segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR


UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ELIANE CRISTINA MARIANO











GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR

















ANÁPOLIS – GO
2016












UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ELIANE CRISTINA MARIANO











GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR







Artigo Científico Apresentado à Universidade Candido Mendes – UCAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Docência do Ensino Superior e Inspeção Escolar.










ANÁPOLIS – GO
2016


GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR
Eliane Cristina Mariano

RESUMO


No decorrer deste estudo será discutido a gestão de uma escola de forma democrática e participativa na construção da autonomia no âmbito escolar, compreendendo que uma gestão democrática é sempre uma luta política e pedagógica. O objetivo deste artigo é envolver a todos: pais, alunos, funcionários, professores, gestores e comunidade local com o intuito de promover o diálogo, a reflexão, a união, a construção coletiva, contribuindo para o processo de mudanças. Utilizou-se pesquisas bibliográficas com contribuições de vários autores como FREIRE (2004), CURY (2002), LUCK (2010) entre outros, tendo como tema a gestão democrática e participativa visando o bem dos indivíduos que compõem o interior de uma escola. Conclui-se que é importante haver mudanças na pratica educativa para melhorar a qualidade do ensino, que existem desafios as quais precisam ser enfrentados, que é preciso a colaboração de todos que compõem a escola, para que uma gestão se concretize na sua transparência, tornando-se uma gestão democrática e participativa.      

Palavras-chave: Ambiente Escolar. Gestão Democrática. Aprendizagem. Gestão Participativa. Coletivo


Introdução

A preocupação com a gestão de uma escola tem-se tornando um desafio para os educadores, portanto este trabalho foi desenvolvido com a intenção de trazer reflexão na busca de solucionar os problemas existentes no âmbito educacional.
Existem escolas sendo regida pelo autoritarismo camuflado, cabendo a todos os profissionais da educação participar, buscando meios eficazes que tornem a gestão realmente democrática e participativa.
Luck afirma:
         
                           
                                      








                 
             Ao constatar este fato é preciso convocar professores, pais, alunos, funcionários, coordenadores, comunidade local a participarem juntos, na construção de uma gestão democrática e participativa, consolidando assim um novo processo de gestão, onde a democracia seja a alavanca de um novo poder e de uma nova cultura escolar.
Baseado nestes argumentos buscou-se respostas diante das seguintes indagações:
Ø Como desenvolver ações que tornem a escola democrática e participativa?
Ø Qual o papel da gestora frente a questão da gestão democrática e participativa?
Ø Que desafios enfrentar para a consolidação de uma gestão democrática e participativa?

A escola é uma organização formadora de cidadãos críticos, participativos e autônomos, capazes de socializarem entre si, com atitudes humanas e respeito ao próximo, por isso cabe aos gestores delegar poderes em prol do ensino-aprendizagem do educando.
A gestão democrática existe devido a lutas organizadas pelos educadores por uma educação de qualidade resultando na aprovação da Lei constituída pela Constituição Federal (BRASIL, C. F. art. 206, 2006), garantindo a legitimidade das escolas para exercê-la na sua prática para a melhoria da qualidade da educação.
Segundo Gadotti (2001), de que serve uma lei que garante autonomia administrativa, pedagógica e financeira se as escolas não conhecem o verdadeiro significado político da autonomia, onde o exercício da mesma não é dádiva, mas uma construção continua, individual e coletiva.  
Diante das palavras do autor uma gestão democrática é exercida com a participação de todos os indivíduos integrantes da comunidade escolar, com suas ideias, ações, suas diversidades, maneiras de pensar, onde as diferenças não impeçam ações coerentes, responsáveis e transformadoras.
O objetivo deste trabalho é conscientizar a todos que fazem parte da instituição escolar a importância de uma gestão aberta ao dialogo, formadora de uma equipe participativa, construidora de um ambiente que permite o bem estar coletivo, que visa o melhor para a escola, resultando na melhoria da educação, cabendo ao gestor proporcionar um ambiente estimulante, onde os funcionários e professores sentem-se encorajados e dispostos a trabalharem, promovendo um trabalho coletivo cooperativo e prazeroso.
Antigamente as escolas baseavam-se no ensino tradicional, era exercido o autoritarismo, os professores eram meros transmissores de conhecimento, o aluno mero espectador, não havia o coletivo, o diretor era o centro, delegando ordens sem ser questionado.
De acordo com Cury (2002, p.170):


...comandos autoritários de mandamentos legais, os quais, por sua vez, se baseavam mais no direito da força do que na força do direito (...). Em certo sentido, a dimensão pública do serviço público que é a educação escolar, foi executada por razões muito mais próximas do privado e do secreto do que a da transparência do público. O temor, a obediência e o dever suplantaram o respeito, o diálogo e o direito.

Nos dias atuais houve mudanças significativas em relação ao modo como administrar uma escola, como diz Libâneo: “hoje estão disseminadas práticas de gestão participativa, liderança participativa, atitudes flexíveis e compromisso com as necessárias mudanças na educação”.
Para a concretização deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 15) pesquisa bibliográfica “é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Para a finalização do texto baseou-se em teorias de grandes estudiosos da educação, como: Araújo (2000), Bastos (2002), Cury (2002), Freire (2004), Gadotti (1997), Gandim (1999), Lakatos e Marconi (2007)), Luck ( 2010), Luckesi (2007), Santos (2006), Severino (2007), Veiga (2001), Westrupp (2003). Esses autores da educação argumentam que a realização de um trabalho participativo, democrático e autônomo, envolvendo todos os que compõem a comunidade escolar, contribuirá para a ruptura do autoritarismo que ainda reina nas escolas na busca de uma educação de qualidade.



Desenvolvimento

É na escola que as pessoas vão se tornando seres pensantes e questionadores, deixando a escola de ser apenas geradora de conhecimentos, um lugar onde as pessoas se socializam e trocam idéias entre si.
É preciso que a gestão de uma escola seja transmissora e produtora de saberes, vinculando o trabalho coletivo e compartilhado com todos que de alguma forma fazem parte deste mundo, respeitando as suas funções especificas, reconhecendo a sua importância no planejamento global da escola, garantindo assim a participação dos professores, pais, estudantes, funcionários, comunidade local e equipe gestora na tomada de decisão. Nesse ínterim a participação de todos constitui um alicerce fundamental a ser implantada pelos diferentes atores que constitui o cotidiano escolar.
Segundo Luckesi, ( 2007): “Uma escola é o que são os seus gestores, os seus educadores, os pais dos estudantes, os estudantes e a comunidade. A ‘cara da escola’ decorre da ação conjunta de todos esses elementos. A própria sala de aula é um lugar de gestão e, principalmente, de aprendizagem da gestão democrática, não só da escola, mas da vida. Exercitar a gestão democrática na escola é uma forma de ensinar e aprender”.
É preciso aprender a viver no coletivo, onde a liberdade e a individualidade seja a essência do crescer. Como diz Gadotti: “A gestão democrática é condicionante imprescindível da qualidade”.
É imprescindível que uma gestão para ser democrática e participativa saiba compartilhar e fazer amigos, pois de acordo com Paulo Freire (2004), “o diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo e irmã”.
Trabalho coletivo significa mediar ações que não permitem que os obstáculos sejam capazes de imobilizar, na busca de um objetivo maior que é a aprendizagem plena do alunado e do sucesso da instituição escolar, do seus interesses e motivações que move o coletivo.
Através desta visão que se procura entender o papel do gestor, reconhecendo que a educação é imprescindível na busca do conhecimento e da autonomia, mas que precisa da união de todos na busca de uma sociedade livre do autoritarismo, de uma educação fragmentada, de uma opressão que está inerente na sociedade em questão. Por isso é fundamental que o gestor assuma uma postura democrática e compromissada a serviço da comunidade.
Assim, surgem vários desafios para que a gestão se torne democrática e participativa. Neste contexto compreender quais desafios e quais as ações devem ser tomadas dentro da escola, com a participação de todos: gestora, pais, comunidade, professores, e, demais profissionais da educação na procura de uma gestão verdadeiramente democrática na escola, principalmente na realidade em que vivemos, onde a escola se distancia do verdadeiro sentido real da democracia, impõem mudanças no âmbito escolar, pois Santos diz (2006, p.25) para haver uma democracia plena é preciso haver pessoas democráticas para exercê-las e meios para que isso aconteça.
De acordo com Santos:







               Com está visão é indiscutível o papel do gestor como principal responsável pela escola, trabalhando em conjunto com todos, ter comportamento otimista e de confiança, saber comunicar, saber ouvir, onde o respeito e a confiança tragam benefícios para a instituição escolar, gerando pessoas dispostas e encorajadas, oportunizando assim uma gestão participativa, onde é delegado poder na tomada de decisão.
A escola terá rendimento positivo com a participação dos alunos, professores, funcionários, comunidade, se houver atuação e envolvimento da equipe, através de um trabalho individual unido com ações coletivas no processo participativo.
Conforme Westrupp (2003, p. 62):









                Uma gestão para ser democrática precisa da participação de todos os envolvidos num só objetivo “visando o bem estar social” e a aprendizagem do aluno, tornando-o um “cidadão crítico e preparado para a sociedade”.
São muitos os desafios enfrentados no âmbito escolar diante de tanta carência, individualismo e falta de parceria com a família.  Vivemos em uma sociedade que se transforma a cada dia e precisamos nos adaptar a essas mudanças, para isto é preciso que haja interação, participação continua, havendo uma ligação entre familia-escola, onde é preciso tomar decisões, haver comprometimento e atuando para a aprendizagem efetiva e significativa do educando, onde todos possam sentir seguros em opinar e sugerir.
Bastos (2002, p. 58) nos afirma: [...]

                                    




            
  
               Torna-se um desafio fazer com que os pais participem das ações da escola. É preciso criar meios que façam com que pais se interessem pelo que está acontecendo na escola favorecendo a sua participação efetiva na tomada de decisão. Como diz Werneck (2001, p.91): “São boas as escolas que estão em sintonia com a comunidade”. E também Paro (2001, p.27): “Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da escola?”
Segundo os autores existe uma real necessidade da escola se aproximar da comunidade com o intuito de sondar quais os seus problemas e interesses e também para incluí-las nas ações e decisões tomadas pela escola, pois não é só trazer os pais a escola, mas também ir até eles e conhecê-los.
Os envolvidos com a educação precisam ter em mente seu papel diante dos desafios que a educação apresenta para assim acharem soluções que amenizem os problemas encontrados no âmbito escolar.
É importante a participação na elaboração do projeto pedagógico da escola desde o inicio até a efetivação das propostas desenvolvidas nele.
Diante disto Veiga diz que:







             Nessa perspectiva a gestão para ser democrática e participativa deve ser analisada como algo importante e decisório do fazer pedagógico e para garantir a participação de todos da comunidade escolar, sendo extremamente indispensável para a construção e efetivação de um ensino de qualidade que valorize o respeito, a dignidade humana e a cidadania.


Conclusão

Considera-se que é preciso pensar numa gestão de forma diferente, procurando mudar as práticas utilizadas para melhora da qualidade da educação, para isso é preciso enfrentar os desafios dos dias atuais para assim podermos inovar para superar os problemas encontrados no dia a dia da escola. Partindo deste principio é imprescindível o planejamento participativo valorizando as idéias trazidas pelos integrantes da comunidade escolar tornando-os participantes do processo educativo.
De acordo com Gandin (1999, p.47):

                                     









                 É importante implantar projetos que valorizem o ensino-aprendizagem do aluno, priorizando o desenvolvimento integral dos mesmos e a participação de todos, só assim a escola será valorizada pela comunidade escolar numa gestão verdadeiramente democrática e participativa, onde segundo Morreto, (2005, 73)  seja fundamentada na “preparação do cidadão para sua inserção na sociedade, na qual viverá como cidadão e como profissional de alguma área da atividade humana”.
É preciso envolver todos no trabalho da escola, valorizando cada membro da equipe em suas particularidades para que acreditem no seu valor pessoal e profissional, participando do cotidiano escolar, compartilhando acertos e desacertos, onde a confiança, o respeito, a sinceridade, fortalece a equipe, construindo relações saudáveis e solidárias num ambiente transparente na formação e aprimoramento pessoal e profissional.
Segundo Araújo:

                                      






Como diz o autor a transparência é essencial no cotidiano escolar, pois ela garante a convivência harmoniosa entre os envolvidos, trazendo confiança e respeito para a afirmação da gestão democrática e participativa.
Em suma a gestão democrática e participativa está ligada à comunidade a que pertence procurando atender aos anseios sociais desta comunidade, tendo como meta conduzir e organizar as instituições educacionais, envolvendo a comunidade na escolha do diretor e fazendo parte do conselho escolar, buscando assim desenvolver a potencialidade dos envolvidos, garantindo a eles oportunidades para expor suas opiniões, com vista na democratização e na participação de todos para a melhoria da educação. Assim como diz Gadotti (1997, p. 16) através da participação todos os que fazem parte da comunidade escolar podem entender melhor como funciona a escola, ter conhecimento mais profundo dos que nela estudam e trabalham, intensificando assim seu envolvimento, através disso acompanhar melhor o ensino por ela ministrado e através desse conhecimento contribuir para uma escola que prioriza o aluno e valoriza a todos que nela trabalham.  



REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Adilson César de. Gestão democrática da educação: a posição dos docentes. PPGE/UnB. Brasília. Dissertação de Mestrado, mimeog., 2000.
CURY, C.R.J. Gestão Democrática da Educação: exigência e desafios. RBPAE, V.18 nº 2, jul-dez 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola: princípios e preposições. São Paulo: Cortez, 1997.
GANDIN, Danilo – Temas para um projetopolítico-pedagógico / Danilo Gandin, Luis Armando Gandin – Petrópolis , RJ: Vozes, 1999.
LUCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 6ª.ed.Rio de Janeiro: editora vozes, 2010. Loyola, São Paulo, Brasil.  
LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e sala de aula. ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. 5.ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2001. p. 43-44.         
SANTOS, Maria Araújo Lobo. Modelos de gestão: qualidade e produtividade. Curitiba: IESDE,2006.
VEIGA, A Ilma Passos. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: Uma construção possível. 12ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2001.
WESTRUPP, Marlene Feuser. Gestão escolar participativa: novos cenários de competência participativa. (Dissertação de Mestrado). 2003. Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação.

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