI também se caracteriza por trabalhar com frequência de até 10 MHz e 8 bits, resultando em uma taxa de transferência máxima de 10 MB/s. Aqui, também só é possível trabalhar com até oito dispositivos no mesmo barramento.
Há uma variação implementada em 1994 chamada de Wide Fast SCSI que também trabalha com clock de 10 MHz, mas transferindo 16 bits por vez, resultando em uma velocidade de até 20 MB/s, além de suporte para até dezesseis dispositivos.

SCSI-3 (Ultra SCSI)
SCSI-3 passou a ser reconhecido oficialmente em 1995, mas tem a característica de ser formado por várias especificações. A primeira delas, chamada apenas de SCSI-3 ou de Ultra SCSI, trabalha com 8 bits e frequência de 20 MHz, podendo transmitir também 20 MB/s. Aqui, pode-se conectar até oito dispositivos.
Na sequência surgiu o Wide Ultra SCSI, que também possui frequência de 20 MHz, mas transfere 16 bits por vez, fazendo com que esta versão tenha velocidade de 40 MB/s e suporte a até dezesseis dispositivos.
Há ainda o Ultra2 SCSI, que também possui taxa máxima de transferência de dados de 40 MB/s, mas trabalha com frequência de 40 MHz e 8 bits. Muitos conhecem esta versão como SCSI-4. A quantidade dispositivos suportada é de oito.
Em seguida, aparece o Wide Ultra2 SCSI, que trabalha com 16 bits e frequência de 40 MHz, resultando na velocidade máxima de 80 MB/s e suporte a dezesseis dispositivos.

Ultra160 SCSI, Ultra320 SCSI e Ultra640
As versões Ultra160 SCSIUltra320 SCSI e Ultra640 SCSI surgiram posteriormente. Os números nos nomes fazem referência à taxa máxima de transmissão de dados. Apesar disso, estas versões também fazem parte da série de revisões do SCSI-3.
O Ultra160 SCSI também trabalha com frequência de 40 MHz e 16 bits, mas realiza duas operações de transferência por ciclo de clock em vez de uma, fazendo com que a especificação tenha velocidade de 160 MB/s.
O mesmo acontece com o Ultra320 SCSI, com a diferença de que esta versão possui clock de 80 MHz, resultando em uma taxa máxima de 320 MB/s. Por fim, aparece o Ultra640 SCSI, que se diferencia por ter clock de 160 MHz, permitindo transferências de até 640 MB/s.
Como estas versões trabalham com 16 bits, toda permitem até dezesseis dispositivos na mesma conexão.

Resumo das versões do SCSI
A tabela a seguir resume as principais características das versões do SCSI:
Versão
Clock
Bits
Dispositivos
Velocidade
SCSI-1
5 MHz
8
8
5 MB/s
SCSI-2(Fast SCSI)
10 MHz
8
8
10 MB/s
Wide Fast SCSI
10 MHz
16
16
20 MB/s
SCSI-3 (Ultra SCSI)
20 MHz
8
8
20 MB/s
Wide Ultra SCSI
20 MHz
16
16
40 MB/s
Ultra2 SCSI
40 MHz
8
8
40 MB/s
Wide Ultra2 SCSI
40 MHz
16
16
80 MB/s
Ultra160 SCSI
40 MHz
16 (2x)
16
160 MB/s
Ultra320 SCSI
80 MHz
16 (2x)
16
320 MB/s
Ultra640 SCSI
160 MHz
16 (2x)
16
640 MB/s

SAS (Serial Attached SCSI)
É válido frisar que o SCSI ainda conta com outras variações. Uma delas é a Serial Attached SCSI(SAS), que pode atingir velocidade de até 6 Gb/s (gigabits por segundo) e suporta a conexão de até 128 dispositivos. Isso é possível, entre outros motivos, porque esta variação utiliza um esquema de transmissão serial de dados (nas versões mostradas anteriormente, a transmissão é feita de maneira paralela) combinado com frequências maiores.
O SAS se destaca por considerado, até certo ponto, um "rival" do padrão SATA. De fato, ambos possuem recursos semelhantes, sendo em alguns casos até possível utilizar HDs SATA em interfaces SAS, já que é comum o uso do mesmo conector nas duas tecnologias.
O uso de SAS é quase que exclusivo em servidores e computadores mais sofisticados. HDs do tipo podem não levar vantagem em termos de capacidade em relação ao SATA, por outro lado, é comum encontrar unidades SAS focadas em desempenho que podem trabalhar com 10.000 ou 15.000 RPM (rotações por minuto), por exemplo.

iSCSI
Como você já sabe, o padrão SCSI pode ser utilizado em conjunto com outras tecnologias. O iSCSI(Internet SCSI) entra neste contexto: trata-se de uma especificação que permite a ativação de comandos do SCSI a partir de redes IP.
Com o iSCSI é possível, por exemplo, fazer com que determinado servidor acesse um sistema de armazenamento de dados (storage) existente na mesma rede de maneira otimizada e confiável. Assim, não é necessário interligar as duas máquinas diretamente, basta aproveitar uma rede já existente.
Uma vez que possuem as vantagens de simplificar estruturas e economizar recursos, soluções baseadas em iSCSI são bastante utilizadas até nos dias de hoje.


Cabos e conectores SCSI
Uma vez que a tecnologia SATA possui várias especificações e pode atender a diversos tipos de dispositivos, há, como consequência, diversos tipos de conectores. A seguir, alguns deles.


Centronics-50: um dos conectores mais populares, possui 50 vias divididas em duas fileiras. Também para conexões de 8 bits;

Conector Centronics-50 - Imagem por Wikipedia



HD50: possui 50 pinos divididos em duas fileiras. Começou a ser utilizado a partir do SCSI-2 e trabalha com conexões de 8 bits;

Conector macho HD50 - Imagem por Wikipedia


IDC50: possui 50 pinos divididos em duas fileiras. É bastante comum em HDs, unidades de CD e outros dispositivos que normalmente são instalados no interior do computador;

Conector IDC50 - Imagem por Wikipedia



HD68: conector de 68 vias divididas em duas fileiras. É bastante encontrado e pode trabalhar com conexões de 16 bits. Sua utilização é comum com as especificações SCSI-3.

Conector macho HD68 - Imagem por Wikipedia





Finalizando
A tecnologia SCSI perdeu espaço no mercado depois da chegada do padrão SATA em relação aos discos rígidos, além de tecnologias como USBFireWire e Thunderbolt em relação a HDs externos, scanners, impressoras e outros. Não é por menos: são tecnologias menos complexas, relativamente mais baratas e que atendem às expectativas em relação às suas funcionalidades.
No entanto, é um erro acreditar que o SCSI esteja "morto", afinal, ainda é possível encontrar utilidade para esta tecnologia em uma série de aplicações. O mencionado padrão SAS é um exemplo. Além disso, a SCSI Trade Association, associação criada em 1996 para promover a tecnologia, continua em plena atividade. Na ocasião de fechamento deste texto, a entidade trabalhava inclusive no desenvolvimento das especificações do SCSI Express, um padrão que busca tirar proveito da combinação das tecnologias SCSI e PCI Express.

MEMÓRIAS-TECNOLOGIA

RAM e DRAM

Foi em algum ponto na década de 50 que surgiram as primeiras ideias de criar uma Memória de Acesso Aleatório (RAM). Apesar disso, nosso papo começa em 1966, ano que foi marcado pela criação da memória DRAM (invenção do Dr. Robert Dennard) e pelo lançamento de uma calculadora Toshiba que já armazenava dados temporariamente.

Memória DDR3 da Corsair (Fonte da imagem: Divulgação/Corsair)

A DRAM (Memória de Acesso Aleatório Dinâmico) é o padrão de memória que perdura até hoje, mas para chegar aos atuais módulos, a história teve grandes reviravoltas. Em 1970, a Intel lançou sua primeira memória DRAM, porém, o projeto não era de autoria da fabricante e apresentou diversos problemas. No mesmo ano, a Intel lançou a memória DRAM 1103, que foi disponibilizada para o comércio “geral” (que na época era composto por grandes empresas).
A partir da metade da década de 70, a memória DRAM foi definida como padrão mundial, dominando mais de 70% do mercado. Nesse ponto da história, a DRAM já havia evoluído consideravelmente e tinha os conceitos básicos que são usados nas memórias atuais.

DIP e SIMM
Antes da chegada dos antiquíssimos 286, os computadores usam chips DIP. Esse tipo de memória vinha embutido na placa-mãe e servia para auxiliar o processador e armazenar uma quantidade muito pequena de dados.
Foi com a popularização dos computadores e o surgimento da onda de PCs (Computadores Pessoais) que houve um salto no tipo de memória. Num primeiro instante, as fabricantes adotaram o padrão SIMM, que era muito parecido com os produtos atuais, mas que trazia chips de memória em apenas um dos lados do módulo.

Memória SIMM de 256 KB do console Atari STE (Fonte da imagem: Divulgação/Wikimedia Commons - Darkoneko)

Antes desse salto, no entanto, houve o padrão SIPP – que foi um intermediário entre o DIP e o SIMM. O problema é que o conector das memórias SIPP quebrava com facilidade, o que forçou as fabricantes a adotarem o SIMM sem pensar muito.
A primeira leva do padrão SIMM tinha 30 pinos e podia transmitir 9 bits de dados. Foi utilizado nos primeiros 286, 386 e até em alguns modelos de 486. O segundo tipo de SIMM contava com 72 pinos, possibilitando a transmissão de até 32 bits. Esse tipo de módulo vinha instalado em computadores com processadores 486, Pentium e até alguns com Pentium II.

FPM e EDO
A tecnologia FPM (Fast Page Mode) foi utilizada para desenvolver algumas memórias do padrão SIMM. Módulos com essa tecnologia podiam armazenar incríveis 256 kbytes. Basicamente, o diferencial dessa memória era a possibilidade de escrever ou ler múltiplos dados de uma linha sucessivamente.

                                                    Memória EDO (Fonte imagem: Divul/Wikipédia)

As memórias com tecnologia EDO apareceram em 1995, trazendo um aumento de desempenho de 5% se comparadas às que utilizavam a tecnologia FPM. A tecnologia EDO (Extended Data Out) era quase idêntica à FPM, exceto que possibilitava iniciar um novo ciclo de dados antes que os dados de saída do anterior fossem enviados para outros componentes.

DIMM e SDRAM

                                           Memória DIMM (Fonte da imagem: Divulgação/Wikipédia)

Quando as fabricantes notaram que o padrão SIMM já não era o suficiente para comportar a quantidade de dados requisitados pelos processadores, foi necessário migrar para um novo padrão: o DIMM. A diferença básica é que com os módulos DIMM havia chips de memórias instalados dos dois lados (ou a possibilidade de instalar tais chips), o que poderia aumentar a quantidade de memória total de um único módulo.
Outra mudança que chegou com as DIMMs e causou impacto no desempenho dos computadores foi a alteração na transmissão de dados, que aumentou de 32 para 64 bits. O padrão DIMM foi o mais apropriado para o desenvolvimento de diversos outros padrões, assim surgiram diversos tipos de memórias baseados no DIMM, mas com ordenação (e número) de pinos e características diferentes.
Com a evolução das DIMMs, as memórias SDRAM foram adotadas por padrão, deixando para trás o padrão DRAM. As SDRAMs são diferentes, pois têm os dados sincronizados com o barramento do sistema. Isso quer dizer que a memória aguarda por um pulso de sinal antes de responder. Com isso, ela pode operar em conjunto com os demais dispositivos e, em consequência, ter velocidade consideravelmente superior.

RIMM e PC100
Pouco depois do padrão DIMM, apareceram as memórias RIMM. Muito semelhantes, as RIMM se diferenciavam basicamente pela ordenação e formato dos pinos. Houve certo incen-

Memória PC133 e EDO (Fonte da imagem: Divulgação/Wikimedia Commons - David Henry)

tivo por parte da Intel para a utilização de memórias RIMM, no entanto, o padrão não tinha grandes chances de prospectiva e foi abandonado ainda em 2001.
As memórias RIMM ainda apareceram no Nintendo 64 e no Playstation 2 – o que comprova que elas tinham grande capacidade para determinadas atividades. Ocorre que, no entanto, o padrão não conseguiu acompanhar a evolução que ocorreu com as memórias DIMM.

O padrão PC100 (que era uma memória SDR SDRAM) surgiu na mesma época em que as memórias RIMM estavam no auge. Esse padrão foi criado pela JEDEC, empresa que posteriormente definiu como seria o DDR. A partir do PC100, as fabricantes começaram a dar atenção ao quesito frequência. Posteriormente, o sufixo PC serviu para indicar a largura de banda das memórias (como no caso de memórias PC3200 que tinham largura de 3200 MB/s).


Memórias DDR1 (Fonte da imagem: Divulgação/Wikipédia - W-sky)

  

    
Corsair XMS3 — 8 GB Dual Channel DDR3 (Fonte da imagem: Divulgação/Corsair)
 
Radeon HD 6990 com memória GDDR5 (Fonte da imagem: Divulgação/ASUS)

Antigamente foram usadas memórias do tipo VRAM e WRAM para armazenar dados gráficos. Atualmente, as memórias são do tipo SGRAM (RAM de sincronia gráfica). Todas elas são baseadas na memória RAM, mas têm certas diferenças.

O futuro enigmático das memórias
O padrão DDR tem reinado por longos anos, todavia, muitas tecnologias estão sendo estudadas para substituir os atuais módulos. Entre tantas, uma que ganha destaque é MRAM, memória magnética que deve alterar completamente o sistema de leitura e escrita. Esse padrão deve disputar com o FRAM, memória ferroelétrica que tem investimentos de grandes empresas, incluindo a Samsung, a Toshiba e outras tantas.
E a evolução das memórias RAMs não vai continuar apenas nos módulos que utilizamos no cotidiano. Protótipos como o Z-RAM (Zero-capacitor RAM) devem aportar nas memórias caches dos processadores. Aliás, a probabilidade é muito grande, pois a AMD licenciou a segunda geração da Z-RAM.

Apesar de muitas fabricantes investirem alto na continuidade das memórias RAMs, existem fortes indícios de que outros tipos de memórias sejam adotados num futuro próximo. A HP, por exemplo, aposta no Memristor, um componente eletrônico que deve gerar um padrão de memória muito superior ao atual.

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