Introdução à economia e à microeconomia
O MERCADO: OFERTA VERSUS
DEMANDA
Mercado é todo ambiente onde ocorrem trocas,
ou seja, onde uma empresa oferta bens e/ou serviços e um consumidor procura por
bens e/ou serviços. Portanto, no caso do mercado frigorífico, existem os
consumidores de carnes que demandam tais produtos e o próprio frigorífico, que
é o responsável pela oferta. A interação entre esses dois agentes, o demandante
e o ofertante, é que vai determinar o preço de mercado da carne bovina.
A demanda do consumidor reage de forma
inversa ao preço, ou seja, se o preço da carne sobe, a demanda tende a
diminuir. O frigorífico reage ao contrário, pois estará disposto a ofertar mais
quando o preço estiver mais alto. É claro que essas situações são
simplificações do que realmente ocorre no mercado, pois existem outros diversos
fatores que também influenciam na oferta e na demanda, e é o que veremos a
seguir.
Fatores que influenciam a demanda
Existem diversos fatores além do preço que
interferem na procura por bens e/ou serviços. Para a maioria dos produtos,
inclusive carne bovina, a renda dos consumidores, o preço de produtos
substitutos ou complementares e a preferência (gosto) dos consumidores
influenciam na demanda. Se a renda dos consumidores estiver aumentando,
esperamos que ocorra um aumento na demanda, ou seja, consumidor com mais
dinheiro consome mais. Mas o Augusto percebeu que quando a renda da população
estava aumentando, a demanda reagia diferente para os diferentes produtos que o
frigorífico comercializava.
Ele percebeu que o consumo de carne “de
segunda” diminuía enquanto o consumo da carne “de primeira” aumentava quando a
população estava com a renda mais elevada.
Nesse caso, estamos nos referindo aos bens
normais (carne de primeira), que são mais consumidos quando a renda se eleva, e
aos bens inferiores (carne de segunda), que, nesse caso, são menos consumidos.
Augusto percebeu que diante de tal situação deveria dar um tom de maior nobreza
aos produtos que sofriam queda no consumo quando a população estava ganhando
mais. Por isso, hoje em dia é comum vermos embalagens mais valorizadas, carnes
com recheios, cortes que há alguns anos não eram comuns. Outro fator que influi
na demanda é a existência de substitutos, e nesse caso, os substitutos da carne
bovina são todas as outras carnes, por exemplo, a carne de frango, de porco
etc. Se acaso houver uma redução, por qualquer que seja o motivo, no preço da
carne de frango, haverá provável redução na demanda por carne de vaca, isto é,
com o preço do frango em baixa, os consumidores vão preferir trocar, em
determinada quantidade, o consumo de carne bovina por carne de frango. O
contrário também pode ocorrer: se o frango, por algum motivo, encarecer, os
consumidores irão preferir o consumo da carne bovina. Vimos aqui os fatores que
influenciam na demanda, porém existem fatores que também influenciam na oferta,
ou seja, que fazem o frigorífico colocar muita ou pouca carne à disposição do
mercado.
Fatores que influenciam a oferta
Além do preço que a carne encontra no
mercado, outros fatores também interferem na quantidade ofertada no mercado,
como os custos de produção (matéria-prima, salários, aluguéis), o nível
tecnológico e o número de empresas existentes no mercado. O custo de produção
em alta faz com que Augusto recue sua produção, pois sabe que com o custo alto,
o preço se eleva e o consumidor diminui o consumo. A tecnologia é diretamente
proporcional à oferta, já que, com dadas melhorias, a produtividade se eleva.
E, por fim, Augusto precisa se ater aos concorrentes, pois quanto mais empresas
houver no mercado, maior será a oferta de produtos, o que pode causar impacto
em seus resultados.
A estrutura do mercado
Existe um fator importantíssimo na análise de
mercado que não pode ser negligenciado: a estrutura em que a empresa se
encontra é importantíssima para determinar as possibilidades de atuação e as
estratégias. Mas, o que é estrutura de mercado? Estrutura de mercado é a forma
como as empresas de determinado segmento se encontram organizadas e depende,
fundamentalmente, de três fatores: o número de empresas que compõem o mercado,
o tipo de produto comercializado e se existem ou não barreiras ao acesso de
novas empresas ao mercado. Mas, no que isso influencia na atuação da empresa?
Quanto ao número de empresas que compõem o mercado, quanto mais concorrentes
existirem, menor será a margem de manobra do empresário e maior será o poder do
consumidor nas negociações. O contrário também é verdadeiro: se o número de
consumidores for grande e o número de empresas reduzido, estas exercem um poder
soberano no mercado, determinando preços e quantidades ofertadas. Quanto a isso
Augusto não pode reclamar, pois existem cerca de 180 milhões de consumidores no
Brasil, sem contar os do exterior, para um número pequeno de frigoríficos que
dominam o mercado. Em relação ao tipo de produto, significa que existem
produtos que se diferenciam pela marca, pela qualidade. Pensem no melhor
refrigerante que existe: com certeza, o consumo dele, muitas vezes, independe
do preço, pois sua marca está consolidada. Apesar de ser apenas refrigerante,
existem diferenças entre diferentes marcas, o que dá poder pra algumas empresas
atuarem independentes no mercado, com mais autonomia sobre preços e quantidades
ofertadas. Neste caso, Augusto percebeu recentemente que pode fazer com que a
carne do frigorífico no qual trabalha seja reconhecida pela marca. Isso é algo
novo para esse mercado, mas, segundo especialistas, em breve estará em vigor.
Imaginem chegar ao açougue e pedir três quilos de costela Bertin, duas picanhas
Minerva ou uma maminha Friboi. Daria um ótimo churrasco, mas tal situação ainda
não é corriqueira, apesar de que uma destas grandes empresas já saiu na frente,
veja no SAIBA MAIS a seguir.
SAIBA MAIS
A Friboi saiu na frente e já faz uma excelente campanha!
Uma empresa que impõe sua marca tem sempre
mais autonomia no mercado. Se existem barreiras ou não ao acesso de novas
empresas ao mercado, é um fator de imensa importância para o comportamento do
empresário. Se um determinado setor é de fácil acesso, ou seja, se para
abrirmos um empreendimento não é requerido tanto esforço de tecnologia ou
capital, significa que o empresário tem pequena margem de manobra dentro desse
segmento, pois existem concorrentes em potencial. Vamos supor que fosse esse o
caso de nosso amigo Augusto, se ele subisse o preço da carne, poderia estar
atraindo novos concorrentes que se sentiriam tentados a iniciar tais
empreendimentos movidos por altos preços e possibilidades de lucros. Mas não é
só do lado da venda que Augusto fica atento à estruturação do mercado. Ao
comprar fatores de produção (boi vivo, mão de obra etc.) também existe
influência das estruturas. Por exemplo, se há muita mão de obra disponível, o
preço será mais baixo – e o contrário é verdadeiro. Se há muitos bois para
comprar, o preço também tende a ser menor. Augusto enfrenta essa dificuldade
quando quer abrir novos frigoríficos pelo Brasil, pois existem regiões que têm
muita mão de obra disponível, mas pouca matéria-prima (boi vivo) e outras que
apresentam a situação contrária, com muita matéria-prima e pouca mão de obra. A
escassez de mão de obra, às vezes, ocorre não apenas pela falta de pessoas para
trabalhar, mas também pela falta de especialização da população de determinadas
regiões, o que encarece o custo de produção do bem. Vimos até aqui a parte que
diz respeito à interação do consumidor com a empresa, chamada de microeconomia
ou teoria de formação de preços. A seguir, abordaremos o comportamento da
economia como um todo, ou seja, a macroeconomia, que analisa a interferência
causada por variáveis globais, como inflação, nível de desemprego, taxas de
câmbio e taxas de juros. Como essas variáveis influenciam o andamento da
empresa de Augusto?
A macroeconomia e o papel
do governo
A macroeconomia é a parte da
economia que se preocupa com as variáveis globais, como já foi explicado na
seção anterior. O governo é o principal agente de política econômica, ou seja,
é ele que busca equacionar os problemas inflacionários, determinar a taxa
básica de juros da economia, diminuir o desemprego etc. Para que o governo
consiga cumprir essas funções, ele utiliza diferentes políticas econômicas, que
repercutem de diferentes maneiras, dependendo do setor em questão. As políticas
são a fiscal, a monetária, a cambial, a comercial e a de renda. Quando o
governo executa a política fiscal, quer dizer que ele está alterando a
tributação ou os gastos. Ou seja, política fiscal diz respeito às receitas e
despesas do governo. Mas, em que isso influencia a empresa de Augusto? Quando o
governo opta por uma política fiscal restritiva (aumento dos tributos ou
diminuição dos gastos públicos), ele tem o objetivo principal de conter a
inflação, pois essas políticas levam a uma redução do consumo e, com o mercado
desaquecido, os preços tendem a se manter constantes ou a reduzir. Esse tipo de
política não afeta somente a empresa frigorífica de Augusto e sim toda a
economia, pois o consumo em queda causa problemas para as empresas, que deixam
de vender e, por isso, correm o risco até de falência. Quando o governo opta
por política fiscal expansionista (aumento nos gastos públicos ou diminuição
dos tributos), ele visa, principalmente, fomentar a atividade econômica,
expandindo o emprego e a renda. Esse tipo de política faz com que haja um
aquecimento na economia, com isso, as empresas aproveitam o bom momento e
expandem suas vendas. Essa expansão leva à contratação de novos funcionários, o
que promove a expansão na renda gerada na economia. Imaginem uma determinada
região onde o governo resolva fazer uma obra e por isso contratar empreiteiras
para executar o serviço e/ou até mesmo trabalhadores locais. São postos de
combustíveis vendendo mais, hotéis e pousadas com as vagas ocupadas,
restaurantes servindo mais refeições e, portanto, comprando mais no mercado da
cidade. Vemos, assim, a importância do papel do governo na geração de emprego e
renda, seja de maneira direta ou indireta. A política monetária, bem como a
fiscal, pode ser restritiva ou expansionista. Quando o governo faz política
monetária restritiva (principalmente aumento dos juros), o maior objetivo é
reduzir a quantidade de dinheiro em circulação para que haja um desaquecimento
da atividade econômica, e não se abra espaço para inflação. A política
expansionista (diminuição dos juros) é justamente a situação contrária, em que
o governo objetiva a expansão da atividade econômica, ou seja, do emprego e da
renda. Augusto espera sempre os momentos de baixa nas taxas de juros para
recorrer a créditos e expandir as compras e contratações no frigorífico.
Mais adiante veremos o motivo
pelo qual essa tal inflação é a preocupação central do governo e acaba por
barrar a expansão da atividade econômica. Falando ainda de políticas
econômicas, a que mais anda preocupando Augusto é a política cambial. Sabemos
que o principal foco dos grandes frigoríficos brasileiros nos últimos tempos
tem sido o mercado externo, ou seja, as exportações. Existem diversos fatores
determinantes da exportação, como renda internacional, preço do bem no mercado
interno, preço no mercado externo e a taxa de câmbio (objeto da política cambial).
A renda internacional é
importante, pois é ela que determina a existência de recursos disponíveis para
a compra da carne brasileira e, como vimos recentemente, em tempo de crise as
exportações diminuem muito. O preço do bem no mercado externo é importante,
pois se o preço lá estiver em queda, o produtor vai preferir negociar seu
produto internamente. O preço do bem no mercado interno, se elevado, incentiva
o produtor também a vender no mercado interno e o contrário é verdadeiro.
Falando em taxa de câmbio,
tratamos do objeto da política cambial do governo, que pode executá-la
retirando ou colocando moeda estrangeira no mercado. Taxa de câmbio é o preço
da moeda estrangeira em reais e determina quanto o exportador vai receber ao
trocar os dólares originados da exportação por reais no mercado interno. Se a
taxa de câmbio estiver baixa (ou valorizada), significa que necessitamos de
poucos reais para comprar dólares, mas, se pelo contrário, estiver alta,
necessitamos de mais reais por dólar. Para o exportador, a última situação é a
ideal, pois, ao vender para o exterior, ele recebe em dólar e, ao trocar no
banco, recebe uma quantia grande em reais. Entretanto, para o governo essa
situação é uma faca de dois gumes. Existe uma grande pressão por parte dos setores
importadores, que sofrem quando a taxa de câmbio está desvalorizada, pois as
importações ficam caras, encarecem os produtos finais e causam inflação.
Por que a inflação é tão
preocupante e acaba sendo determinante nas políticas do governo?
A inflação e o mercado
A inflação é o aumento generalizado e
contínuo dos preços dos bens e serviços da economia. As causas costumam ser
diferentes em função das condições de cada país.
A. Tipo de estrutura de mercado do país: se
existem poucas empresas dominando o mercado, ou seja, se há pouca concorrência,
a tendência para elevações nos preços será grande. No caso de um país onde a
concorrência é mais acirrada, os empresários ficam com capacidade reduzida de
ajustar preços.
B. Grau de abertura da economia: quanto mais
voltada ao comércio exterior, maior será a concorrência e, portanto, menor será
a possibilidade de abusos nos preços por parte dos empresários.
C. Estrutura das organizações trabalhistas:
quanto mais organizados forem os sindicatos, maior será o poder de barganha dos
trabalhadores, que, com salários sempre reajustados, forçarão aumento nos
preços dos bens devido ao aumento nos custos de produção.
A
inflação de um país pode ser de três tipos diferentes e cada caso merece
atenção e cuidados diferentes: inflação de demanda (quando há excesso de
procura por bens e/ou serviços), inflação de custos (quando os custos se
elevam, seja por problemas #estruturais ou conjunturais) e &inflação
inercial ) (causada por mecanismos de* indexação de preços), como era comum na
década de 1980).
&( Refere-se à ideia de memória
inflacionária, onde o índice atual é a inflação passada mais a expectativa
futura. A inflação se mantém no mesmo patamar sem aceleração inflacionária e é
decorrente de mecanismos de indexação. Estes mecanismos podem ser formais e
informais).
* ( A indexação, em economia, é um sistema de
reajuste de preços, inclusive salários e aluguéis, de acordo com índices
oficiais de variação dos preços. Em conjunturas inflacionárias, a indexação
permite corrigir o valor real dos salários e aluguéis e demais preços da
economia, reajustando-os com base na inflação passada).
# Fatores conjunturais: São representados
pela combinação de acontecimentos ou eventos num dado momento; circunstância,
situação.
# Fatores Estruturais: São elementos que
ajudam a construir ou desenvolver as bases econômicas de um lugar.
A inflação atormentou os governos e a
população brasileira durante muitos anos e até hoje é foco das políticas, pois
o mede seu retorno ainda é muito grande. Mas por que ela assusta? A inflação
corrói a renda da população, causando incertezas quanto ao consumo e aos
investimentos, travando, assim, a economia. Quem se lembra das dificuldades de
comprar a prazo na época de altas inflações dos anos 1980? As grandes redes
varejistas, que hoje possibilitam o consumo das classes baixa e média
parcelando as compras em até 24 meses ou mais, só emergiram após a
estabilização econômica vinda com o Plano Real, em 1994.
Existem formas diferentes para combater cada
um dos três tipos de inflação:
• Inflação de demanda: para combater esse
processo de inflação, a política econômica deve basear-se em instrumentos que
provoquem a redução da demanda por produtos da economia. Essas são as políticas
chamadas restritivas, ou seja, aumento de tributos e diminuição dos gastos
públicos.
• Inflação de custos: o governo,
primeiramente, deve saber quais os custos que estão causando inflação. Por
exemplo, a desvalorização cambial pode causar esse fenômeno. Com o dólar caro,
o produtor que necessita de matéria-prima importada enfrentará aumento nos
custos de produção, o que fará com que o produto final fique mais caro.
• Para resolver esse problema, o governo pode
adotar a política de câmbio fixo, na qual o dólar não varia de acordo com o
mercado, ou tentar uma maior regulação no mercado de divisas para evitar a
volatilidade da moeda estrangeira.
• Inflação inercial: nesse caso, o governo
apenas deve deixar de utilizar mecanismos de indexação para que haja uma quebra
no ciclo inflacionário. Por que Augusto deve se preocupar com a inflação? Pelos
mesmos motivos que qualquer outro gestor de qualquer outra empresa do país.
• O risco do retorno de altas taxas de
inflação faz com que o governo penalize todos os setores produtivos, pois as
políticas de prevenção são restritivas e acabam por desaquecer o mercado.
Porque se a inflação retornar, a renda da
população será corroída, reduzindo, assim, o consumo por parte dos brasileiros.
• Inflação causa distorção nos preços
relativos do Brasil com o exterior, fazendo com que nossos produtos percam
atratividade aos olhos de nossos parceiros comerciais, pois se tornam caros com
o efeito inflacionário.
A importância da economia na gestão
empresarial
Como vimos, Augusto passa por inúmeras
situações que são inerentes a diversas atividades no Brasil e no mundo: a
estruturação do mercado de bens e serviços; a estruturação do mercado de
fatores de produção; fatores que determinam a demanda ou a oferta; políticas do
governo que podem beneficiar ou não sua atividade; e a inflação, que é um
tormento para todos os empresários.
REFLITA
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais,
rádio e televisão, deparamo-nos com inúmeras questões econômicas, como:
• aumentos de preços;
• períodos de crise econômica
ou de crescimento;
• desemprego;
• setores que crescem mais do
que outros;
• diferenças salariais;
• crises no balanço de
pagamentos;
• vulnerabilidade externa;
• valorização ou
desvalorização da taxa de câmbio;
• dívida externa;
• ociosidade em alguns setores
de atividade;
• diferenças de renda entre as
várias regiões do país;
• comportamento das taxas de
juros;
• déficit governamental;
• elevação de impostos e
tarifas públicas.
Esses temas, já rotineiros em nosso
dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas doses de
empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um
estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar um cargo
de responsabilidade em uma empresa ou na própria administração pública e
necessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os
problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. O objetivo do estudo da
Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e formular soluções para
resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. (VASCONCELOS, 2009)
CONCEITO
DE ECONOMIA
De acordo com Vasconcelos (2009), a palavra
economia deriva do grego oikonomía (deóikos, casa; nómos, lei), que significa a
administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:
Economia é a ciência social que estuda como o
indivíduo e a sociedade decidem(escolhem) empregar recursos produtivos escassos
na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas
e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Essa definição contém vários conceitos
importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica:
• escolha;
• escassez;
• necessidades;
• recursos;
• produção;
• distribuição.
OS
PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
A economia é a ciência que estuda a escassez
dos recursos, e é desta escassez que surgem os problemas econômicos
fundamentais, que a economia tenta responder: O quê e quanto produzir? Como
produzir? Para quem produzir?
• o quê e quanto produzir: dada a
escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque
de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas
quantidades a serem fabricadas;
• como produzir: a sociedade terá de
escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de
bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os
diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços.
Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes,
aquele que tiver o menor custo de produção possível;
• para quem produzir: a sociedade terá
também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados
de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da
demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos
salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas
também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite
por herança.
FIQUE
POR DENTRO
O modo como as sociedades resolvem os
problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do
país, ou seja, do sistema econômico de cada nação.
Um sistema econômico pode
ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada
uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção,
distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas
utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.
De acordo com Vasconcelos (2009), os elementos
básicos de um sistema econômico são:
• estoque de recursos
produtivos ou fatores de produção: aqui se incluem os recursos humanos
(trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e
a tecnologia;
• complexo de unidades de
produção: constituído pelas empresas;
• conjunto de instituições
políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base da organização da
sociedade.
• Os sistemas econômicos podem
ser classificados em:
• sistema capitalista, ou economia de mercado. É
regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade
privada dos fatores de produção;
• sistema socialista, ou economia
centralizada, ou ainda economia planificada. Nesse sistema as
questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de
planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção,
chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital,
terra, prédios, bancos, matérias-primas.
FUNCIONAMENTO
DE UMA ECONOMIA DE MERCADO: FLUXOS REAIS E MONETÁRIOS
Uma economia de mercado funciona através de
fluxos de bens (mercadorias) e/ou serviços e também através de fluxos
monetários, pois como sabemos é preciso pagar por bens e serviços!
Para entender o funcionamento do sistema
econômico, vamos supor uma economia de mercado que não tenha interferência do
governo (por enquanto, para simplificarmos) nem transações com o exterior
(economia fechada).
Os agentes econômicos são as famílias (unidades
familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias são
proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção
(empresas) no mercado dos fatores de produção.
As empresas, pela combinação
dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias
no mercado de bens e serviços.
A esse fluxo de fatores de produção, bens e
serviços denominamos fluxo real da economia1.
1 Um fluxo é definido ao longo de um dado
período de tempo (ano, mês etc.). Diferencia-se do conceito de estoque, que é
definido num dado momento do tempo, e não ao longo de um período. Em Economia,
essa diferenciação é particularmente importante: por exemplo, o conceito de
déficit público é um fluxo (mensal, trimestral, anual), enquanto a dívida
pública é um estoque acumulado, até um dado momento.
FLUXO REAL
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Como pode ser observado na Figura acima,
famílias e empresas INTERAGEM ENTRE SI.
As famílias são as donas dos fatores de
produção (mão-de-obra, prédios, etc) enquanto as empresas fazem uso destes
fatores de produção para produzir os bens e serviços que as famílias vão
comprar.
Vamos exemplificar: Eu
(família) trabalho no açougue (empresa). Eu dou minha mão de- obra pro açougue
que beneficia carnes diversas pra outras famílias (além da minha ) comprarem.
REFLITA
No MERCADO DE BENS E SERVIÇOS, as famílias
demandam bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem;
No MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO, as famílias
oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade),
enquanto as empresas os demandam.
Vejamos agora que é necessário PAGAR PRA
CONSUMIR! Seja consumir fator de produção como mão-de-obra, ou consumir a carne
que é uma mercadoria.
FLUXO MONETÁRIO
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
As famílias pagam pelos produtos que consomem!
As empresas remuneram os fatores de produção
que utilizam!
FLUXO
CIRCULAR DE RENDA
O fluxo circular da renda é a junção do Fluxo Real com o
Fluxo Monetário.
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
IMPORTANTÍSSIMO!!! Em cada
um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda,
determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os
preços dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção
são determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros,
aluguéis, lucros, royalties, dentre outros).
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é
o que se estabelece entre famílias e empresas.
O fluxo completo incorpora o setor público,
adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior,
bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias,
serviços e o movimento financeiro com o resto do mundo.
FIQUE
POR DENTRO
Os fatores de produção são
tudo aquilo que as empresas utilizam para produzir bens e serviços. Eles são
remunerados pelas empresas e existem diversas formas de remuneração, dependendo
do fator de produção correspondente.
INTRODUÇÃO
À MICROECONOMIA
Você já se perguntou como os preços são
formados nos mercados? Na indústria? No comércio?
A Microeconomia, conhecida também como teoria
dos preços, analisa a formação dos preços nos mais diversos mercados, ou seja,
como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade
de determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Conforme lembra Vasconcelos (2009), a
teoria microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois
tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da
demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço obtido pela interação
do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem
ou serviço.
Do ponto de vista da Administração de
Empresas, que estuda uma empresa específica, prevalece a visão
contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada
principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia predomina a
visão do mercado como um todo.
DEMANDA
DE MERCADO
Demanda quer dizer
Procura e definimos como sendo a quantidade de certo bem ou serviço que os
consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. Isto vai
depender de alguns fatores. Pense: quais fatores influenciam você a comprar
(demandar) algum bem ou serviço? Isto é, o que afeta sua decisão de compra?
1. O preço do bem
ou serviço;
2. O preço dos
outros bens (concorrentes, por exemplo)
3. A renda;
4. O gosto ou
preferência do indivíduo, dentre outros.
Para estudar-se a
influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus
(veja no FIQUE POR DENTRO a seguir), ou seja, considera-se cada uma dessas
variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor.
FIQUE
POR DENTRO
De acordo com
Vasconcelos (2009), para analisar um mercado específico, a Microeconomia se
vale da hipótese de que tudo o mais permanece constante (em latim, coeteris
paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se
o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis
interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.
Relação
entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda
Há uma relação
inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem,
coeteris paribus. É a chamada lei geral da demanda.
Essa relação
quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por uma escala de
procura (veja a tabela a seguir), curva de procura ou função demanda.
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Outra forma de apresentar essas diversas
alternativas é pela curva de procura (veja a Figura a seguir). Para tanto,
traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços
P, e no horizontal as quantidades demandadas Q.
Assim:
CURVA
DE PROCURA DO BEM X
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Os economistas supõem que a curva ou a escala
de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão
maximizando sua utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou
seja, subjacente à curva há toda uma teoria de valor, que envolve, como vimos,
os fundamentos psicológicos do consumidor.
A curva de procura inclina-se de cima para
baixo, no sentido da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a
quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com relação a
seu preço, coeteris paribus. Matematicamente, a relação entre a quantidade
demandada e o preço de um bem ou serviço pode ser expressa pela chamada função
demanda ou equação da demanda:
Qd = ƒ(P)
em que:
Qd = quantidade procurada de determinado bem
ou serviço, num dado período de tempo;
P = preço do bem ou serviço.
A expressão Qd = ƒ(P) significa que a
quantidade demandada Qd é uma função ƒ do preço P, isto é, depende do preço P.
A curva de demanda é negativamente inclinada
devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito
renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada será
provocada por esses dois efeitos somados:
A. efeito substituição: se um bem X possui um
bem substituto Y, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade,
quando o preço do bem X aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a
adquirir o bem substituto (o bem Y), reduzindo assim a demanda do bem X.
Exemplo: se o preço da caixa de fósforos subir demasiadamente, os consumidores
passarão a demandar isqueiros, reduzindo assim sua demanda por fósforo;
B. efeito renda: quando aumenta o preço de um
bem X, tudo o mais constante (renda do consumidor e preços de outros bens
estando constantes), o consumidor perde poder aquisitivo, e a demanda por esse
produto (X) diminui. Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido
nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos de poder de compra, foi
corroído.
OUTRAS
VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA DE UM BEM
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não
é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que
também afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura será também
afetada pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou
concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou hábitos
dos consumidores. Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto
também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados
bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda;
por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de
segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Analogamente, tem-se a
categoria de bens superiores ou de luxo: se o consumidor fica mais rico,
demandará mais produtos de maior qualidade.
Temos ainda o caso de bens de consumo
saciado, quando a demanda do bem não é influenciada pela renda dos consumidores
(como arroz, farinha, sal). A demanda de um bem ou serviço também pode ser
influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação
direta entre preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são
chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo,
um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais
constante.
Quando há uma relação inversa entre o preço
de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (por
exemplo, quantidade de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas
sociais e preço das gravatas). Finalmente, a demanda de um bem ou serviço
também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumidores.
Os gastos em publicidade e propaganda
objetivam justamente aumentar a procura de bens e serviços influenciando
preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo
da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores
mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores
mais gerais, como condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos
ou tabelamentos de preços e salários.
DISTINÇÃO
ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE DEMANDADA
Embora tendam a ser utilizados como
sinônimos, esses termos têm significados diferentes. Por demanda entende-se
toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas
quantidades. Por quantidade demandada devemos compreender um ponto específico
da curva relacionando um preço a uma quantidade. Na Figura a seguir, a demanda
corresponde à reta indicada pela letra D; já a quantidade procurada relacionada
ao preço P0 é Q0. Caso o preço do bem aumentasse para P1, haveria uma
diminuição na quantidade demandada, não na demanda. Ou seja, as alterações da
quantidade demandada ocorrem ao longo da própria curva de demanda (reta D).
Alteração
na Quantidade Demandada
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Suponhamos que agora a curva da procura
inicial (veja a Figura a seguir) fosse a reta indicada pela letra D0. Sendo o
bem normal, caso houvesse um aumento na renda dos consumidores, coeteris
paribus, a curva da procura D0 iria se deslocar para a direita, o que estaria
indicando que, aos mesmos preços, por exemplo, P0, o consumidor estaria
disposto a adquirir maiores quantidades do bem, passando de Q0 para Q2. A nova
curva de demanda é representada pela reta D1.
Alteração
da Demanda
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Dessa forma, movimentos da quantidade
demandada ocorrem ao longo da própria curva, devido a mudanças no preço do bem.
Quando a curva de procura se desloca (em virtude de variações da renda ou de outras
variáveis, que não o preço do bem), temos uma mudança na demanda (e não na
quantidade demandada).
OFERTA
DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias
quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado
período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários
fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos fatores de
produção e das metas ou objetivos dos empresários.
Diferentemente da função demanda, a função
oferta mostra uma correlação direta entre quantidade ofertada e nível de
preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um
bem X: dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada
preço:
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Graficamente
Matematicamente, a função ou equação da
oferta é dada pela expressão:
Q0 = ƒ(P)
em que:
Q0 = quantidade ofertada de um bem ou
serviço, num dado período;
P = preço do bem ou serviço.
A relação direta entre a quantidade ofertada
de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um
aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção; novas
empresas serão atraídas, aumentando a quantidade ofertada do produto.
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou
serviço é afetada pelos custos dos fatores de produção (matérias-primas,
salários, preço da terra), por alterações tecnológicas e pelo aumento do número
de empresas no mercado.
Parece claro que a relação entre a oferta e o
custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo, um
aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar, coeteris
paribus, uma retração da oferta do produto.
A relação entre a oferta e nível de
conhecimento tecnológico é diretamente proporcional, dado que melhorias
tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fatores de produção
e, portanto, aumento da oferta. Da mesma forma, há uma relação direta entre a
oferta de um bem ou serviço e o número de empresas ofertantes do produto no
setor.
Oferta e quantidade ofertada
Como no caso da demanda, também devemos
distinguir entre a oferta e a quantidade ofertada de um bem. A oferta refere-se
à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade ofertada diz respeito a um
ponto específico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço do bem provoca
um aumento da quantidade ofertada, coeteris paribus (movimento ao longo da
curva — diagrama a), enquanto uma alteração nas outras variáveis (como nos
custos de produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva
de oferta).
Por exemplo, um aumento no custo das
matérias-primas provoca uma queda na oferta: mantido o mesmo preço P0 (isto é,
coeteris paribus), as empresas são obrigadas a diminuir a produção (diagrama
b).
ALTERAÇÃO DA QUANTIDADE OFERTADA E DA OFERTA
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Por outro lado, uma diminuição no preço dos
insumos, ou uma melhoria tecnológica em sua utilização, ou ainda um aumento no
número de empresas no mercado, conduz a um aumento da oferta, dados os mesmos
preços praticados, deslocando-se, desse modo, a curva de oferta para a direita
(diagrama c).
EQUILÍBRIO
DE MERCADO
A lei da oferta e da procura:
tendência ao equilíbrio
A interação das curvas de demanda e de oferta
determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado
mercado.
Seja a Tabela a seguir representativa da
oferta e da demanda do bem X:
Oferta e Demanda do bem
X
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Como se observa na Tabela acima, existe
equilíbrio entre oferta e demanda do bem X quando o preço é igual a 6,00
unidades monetárias.
Graficamente:
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Fonte:
Extraído de Vasconcelos, 2009.
Na intersecção das curvas de oferta e demanda
(ponto E), teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a
quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores
simultaneamente. Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio
E (A, por exemplo), teremos uma situação de escassez do produto.
Haverá uma competição entre os consumidores,
pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão
filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio (ponto
E), quando as filas cessarão. Analogamente, se a quantidade ofertada se
encontrar acima do ponto de equilíbrio E (B, por exemplo), haverá um excesso ou
excedente de produção, um acúmulo de estoques não programado do produto, o que
provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma redução dos
preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio E. Como se observa, quando há
competição tanto de consumidores como de ofertantes, há uma tendência natural
no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário — sem filas
e sem estoques não desejados pelas empresas.
Desse modo, se não há obstáculos para a livre
movimentação dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura ou
perfeita, será observada essa tendência natural de o preço e a quantidade
atingirem determinado nível desejado tanto pelos consumidores como pelos
ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem
do governo nem de forças oligopólicas (na economia oligopólio é uma forma evoluída
de monopólio, no qual um grupo de organizações ou governos promovem o domínio
de determinada oferta de produtos e/ou serviços), que tem poder de afetar o
preço de mercado.
ESTRUTURA
DE MERCADO
A interação entre a oferta e a demanda, que
vai resultar na determinação de preço, objeto de estudo deste capítulo, é
abordada sob diferentes estruturas de mercado. O termo estrutura de mercado
refere-se às características organizacionais de um mercado, as quais determinam
as relações entre:
• vendedores no mercado;
• compradores no mercado;
• vendedores e compradores;
• vendedores estabelecidos e novos
vendedores.
A estrutura de mercado engloba as
características que influenciam no tipo de concorrência e na formação de
preços. Essas características são:
A. Grau de concentração de vendedores e
compradores, isto é, número e tamanho de cada um no mercado. Acredita-se que
uma indústria é altamente concentrada
quando apenas quatro firmas detêm 75% ou mais da produção e do mercado de um
determinado produto. Nesses casos, tende a haver um grau de eficiência aquém do
desejado, porque as empresas procuram alocar os recursos ineficientemente,
através da interferência direta no funcionamento do sistema de preços.
B. Grau de diferenciação do produto, ou seja,
grau em que um produto vendido no mercado é considerado diferente ou
não-homogêneo pelos compradores. Sob o ponto de vista econômico, a
diferenciação do produto objetiva tornar a curva de demanda mais inelástica (A
elasticidade preço da demanda mede o quanto a quantidade demandada muda devido
a uma alteração nos preços. Se a curva de demanda é elástica, receita total cai
quando o preço aumenta. Se a curva de demanda
é inelástica, receita total aumenta quando o preço aumenta), reduzindo
assim o número de bens substitutos para este produto. Costuma-se dizer que a
empresa de sucesso é aquela que consegue produzir barato algo diferenciado.
A diferenciação do produto pode ser obtida
através de:
• serviços especiais aos compradores (por
exemplo, uma empresa que entrega o produto na residência do comprador);
• ingredientes de qualidade superior
incorporados ao produto;
• prêmios oferecidos aos adquirentes do
produto;
• embalagens especiais do produto.
Curvas de Demanda segundo a Diferenciação do Produto
Fonte:
Extraído de Mendes, 2009.
Conforme podemos observar na figura acima, a
curva de demanda de um produto diferenciado é mais “em pé” do que a do produto
homogêneo. E qual é o porquê disso? Simples: quando um produto é diferenciado,
a quantidade demandada (ou procurada) não varia muito quando o preço se
desloca. Por exemplo, se a coca-cola (produto diferenciado) aumenta seu preço,
ela continuará sendo vendida e a quantidade demandada cairá pouco ou nem cairá.
Ao contrário ocorre com um produto que tem
vários substitutos iguais (homogêneos). Por exemplo, se você chega no
supermercado e vê na sessão de ovos várias caixas diferentes, porém todas com
12 ovos. Como você escolhe? Com certeza disse: - preço! Isso porquê ovos são
produtos homogêneos, então se uma granja sobe seus preços e os concorrentes
não, provavelmente sua venda cairá.
CARACTERÍSTICAS
DAS ESTRUTURAS DE MERCADO
INDICAÇÃO
DE LEITURA
Introdução à macroeconomia
A palavra “economia” é muito antiga e
significa basicamente “administração do lar”, ou seja, organização de recursos.
Mas a economia enquanto ciência, somente pode ser considerada a partir de 1776
com o lançamento da obra de Adam Smith denominada “A riqueza das nações”. Sem
dúvida é até hoje uma das mais importantes obras na área econômica. Smith organizou
os pensamentos econômicos que, até então, eram fragmentados, esparsos, e neste
livro escreveu sobre as funções do Estado e como as empresas e os países
deveriam fazer para terem sucesso econômico.
De acordo com Smith, o Estado deveria apenas
fazer valer o direito sobre a propriedade privada e garantir a segurança
pública. Isto ficou denominado como “Estado Liberal”, isto é, aquele que não
intervém em assuntos econômicos.
Mas esta ideia durou apenas até a década de
1930, pois com a grande depressão advinda da crise de 1929, o Estado passou a
intervir de forma veemente na economia para garantir emprego e renda à
população.
Em 1936, John Maynard Keynes, um dos mais
notáveis economistas da história, escreveu a obra “Teoria Geral dos Juros do
Emprego e da Moeda”. Nesta obra, Keynes destacava a importância do governo
manter a Demanda Agregada da economia sempre em alta. Como? Através de
Investimentos públicos. Keynes acreditava que o Estado tinha mais funções do
que simplesmente garantir a segurança e o direito à propriedade privada, o
Estado deveria gerar emprego e renda. Ele pregava o poder multiplicador do
Investimento, isto é, por meio deste se gera emprego, que gera renda e enfim
consumo.
O consumo aumenta sendo necessário mais
investimentos que geram mais emprego, renda e consumo novamente.
Este Estado de bem estar Keynesiano durou até
a década de 1970, pois a partir dos anos 1980 os países estavam endividados e,
portanto, entraram num processo de desestatização (privatizações) que fora
agravado na década de 1990. O setor privado passou a ditar as regras do jogo
novamente e este período é conhecido como Neoliberalismo, ou seja, o novo
liberal.
Atualmente, podemos dizer que o governo
possui algumas funções econômicas, isto é, existem justificativas para a
existência do governo. Que são:
A. Função
alocativa, através do qual a ação do governo visa corrigir falhas da
economia de mercado no uso dos recursos econômicos (fatores de produção), como
é o caso de algumas externalidades. Um bom exemplo de externalidade é a
poluição, em que dificilmente as empresas desejarão incorporar os custos de não
poluição, a não ser que haja imposição governamental.
B. Função
distributiva, que consiste em
arrecadar impostos e contribuições dos mais ricos ou das regiões mais desenvolvidas
e transferi-los para os mais pobres e regiões mais carentes.
C. Função
estabilizadora, por meio do qual o
governo procura atingir um de seus objetivos2, que é a estabilização econômica,
ou seja, a estabilidade dos preços, uma das condições necessárias para que os
investimentos aumentem e, com eles, o crescimento econômico, o emprego e a
renda nacional. Sem dúvida, o Plano Real é um bom exemplo dessa função exercida
pelo governo brasileiro.
2 Veremos adiante que o governo possui outros
objetivos, como crescimento econômico, distribuição de renda e diminuição do
desemprego.
As políticas macroeconômicas existem
para que o governo cumpra suas funções econômicas.
ANÁLISE
DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
Para analisarmos a economia como um todo,
devemos abordar as principais variáveis que afetam a riqueza de um país,
ou seja, as variáveis que afetam o PIB.
Portanto, nesta seção serão abordadas as
principais variáveis: demanda agregada (Da), renda (Y), consumo (C),
investimento (I), taxa de juro (r), gastos de governo (G), exportação (E),
importação (M) e poupança (S).
Tendo em vista que o principal objeto da
macroeconomia é a determinação do nível de atividade econômica no país,
para que se possa estimar o produto interno bruto, a renda gerada por
esse produto e também o emprego, é fundamental excluir dos gastos (ou
dispêndios) globais o montante do valor gasto com as importações, pois elas não
geram renda nem tampouco emprego aqui no Brasil.
Em suma, serão
enfocados os componentes da demanda agregada ou do dispêndio nacional, que é
igual a C + G + I + (E - M), a fim de se destinar a renda nacional, o
produto interno bruto e o nível de emprego no país. Agora que já sabemos que a
demanda agregada determina o produto, isto é, a quantidade total de bens e
serviços produzidos em um país num determinado ano, é fundamental analisar cada
uma das variáveis ou fatores que influenciam a demanda agregada. Assim, vamos
analisar os fatores determinantes do produto. Em particular, serão analisadas
as relações entre os fatores que influenciam o consumo privado, tais como
renda, taxa de juros, crédito, número de prestações, riqueza. É do consumo que
se tira também a relação entre poupança com a renda e a taxa de juros: a) Os
gastos públicos (em consumo e em investimentos); b) O investimento privado com
a taxa de juro e com o risco; c) As exportações, este é o início para
demonstrar como se determina o equilíbrio da atividade econômica e o pleno
emprego dos recursos produtivos.
O
CONSUMO AGREGADO PRIVADO
O consumo
privado é o principal e o mais estável componente da demanda agregada,
representando, em média, dois terços ou mais da Despesa Interna Bruta da
economia brasileira, ou seja, do Produto Interno Bruto do país. Entre todos os
fatores determinantes do nível de consumo, o nível de renda é, sem dúvida, o de
maior importância. O consumo agregado (C) é uma função da renda disponível
(Yd), chamada função-consumo, cuja notação geral é dada por: C = f (Yd). Isto
significa dizer que: por renda disponível Yd entende-se aquela renda (salários,
juros, aluguéis, lucros) que está à disposição do consumidor, ou seja, é a
renda bruta Y deduzida dos impostos (T).
Portanto, Yd = Y
- T. Assim, quanto maior o imposto, menor a renda disponível, conforme
veremos no comentário sobre política fiscal, mais adiante. O consumo das
famílias depende da renda que elas têm. Essa relação é positiva, ou seja, à
medida que a renda aumenta o consumo também tende a elevar-se. Por outro lado,
se reduz a renda, o nível do consumo fatalmente cairá. Em outras palavras, quanto
maior for a renda, maior tende a ser o consumo. Admite-se que, para
baixos níveis de renda, as despesas de consumo tendem a ser elevadas. Todavia,
à medida que a renda se eleva, as despesas de consumo também se elevam em valor
absoluto, embora passem a significar menor percentagem da renda. Em outras
palavras, nas economias menos desenvolvidas, as famílias gastam
proporcionalmente mais em consumo do que nas nações desenvolvidas.
Como o consumo
aumenta menos proporcionalmente que a renda, quanto mais aumenta a renda da
sociedade, maior é a proporção dessa renda que é poupada. Em outras palavras,
pode-se dizer que o consumo cresce a taxas decrescentes com a renda, enquanto a
poupança cresce a taxas crescentes. Além da renda, o consumo também é influenciado
ou afetado por outras variáveis, como a taxa de juros, o valor das prestações
mensais, o número de prestações, do crédito e da riqueza.
A taxa de juros é
uma importante variável na decisão do consumo, em especial para os bens e
serviços de consumo durável (automóveis, eletrodomésticos de um modo geral),
que normalmente têm um valor maior e, portanto, dependem de financiamento. Como
bens financiáveis, os juros têm uma direta influência sobre o valor das
prestações. Assim, quanto maior o juro, maior o valor das prestações, o que, em
consequência, afeta negativamente a decisão do consumo. Ademais a taxa de juros
tem uma influência direta sobre a poupança, ou seja, as pessoas estarão tanto
mais dispostas a aplicar recursos financeiros em poupança quanto maior for a
taxa de juros (que é a remuneração da sua aplicação financeira).
Esta é a famosa Lei
Psicológica Fundamental, conforme foi dita por Keynes, segundo a qual os
indivíduos consomem mais conforme a renda aumenta, mas não na mesma proporção,
uma vez que a poupança tende também a aumentar.
Ora, poupar mais
significa consumir menos, pois poupança é uma renúncia ao consumo hoje para
consumir mais no futuro. Desse modo, quanto maior a taxa de juros, mais as
pessoas desejarão poupar hoje, ou seja, o consumo presente diminui. Pode-se,
assim, concluir o seguinte: Quanto maior a renda e menor a taxa de juros,
maior o consumo.
A taxa de juros
evidentemente tem muito a ver com a oferta monetária e, também, com a demanda
por moeda. Um aumento da oferta monetária, isto é, da quantidade de moeda em
circulação na economia, provoca uma queda nos juros e consequente aumento do
consumo de bens duráveis, em especial. Além do seu efeito sobre o consumo, na
verdade a taxa de juros têm impactos diferenciados sobre os agentes econômicos,
dependendo da situação desses agentes: se eles forem do setor privado (seja na
situação de aplicadores, ou de devedores) ou se esses agentes forem do setor
público.
Para os aplicadores
privados, ou seja, aqueles que têm recursos financeiros aplicados em poupança,
CDBs e fundos de investimentos (cujos rendimentos se baseiam nas taxas de
juros), o aumento dos juros faz com que suas rendas aumentem (e, portanto,
podem vir a consumir mais depois). Para os devedores (ou seja, pessoas que têm
dívidas), o aumento dos juros faz com que suas rendas diminuam, pois elas terão
que destinar mais gastos com juros. Consequentemente terão menos recursos para
gastar.
Para o setor
público, que, de um modo geral, tem déficit público (ou seja, gasta mais do que
arrecada) e, portanto, necessita financiar-se no mercado financeiro é ruim. A
escola monetária, na maioria das vezes associada à Universidade de Chicago,
defende que o aumento de dinheiro em circulação provoca a elevação dos preços,
ou seja, a expansão da moeda está atrelada à inflação. Na verdade, os
monetaristas se preocupam muito com a expansão monetária para financiar os
déficits públicos.
O aumento de juros
tende a aumentar ainda mais os gastos públicos e a própria dívida pública.
Com relação às
prestações, tanto o valor como o número delas têm uma influência sobre o
consumo. Quanto maior o número de prestações (e, portanto, menor é o valor
mensal delas), maiores as possibilidades de consumo de bens duráveis (que são
financiáveis), pois os consumidores, em especial os de baixa/média renda,
passam a ter condições financeiras de pagamento parcelado, apesar de as
prestações se alongarem por dois ou mais anos. Essa variável (número de
prestações) teve uma decisiva influência sobre o grande aumento de consumo de
bens eletrodomésticos no Brasil no período 1996-1997. Nessa época, o importante
para os consumidores era o fato de poder assumir as prestações, apesar de
estarem pagando, ao final, duas ou mais
vezes do que o valor a vista, dadas as elevadas taxas de juros. Em outras
palavras, os juros altos “pesavam” menos do que a possibilidade de assumir o
pagamento parcelado.
O nível de riqueza
das famílias influencia, também, as decisões de consumo. As pessoas que já têm
ativos (como casa, automóvel, plano previdenciário e alguma poupança) estarão
mais propensas a gastar maior parte de suas rendas atuais em consumo do que
aquelas que ainda não tenham nenhum desses ativos, mesmo que o nível de renda
de ambas seja igual. Em outras palavras, dado o nível de renda das pessoas,
tende a consumir mais quem possui mais riquezas, pois elas têm menos
preocupações com o futuro.
Outro elemento
determinante do consumo é a existência de crédito ao consumidor. Quanto mais
desenvolvido um sistema financeiro que tenha crédito abundante, maior é o
potencial de demanda por bens de consumo duráveis. Ao incluirmos a taxa de
juros, a riqueza e o crédito como variáveis que influenciam o consumo, estamos
nos referindo às aplicações financeiras, aos empréstimos e, portanto, ao
sistema financeiro, ou seja, existindo um sistema financeiro desenvolvido, as
regras desse podem estimular ou dificultar o consumo.
O estoque total de
crédito concedido pelo sistema financeiro com recursos livres e direcionados
totalizou R$1.706 bilhões em dezembro de 2010, elevando-se 20,6% no ano, ante
expansões anuais de 15,2% em 2009 e de 31,1% em 2008, contribuindo para que a
relação crédito/PIB atingisse 46,4%, ante 44,4% em 2009 e 40,5% em 2008. A
participação dos bancos públicos no crédito total situou-se em 41,8% ao final
de 2010, enquanto as relativas às instituições privadas nacionais e
estrangeiras atingiram 40,8% e 17,4%, respectivamente.
O volume de crédito
disponível em um país serve como um dos vários indicadores da capacidade de
crescimento da economia. Quanto mais empréstimos as pessoas e empresas tomam,
mais recursos podem ser direcionados para consumo ou para investimentos,
contribuindo para o aumento do nível de atividade. Sem dúvida, o pequeno volume
de empréstimos é um obstáculo ao crescimento.
CONSUMO
DO SETOR PÚBLICO
O governo, assim
entendidas as administrações públicas de um modo geral, incluindo as esferas
federal, estaduais e municipais e respectivas empresas estatais, também tem
influência sobre o consumo final de bens e serviços. É claro que as variáveis
mencionadas (como renda, juros, prestações, riqueza e crédito) não são as que
explicam o nível de consumo do setor público. Cabe ressaltar que esse tipo de
consumo representa uma parcela muito significativa do Produto Interno
Bruto brasileiro. Por exemplo, o consumo final das administrações públicas está
ao redor de 20% do PIB do país, ao passo que, conforme já foi mencionado, o
consumo agregado privado (das famílias) absorveu a parcela em torno de 60%.
Assim, pode-se dizer que, nesse período, o consumo agregado como muitos não
tinham reais condições para tanto, acabaram atrasando as prestações, e o
resultado foi o elevado grau de inadimplência verificado no período 1997-1998.
O consumo global (privado e público) correspondeu a aproximadamente 80% do
produto interno bruto do Brasil.
Esse elevado
percentual do setor público no PIB decorre da forte intervenção do Estado na
economia brasileira, a partir da década de 30 até meados da década de 80.
Em 1984, havia no
Brasil 317 empresas estatais, sendo que 62% delas estavam ligadas ao setor
produtivo e o restante era de administração descentralizada, com funções
típicas de governo. Nessa época, nove enormes empresas controlavam mais de três
quartos do orçamento das estatais. A partir do final da década de 80, deu-se
início a uma mudança bastante radical da presença do governo no setor
produtivo, com a criação do Programa Nacional de Desestatização (leia-se:
privatização). Com o processo de privatização, pretendeu-se reduzir e limitar o
papel do governo como estado-empresário.
INVESTIMENTO
AGREGADO PRIVADO
Se a grande parte
da produção de bens e serviços se destina ao consumo final (privado e
governamental), outra parcela vai formar o que se chama de acumulação, ou seja,
é composta por produtos ligados ao processo de formação de capital de um país.
Na realidade, a acumulação diz respeito aos investimentos em bens de capital,
os quais representam os acréscimos líquidos na capacidade nacional de produção.
Os investimentos destinam-se à aquisição de bens de capital, que compreendem o
conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade, destinadas à geração de
novas riquezas. Nesse conjunto de
riqueza incluem-se: máquinas, equipamentos, ferramentas de trabalho,
construções, edificações, equipamentos de transporte e equipamentos de
infraestrutura econômica e social.
A função de
investimento, na versão de Keynes, é indubitavelmente um dos fundamentos da
procura agregada. A tomada de decisão do empresário em investir, como será
visto a seguir, é resultante da comparação entre a taxa de retorno do
investimento e a taxa de juros de mercado. O investimento pode ser definido
como o acréscimo ao capital real da sociedade. Assim, como a poupança, ele
resulta de uma abstenção do consumo imediato em relação à renda gerada no período,
ou seja, estruturalmente o investimento (I) é igual a poupança (S), uma vez que
eles são apenas aspectos diferentes de uma mesma realidade.
Embora a poupança
resulte do comportamento coletivo dos consumidores individuais, e o
investimento resulte do comportamento coletivo dos empresários e do governo, os
dois se equivalem, porque qualquer um deles é igual ao excedente da renda sobre
o consumo.
As igualdades
estruturais e as equações fundamentais do sistema keynesiano são:
RENDA (Y) = VALOR
DA PRODUÇÃO CORRENTE (VPC)
VPC = BENS DE
CONSUMO (C) + BENS DE INVESTIMENTO (I)
INVESTIMENTO =
PARCELA DA PRODUÇÃO DESTINADA À AMPLIAÇÃO DO ESTOQUE DE
CAPITAL
POUPANÇA (S) =
EXCESSO DA RENDA EM RELAÇÃO AO CONSUMO
Ou seja:
Y = C + I
S = Y – C
Y = C + S
I = S
Fundamentalmente, o
setor privado só realiza novas inversões (investimentos) se houver favoráveis
expectativas de lucros. A taxa de retorno esperado do novo investimento (a qual
Keynes deu a denominação de eficiência marginal do capital) é a base das
decisões empresariais. Quando a eficiência marginal do capital for maior do que
a taxa de juro, o novo investimento deve ser realizado. Caso contrário, o
montante que seria aplicado na inversão prevista renderá muito mais se for
aplicado à taxa de juros corrente. Portanto, o investimento privado (I) é uma
função inversa (relação negativa) da taxa de juros (r), ou seja: I = f (r).
Em outras palavras, uma queda da taxa de juros estimula os empresários a
investir mais, e vice-versa. Assim, quanto mais baixa a taxa de juros,
maior o volume de recursos que o setor privado destinará para investimentos.
A taxa de juros, na
análise keynesiana, resulta do confronto da procura da moeda correspondente ao
motivo de especulação e da oferta da moeda, isto é, ela é determinada no
mercado monetário, que será objeto de análise mais adiante. Na realidade, o
investimento depende também de outros fatores dinâmicos, como o nível de risco
(leiam-se expectativas sobre as condições futuras da economia), o avanço
tecnológico, ou seja, o ritmo das inovações tecnológicas, principalmente sobre
os processos produtivos, o crescimento da demanda (via expansão populacional ou
via aumento de renda), a política governamental, a evolução do comércio
exterior, a descoberta de novos produtos e até mesmo a estabilidade política da
nação.
REFLITA
Na prática, os
bancos definem as taxas de juros com base na taxa básica (SELIC), acrescida de
um Spread, que é a diferença entre a taxa básica e a taxa cobrada pelos
produtos como cheque especial, cartão de crédito, crédito pessoal. E você se
pergunta, porque o Spread é tão alto? Se a taxa básica está em torno de 10% ao
ano e alguns produtos bancários chegam a cobrar 200% ao ano.
A composição do
Spread é altamente influenciado por um fator chamado INADIMPLÊNCIA, ou seja, os
bancos cobram nos juros o RISCO que ele tem de emprestar ao público.
Os banqueiros
dizem: “No Brasil os juros são altos, pois a inadimplência é alta”!
Porém eu prefiro
dizer que: “No Brasil a inadimplência é alta, pois os juros são absurdos!”
E você? Concorda
comigo ou com os banqueiros?
Para maior
conhecimento, leia o artigo na link que segue:
Entre esses fatores, cabe uma observação
sobre o risco ou as expectativas sobre o futuro desta igualdade que só ocorre
em situação de equilíbrio. Ressalta-se que os recursos para realizar o investimento
provêm da poupança (do governo, das empresas, das famílias e do resto do
mundo). Muitas vezes, a demanda para investimento (intenção de investir) está
acima dos recursos disponíveis. Neste caso ocorre o desequilíbrio, economia do
país.
Quanto maior o otimismo com relação ao futuro
(pensando-se em economia estável e regras de jogo definidas), mais estimulados
estarão os empresários a investir, pois o investimento é um tipo de aplicação
de longa duração, necessitando, portanto, de um horizonte temporal de longo
prazo. Neste caso, a redução de risco provoca um efeito positivo nos
investimentos, deslocando a curva de investimento para a direita. Desse modo,
dada a taxa de juros, quanto menor o risco, maior o investimento. Para o
Brasil, é necessário e importante que os dois fatores atuem na mesma direção,
ou seja, menor risco e juros mais baixos, pois assim o volume investido pelos
empresários será maior.
O investimento privado depende da taxa de
juros e do risco. O investimento privado ou formação bruta de capital fixo das
empresas e famílias estão ao redor de 20% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Essa taxa de investimento (relação entre a formação bruta de capital fixo e o
produto interno bruto), no Brasil, já esteve bem acima deste patamar na década de
70. Contudo, devido aos vários problemas da economia brasileira na década de 80
(como dívida externa, inflação descontrolada, frequentes mudanças nas políticas
monetária e cambial), surgiu um ambiente econômico de incertezas, de tal modo
que os investimentos se retraíram. Vale ressaltar, contudo, que para que a
economia brasileira gere em torno de 1,7 milhão de novos empregos demandados
anualmente, a taxa de crescimento do PIB deve se situar próximo a 7% ao ano,
mas, para tanto, a taxa anual de investimento global (privado e público) deve
se situar no patamar de 25% do PIB.
É importante lembrar que o investimento afeta
o nível de produto, porque ele é um elemento da demanda agregada. Quanto maior
for o investimento ou o dispêndio em máquinas, equipamentos, edificações e
construções, ou seja, em bens de capital, maior será o produto da economia (o
PIB), além de gerar mais empregos e, portanto, maior renda para a coletividade.
INVESTIMENTO
PÚBLICO
Além do setor privado, o governo também faz
investimentos. As obras públicas, como construções de rodovias, ferrovias,
aeroportos, açudes, barragens, silos e armazéns, edificações, como escolas,
hospitais, e também as aquisições de máquinas e equipamentos, são bons exemplos
de dispêndios do setor público na formação bruta de capital fixo do país. Na
década de 70, devido à maior presença do Estado na economia, o percentual do
investimento público estava ao redor de 4% do PIB. Atualmente, esse percentual
é inferior a 3% se forem considerados os investimentos das Estatais, mas se for
levado em consideração apenas a Administração Federal direta não chega a 1%. As
compras do governo, que constituem o terceiro componente da demanda agregada,
tem um efeito de alto poder sobre o nível de renda. Os gastos do governo (G)
são tratados como exógenos, isto é, como uma variável que pode afetar, mas não
é afetada por outras variáveis no modelo.
EXPORTAÇÕES
Um país exporta bens e serviços nacionais (E)
e importa bens e serviços estrangeiros (M). Conforme foi citado, as exportações
fazem parte do Produto Interno Bruto, gerando internamente renda e dispêndio,
enquanto as importações transferem renda para o exterior e não fazem parte do
PIB. A diferença entre as exportações e as importações representa a demanda
externa líquida ou exportações líquidas. Desse modo, um aumento nas exportações
líquidas X (onde X = E - M) aumenta a demanda de bens e serviços nacionais
(demanda agregada), uma vez que, conforme já vimos, Da = C + G + I + X.
A expansão das exportações representa uma
poderosa alavanca para o fortalecimento e expansão da demanda agregada (ou
seja, da produção interna). Numa economia aberta (comércio com o exterior), as
exportações fazem com que a demanda por produtos brasileiros se expanda, e,
assim, a produção de bens e serviços produzidos no Brasil aumenta, gerando, em
consequência, mais emprego e mais renda no território nacional. Por incrível
que pareça, muitas pessoas não percebem esse efeito multiplicador das
exportações sobre a economia brasileira, chegando, inclusive, a críticas do
tipo: “É um absurdo que o Brasil exporte, quando há fome aqui dentro”. É
fundamental que se tenha em mente que quando o Brasil exporta alguma
mercadoria, o efeito é semelhante a vender aqui dentro, sob o ponto de vista de
geração de renda e de emprego, sem contar que, ao exportar, estamos trazendo
divisas internacionais para o país, que delas necessita para pagar as
importações e outros compromissos financeiros, em especial para “bancar” o
déficit na balança de serviços (isto é, pagar juros da dívida externa, remessa
de lucros para o estrangeiro, pagamentos de fretes internacionais, entre outros). Em 2011, o
Brasil exportou mais de US$ 250 bilhões, recorde até então.
POLÍTICAS
ECONÔMICAS
Como vimos, o principal objeto da
macroeconomia é estudar os elementos que determinam o nível de produção de bens
e serviços (PIB), da renda nacional, do emprego e dos preços de um país, e que
essas variáveis, na visão keynesiana, dependem do nível e de variações na
demanda agregada, a qual é a soma dos fluxos de dispêndios em bens e serviços
de consumo (privado e público), em investimento (privado e público) e
exportações (ou seja, o que os estrangeiros compram de produtos brasileiros).
Quanto maior a demanda agregada por parte dos
cerca de 200 milhões de brasileiros, das administrações públicas (governo), das
empresas (que investem) e dos estrangeiros que compram produtos brasileiros,
maior o nível de produção de bens e serviços no Brasil, maior o nível de
emprego e maior o nível de renda nacional. Como para Keynes a demanda agregada
influencia a produção, o controle do nível da demanda agregada é exercido pelas
autoridades governamentais,
ou
seja, pelo governo. Essa intervenção do governo na economia faz parte da política pública.
Objetivos das Políticas Econômicas
Ao fazer as suas intervenções na economia,
cujas consequências afetam a todos (consumidores, empresários, trabalhadores),
o governo tem evidentemente algum objetivo. Basicamente pode-se citar quatro objetivos
da intervenção governamental, ou seja, objetivos da política econômica: estabilidade
dos preços, crescimento econômico (aumento de renda e de emprego), melhor
distribuição da riqueza (renda) e equilíbrio nas contas externas.
A prioridade do governo nesses objetivos se altera ao longo dos anos, de acordo
com cada governo. Por exemplo, no início dos anos 1980, o ajuste externo era
mais prioritário para o governo do que a estabilidade ou o crescimento.
Desde 1986, com o Plano Cruzado e os demais
planos econômicos (Bresser, Verão, Collor I e Collor II, até chegar ao Plano
Real), a prioridade número 1 passou a ser a estabilização econômica. Para o
governo Lula, que se iniciou em janeiro/2003, os objetivos de política
econômica mudam um pouco em relação ao governo anterior, em que a estabilidade vinha
em primeiríssimo lugar. É claro que a estabilidade continua sendo importante,
mas o governo atual deveria fazer um grande esforço para o país crescer mais e
com melhor distribuição dessa riqueza. Quanto à repartição da riqueza, é um
objetivo de mais longo prazo, uma vez que ele depende fundamentalmente da
educação, a qual, infelizmente, não tem recebido a devida atenção por parte das
administrações públicas.
De um modo geral, as decisões no plano
macroeconômico visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Entre alguns dos
problemas macroeconômicos que um país pode enfrentar estão: inflação (ou seja,
aumento generalizado dos preços de bens e serviços), recessão ou baixo
crescimento da economia, desemprego elevado, distribuição desigual de renda, variação
cambial (o real em relação ao dólar pode variar muito, num determinado
período), problemas no balanço de pagamentos (que registra o resumo contábil
das transações econômicas do Brasil, por exemplo, com o resto do mundo), em que
o país tem dificuldades em pagar suas contas externas, taxas de juros elevados
no mercado interno, entre outros.
Com o objetivo de resolver ou pelo menos
minimizar esses tipos de problemas econômicos, os governos fazem quase que
diariamente intervenções na vida das pessoas e das empresas, via decisões
políticas com interesse econômico. São basicamente quatro os objetivos de
políticas econômicas: estabilidade dos preços (leia-se: inflação baixa);
crescimento econômico, ou seja, crescimento da produção (de modo a garantir
aumento de renda e de emprego); melhor repartição da riqueza (em particular da
renda pessoal e regional); e equilíbrio nas contas externas (ou seja, que o
país possa pagar seus compromissos financeiros com os demais países).
Estabilidade Econômica
Embora a estabilização econômica tenha um
sentido mais abrangente, podemos entendê-la como sinônimo de estabilidade de
preços, isto é, a busca por manter a inflação em nível baixo (em geral, abaixo
de 6% ao ano, para um país como o Brasil, já pode ser considerado um objetivo
alcançado, enquanto para os EUA esse nível é em torno de 2,5% ao ano). Taxas
elevadas de inflação trazem distorções para a sociedade: piora a distribuição
de renda (porque os mais pobres não conseguem, com o mesmo sucesso dos mais
ricos, fazer aplicações de seu dinheiro no mercado financeiro), as aplicações
financeiras passam a ter prazos menores (desestimulando os investimentos das
empresas e dificultando a aquisição de moradias, por exemplo), entre outros.
Crescimento da Produção: mais renda e
emprego
O crescimento econômico de um país
(principalmente no caso do Brasil, que tem um elevado crescimento populacional)
é, provavelmente, o mais importante objetivo de política econômica, uma vez que
significa maior quantidade de bens e serviços disponíveis para a sociedade. Se
a produção cresce a uma taxa superior à da população, diz-se que a produção por
pessoa (a renda per capita) está aumentando. Aliás, este é talvez o único
caminho para melhorar o nível de renda de um país. Como produção tem tudo a ver
com emprego (inclui-se aqui não só a mão de obra, mas também outros fatores,
como o emprego de recursos naturais e capital), a expansão da produção leva a
geração de maior nível de emprego.
Melhora da Distribuição de Renda
Este objetivo, apesar de sua importância,
praticamente nunca foi o principal em nenhum dos governos brasileiros. A
péssima distribuição de renda no Brasil está, assim, a merecer que, um dia,
seja objeto de preocupação dos nossos governantes. O controle da inflação no
país, nos últimos anos (leia-se: Plano Real), até ajudou a melhorar esse
problema (como já foi citado, em 1993, os 10% mais pobres, que detinham apenas
0,7% da renda agregada, viram sua participação aumentar para 1,1% em 2001), mas
a solução para uma melhor distribuição de renda depende basicamente da melhoria
na educação, especialmente nos níveis de ensino fundamental e médio. Para
tanto, os ensinos fundamental e médio deveriam ser gratuitos, de qualidade, e
oferecer escolas com tempo integral, como ocorre em todos os países
desenvolvidos.
Equilíbrio nas Contas Externas
No balanço de pagamentos faz-se o registro
contábil das transações comerciais e financeiras de um país com os demais
países do mundo. Os três principais componentes do balanço de pagamentos (BP)
são: a balança comercial (que registra a diferença entre exportações e
importações de mercadorias), a balança de serviços (que registra as transações
de serviços e de renda, tais como pagamentos de juros, turismo, fretes,
remessas de dividendos e de lucros, entre outros) e os movimentos de capital
(investimentos estrangeiros e ingressos de capital financeiro), além das
transferências unilaterais, que, na verdade, se constituem num quarto
componente do BP.
O equilíbrio nas contas externas, em especial
nas transações correntes (que é o balanço entre a conta comercial e a de
serviços), para um país como o Brasil, é necessário principalmente por duas
razões: primeiramente porque a moeda nacional (o real, no caso do Brasil) não é
aceita mundialmente (e, portanto, não pode ser usada para pagamentos de
compromissos com os demais países) e, segundo, porque o Brasil não pode
imprimir dólares legalmente. Se um país tem déficit nas transações correntes,
ele necessariamente dependerá do ingresso de dólares no país, seja via investimentos
diretos de outro país no Brasil ou via capital especulativo. Caso contrário,
essa necessidade de dólares para cobrir o déficit (o que significa que estão
saindo mais dólares do que entrando) só seria possível se eles viessem das
reservas em dólares que o país tem. Isso só é admissível no curto prazo, e não
no longo prazo, pois o volume das reservas é limitado.
Superávits permanentes podem também resultar
em problemas para um país, porque o ingresso excessivo de dólares pode obrigar
o Banco Central a ter que emitir moeda nacional (reais, no caso do Brasil) para
fazer a conversão dos dólares por reais, uma vez que os dólares não têm livre
circulação no país. Ocorre que quanto maior o volume de dinheiro (em reais) em
circulação na economia, maior é a possibilidade de inflação.
Conflitos existentes
Cabe destacar a existência de conflitos entre
esses quatro objetivos, ou seja, quando o governo intervém na economia para
resolver um determinado problema, pode trazer consequências negativas sob o
ponto de vista de outro objetivo. Por exemplo, se o governo aumenta a taxa de
juros para conter a inflação (isto é, atingir o objetivo de estabilidade dos
preços), essa elevação dos juros pode desestimular o consumo e o investimento
privado, retraindo a demanda agregada e, assim, pode provocar até recessão e
desemprego.
São objetivos da política econômica a
estabilidade de preços, o crescimento, a melhor distribuição da riqueza e o
equilíbrio nas contas externas. Sem nenhuma dúvida, a partir de 1986, quando
foi lançado o primeiro plano de estabilização econômica (o Plano Cruzado em
fevereiro de 1986) até o final do governo Fernando Henrique Cardoso, em
dezembro de 2002, a prioridade foi o combate a inflação, em que principalmente
a política monetária foi utilizada como instrumento de estabilidade dos preços.
Acreditava-se que nos governos posteriores o foco se alterasse um pouco,
passando a ser: crescimento econômico (visando a geração de emprego) com
estabilidade monetária e inclusão social (leia-se: preocupação com a
repartição), mas infelizmente isso não ocorreu, pois a prioridade continuou
sendo a estabilidade apesar de certo crescimento ter sido atingido,
principalmente em 2010 chegando a mais de 7%.
Dilemas de política econômica:
inter-relações e conflitos de objetivos
O crescimento econômico pode facilitar a
solução de problemas relativos à pobreza, pois os conflitos sociais sobre a
divisão do bolo produtivo podem ser abrandados quando ele aumenta. Nesse
sentido, poder-se-ia aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.
Entretanto, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, as metas de
crescimento e equidade distributiva têm-se mostrado conflitantes,
fundamentalmente devido ao fator educacional, com a maioria da mão de obra com
baixa qualificação e, portanto, com baixos rendimentos.
Outro conflito gerado por políticas
econômicas pode ser observado entre as metas de redução de desemprego
(crescimento econômico) e a estabilidade de preços. É fato que, quando o
desemprego diminui e a economia aproxima-se da plena utilização de recursos,
passam a ocorrer
pressões por aumentos de preços,
principalmente nos setores fornecedores de insumos básicos (aço, embalagens,
matérias-primas), o que explica o frequente controle do crescimento do consumo
pelas autoridades para não provocar inflação. Por outro lado, observa-se que,
numa situação recessiva (desemprego elevado), as taxas de inflação tendem a
ceder, uma vez que as empresas estarão mais voltadas a desovar seus estoques
acumulados e os sindicatos de trabalhadores não estarão tão preocupados em
obter salários mais elevados, mas sim com a manutenção do emprego. Essa
tendência a uma relação inversa entre inflação e desemprego.
Este dilema é denominado, na literatura
econômica, trade-off entre inflação e desemprego, que é um reflexo de uma
tendência cíclica da economia, alternando períodos de maior prosperidade com
outros mais recessivos.
Outro exemplo bastante claro desses dilemas
de política econômica ocorreu no Plano Real, a partir de 1994: a meta de
redução da inflação e de estabilização de preços foi plenamente atingida (de
taxas de inflação de cerca de 50% mensais passou-se a taxas em torno de 5% a 6%
ao ano). Entre os instrumentos utilizados, recorreu-se a valorização da moeda
nacional perante o dólar, o que promoveu um aumento das importações e da
concorrência dos produtos estrangeiros com os nacionais e o consequente
barateamento dos preços internos. Entretanto, houve uma redução do ritmo das
exportações (os produtos brasileiros fi aram mais caros em relação ao dólar), a
balança comercial tornou-se deficitária e aumentou a vulnerabilidade externa da
economia brasileira. Decidir qual o objetivo prioritário é tarefa que pertence
mais ao âmbito do poder político. Cabe aos economistas apresentar os custos e
os benefícios de cada alternativa de política econômica, mas a decisão final
sobre qual caminho percorrer pertence aos políticos.
Instrumentos de política macroeconômica
A política macroeconômica envolve a atuação
do governo sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e as despesas
planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir que a economia opere
a pleno emprego, com baixas taxas de inflação, com distribuição de renda justa,
e cresça de forma contínua e sustentável.
Em nível macroeconômico, para atingir esses
objetivos, o governo intervém na economia e, para tanto, dispõe de quatro
instrumentos importantes: política fiscal (receita e gastos públicos),
política monetária (juros e controle da oferta de moeda), política cambial
(que afeta o setor externo: exportação, importação e transações financeiras,
via câmbio, tarifas e outros controles) e política de rendas (que inclui
o controle de preços e salários).
A forma de atuação do governo tem
consequências diretas sobre o sistema financeiro, em particular os bancos.
OS
INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA
Os instrumentos de política econômica são:
política fiscal, monetária, cambial e de rendas Todas essas três políticas
(fiscal, monetária e cambial) devem manter uma estreita ligação com os
objetivos que os governos perseguem, entre os quais, conforme acima citados,
estão: o crescimento do PIB, o pleno emprego, uma melhor distribuição de renda,
taxa de inflação baixa e estável, taxas de juros baixas, investimentos em
expansão, equilíbrio no balanço de pagamentos (que trata das contas externas).
Conseguir atingir mais um objetivo é o grande desafio que os governos
enfrentam, porque, via de regra, há conflitos entre eles, conforme já
mencionado. Por exemplo, o objetivo de crescimento do PIB pode chocar com o de
taxas de inflação baixas, ou o objetivo de reduzir os impostos pode resultar no
aumento da dívida pública interna, e ter consequências negativas sobre as
contas públicas (lado fiscal).
É fundamental entender que cada uma dessas
políticas têm direta influência sobre as variáveis componentes da demanda
agregada. Isto significa que a intervenção governamental na economia, por meio
de um ou mais dos instrumentos de política econômica acima citados, deve afetar
ou o consumo privado, ou o investimento privado ou as exportações, de modo a
alterar o nível da demanda agregada, o que irá influenciar no nível do produto
interno bruto, na geração da renda nacional e no nível de emprego. É por isso
que, a seguir, iremos analisar cada uma dessas políticas.
POLÍTICA
FISCAL: RECEITA E GASTOS PÚBLICOS
Por política fiscal entende-se a
atuação do governo no que diz respeito à arrecadação de impostos (as chamadas
receitas públicas) e aos gastos públicos. De um lado, como sabemos, o governo
constrói e mantém escolas, estradas, hospitais, paga funcionários e juros da
dívida. De outro, atuando sobre o sistema tributário, pode aumentar ou diminuir
a sua arrecadação, via impostos e outras taxas.
O objetivo básico da política fiscal é
conduzir, com eficiência, a área administrativa do governo, promovendo o
bem-estar da população mediante a realização de obras de interesse da sociedade
e a eficácia na arrecadação tributária para fazer frente às despesas
orçamentárias. Essas políticas devem manter uma estreita ligação com os objetivos
que os governos perseguem, embora muitos desses objetivos sejam conflitantes
entre si. Entre esses objetivos, conforme já citados no capítulo
anterior, estão: crescimento do PIB, pleno emprego, distribuição da renda, taxa
de inflação baixa e estável, taxas de juros baixas, investimentos em expansão e
equilíbrio no balanço de pagamentos.
Gastos do governo
Os gastos do governo compõem-se de
despesas correntes e de investimento. Nas despesas correntes incluem-se quatro
itens: o consumo do governo (pagamento dos funcionários e despesas como
energia elétrica e materiais), transferências (despesas do setor público
destinadas ao setor privado, sem contraprestação de serviços ou fornecimento de
bens, como, por exemplo, é a
Assistência e Previdência Social), juros (pagamento
de juros tanto da dívida interna como externa) e subsídios (são gastos
do governo objetivando que os consumidores adquiram alguns bens e serviços por
preços menores do que se daria pelo mercado normal, ou que o produtor receba
preços maiores, ou seja, o subsídio tanto pode ser para o consumidor como para
o produtor).
Quatro itens são importantes nas
despesas do governo:
• Juros das dívidas interna e externa,
nos últimos anos, tem ficado ao redor de R$ 180 bilhões por ano.
• Despesas com pessoal e encargos sociais da
União são crescentes, atualmente este número supera a casa dos R$ 165 bilhões.
• Gastos de Custeio da máquina pública que
também estão somando atualmente algo em torno de R$ 150 bilhões.
• Déficit da previdência anda ao redor
de R$ 45 bilhões por ano. Este item refere-se ao gasto menos a arrecadação com
a previdência.
Assim sendo, esses quatro itens juntos
(juros, pessoal, custeio e previdência) “consumiram”, somam algo em torno de R$
540 bilhões. Em outras palavras, pode-se dizer que o setor público brasileiro
“gasta” com esses quatro itens o equivalente a quase R$ 1,5 bilhão por dia.
Quanto às despesas com investimentos, que dizem respeito aos gastos do governo
brasileiro com o objetivo de aumentar a capacidade de geração de bens e
serviços no país, tais como: construção de estradas, rodovias, escolas,
hospitais, hidrelétricas etc., elas têm ficado abaixo de 1% do PIB, ou seja,
algo em torno de um sexto do valor que o governo “torra” com os juros, o que,
mais uma vez, evidencia o erro na política econômica brasileira.
Analisando-se a evolução dos gastos públicos
no Brasil, pode-se afirmar o seguinte: as despesas correntes, que se situavam
ao redor de 20% do PIB na década de 70, passaram a ser superiores a 30% na
média dos anos 2000-2009, enquanto as despesas com investimentos, que eram de
3,0%, caíram para apenas 0,5%. Cabe ressaltar que as despesas com pessoal e com
a previdência têm aumentado, mas o que mais cresceu foram os gastos com juros
das dívidas interna e externa que, de apenas 0,6% do PIB na década de 70, tem
se mantido em torno de 7%, na média dos últimos oito anos.
Alíquota versus arrecadação: A Curva de
Lafer
Os especialistas em ciências sociais e
jurídicas têm procurado mostrar que há uma relação entre as alíquotas (taxas)
de impostos e o volume total arrecadado pelos governos. Essa relação é
conhecida como Curva de Lafer, em homenagem ao economista Arthur Lafer, por ter
iniciado estudos nesta área. A figura abaixo mostra uma clássica relação entre
as alíquotas dos impostos numa economia e a arrecadação tributária do governo.
À taxa zero de alíquota, o governo não arrecada nada. À medida que a alíquota
aumenta, a arrecadação também aumenta, mas há limites, ou seja, há uma
determinada alíquota (tmax) que garante uma arrecadação máxima. Para alíquotas
superiores a tmax a arrecadação passa a decrescer. Por exemplo, para a alíquota
t0, o volume de recursos arrecadados pelo governo seria menor (apenas A0).
Acredita-se que a principal razão é o estímulo à sonegação/ evasão fiscal e o
desestímulo às atividades produtivas, quando as alíquotas são excessivamente
elevadas.
Nos períodos de elevada inflação, há outro
efeito sobre as receitas públicas, conhecido como Efeito Olivera-Tanzi,
o qual ocorre como consequência do fato de que há uma defasagem entre o momento
da geração do imposto e o do efetivo recolhimento. Como há um tempo (dias ou
até meses), a inflação reduz o valor real (embora o valor nominal do imposto
seja o mesmo) a ser arrecadado pelo governo. Isso prejudica as finanças
públicas, provocando déficits, cujo conceito será abordado a seguir.
A carga tributária no Brasil
• Talvez nenhuma variável econômico-fiscal no
Brasil tenha aumentado tanto nos últimos anos como a da carga tributária: de um
patamar de 21,2% do PIB no final dos anos 1980 para cerca de 37% atualmente.
• Quando se compara a situação tributária com
a de outros países, chega-se a duas situações. A carga brasileira é baixa em
comparação com países mais desenvolvidos, principalmente os do Norte da Europa
(50% nos países nórdicos), mas é relativamente alta em relação aos demais
países da América Latina, cuja maioria tem taxas ao redor (ou abaixo) de 20% do
PIB.
• Conforme já mencionado, a carga tributária
brasileira é concentrada em poucos tributos: seis deles contribuem com mais de
80% do valor total arrecadado.
• A incidência de tributos sobre bens e
serviços é muito mais acentuada do que sobre a renda e o patrimônio, ao
contrário dos países mais ricos.
• A estrutura tributária é fortemente marcada
pelos “impostos em cascata”, cobrados diversas vezes ao longo da cadeia
produtiva, provocando aumentos nos custos de produção e, assim, reduzindo a
competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Em parte, isso explica
porque exportamos tão pouco (apesar de ter sido recorde em 2011 chegando a mais
de US$ 250 bilhões), apesar de estarmos fazendo “festa” por atingir esse valor,
mas a verdade é que ele ainda é baixo.
Déficit público
Normalmente, o conceito de déficit está
associado à necessidade de financiamento do setor público, ou seja,
quanto das despesas realizadas não foi financiado com recursos próprios.
Diz-se que há déficit público (que é o que, via de regra, ocorre) quando os gastos
do governo superam a sua arrecadação. Na situação de superávit das contas
públicas, a arrecadação supera o total dos gastos. Há dois conceitos de
déficit (ou superávit):
• Conceito Primário
O conceito de déficit primário considera
apenas o excesso de gastos não financeiros sobre as receitas não financeiras,
ou seja, não se consideram nas despesas, nem o pagamento de juros nem as
correções monetárias e cambiais. A sua utilidade é que ele mede o que ocorreu
no exercício, eliminando os efeitos das dívidas de exercícios anteriores. Mede,
assim, a capacidade de pagar os juros da dívida.
No conceito primário, no Brasil não tem
havido déficit, mas sim superávit, ou seja, sem considerar o pagamento de
juros, o governo brasileiro tem conseguido gastar menos do que arrecada. Esse
superávit tem ficado ao redor de 4% do PIB nos últimos anos. O setor público
consolidado (União, estados e municípios) tem acumulado um superávit primário
crescente: de mais de R$ 52 bilhões em 2002 para mais de R$ 100 bilhões/ano na
média do triênio (2006-08). Em 2011, este patamar ficou em torno de R$ 90 bilhões.
Em relação a esse superávit primário, é comum
fazermos duas perguntas: Qual a finalidade de o governo aumentar o superávit
primário? E como isso pode ser feito? A finalidade é a seguinte: como o governo
precisa reduzir a proporção da dívida pública em relação ao PIB (é bom lembrar
que ela representa um pouco menos da metade do PIB), essa “economia” de
receitas tem sido usada para pagar (parte) os juros da dívida pública, de modo
a impedir seu maior crescimento. A maneira de o governo obter maior superávit
primário é basicamente de duas formas: com aumento da arrecadação de impostos e
com maiores cortes nos gastos previstos no orçamento federal. No governo FHC,
como no primeiro mandato, praticamente não houve superávit primário, ao
contrário do segundo mandato, em que o superávit ficou em 3,6% e a dívida
pública aumentou muito, em especial no período de 1994 a 1998.
• Conceito Nominal
O conceito de déficit nominal inclui o
pagamento de juros e as variações com correção monetária e cambial das dívidas interna
e externa. No Brasil, de cada R$ 100,00 gerados de PIB, cerca de R$ 5,00 foram
destinados a pagar juros, razão pela qual os lucros dos bancos instalados no
Brasil têm sido elevadíssimos nos últimos anos.
FIQUE
POR DENTRO
No Brasil, os gastos globais com juros chegam
a quase 200 milhões por ano. Ou seja, corresponde a mais de R$ 540 milhões por
dia, ou seja, quase R$ 22,5 milhões por hora. O governo brasileiro, nos últimos
anos gastou mais com juros das dívidas interna e externa, do que com funcionários
públicos (próximo a R$ 165
bilhões/ano, incluindo os encargos sociais).
De todas as esferas de governo, o Tesouro
Nacional (e o Banco Central) são os que mais pagam juros para o setor privado
(leia-se principalmente bancos e fundos de investimento), que investe em
títulos públicos.
A maioria desses papéis é corrigida pelo
câmbio, pela taxa Selic (que de fevereiro a abril de 2003 estava em 26,5% ao
ano, caiu para 16,5% em fevereiro de 2004, mas em fevereiro de 2005 já estava
em 18,75%), voltando a cair ao longo de 2006, estando em fevereiro/2007 em 13%,
subiu em 2008, para cair no fi nal do ano, chegando em fevereiro de 2009 em
12,75%. Atualmente, primeiro semestre de 2012, esta taxa está situada em torno
de 9,75% ao ano.
Cabe registrar que, em 1994, apesar de a
dívida pública ser menor (cerca de R$ 150 bilhões), a taxa de juro elevada (ao
redor de 45% ao ano) e a inflação ainda elevada contribuíram para que o governo
“gastasse” R$ 112,4 bilhões com juros naquele ano. A combinação da queda na
taxa de juro com a redução na inflação possibilitou que o governo despendesse
menos com juros no triênio 1995-1997. Como a dívida cresceu muito ao final do
primeiro mandato do governo FHC, os gastos com juros se elevaram no segundo
mandato. O Governo FHC manteve superávit primário, no segundo mandato, mas
apresentou um enorme déficit operacional, porque gastou, em média, mais de R$
90 bilhões por ano com juros. A tristeza é que no governo Lula a média também
foi elevada, mais de R$ 150 bilhões/ano. Quem “agradece penhoradamente” esses
absurdos de gastos do setor público com juros são os bancos, principalmente
aqueles que “mais investem” em títulos públicos. É por isso que nos meses de
fevereiro dos últimos anos, várias manchetes de jornais trataram desta questão,
pois são quando os números são divulgados.
Selecionamos apenas duas delas: “Bancos
brasileiros são os mais rentáveis do mundo” e “bancos têm rentabilidade
recorde”. De fato, a rentabilidade (lucro líquido sobre o patrimônio) média dos
bancos tem superado 20%, o que significa que para cada R$ 100 de patrimônio
líquido, um banco brasileiro tem obtido mais de R$ 20 de lucro líquido, o que
significa que em cerca de seis anos é possível recuperar todo o patrimônio
líquido. Os bancos em países desenvolvidos levam mais do dobro desse tempo. Os
juros altos obtidos com os títulos públicos e o spread bancário (diferença
entre a taxa de captação dos bancos e o valor cobrado para emprestar os
recursos aos clientes) são os principais fatores que fazem a rentabilidade ser
maior no Brasil.
No conceito nominal verifica-se qual o
valor da dívida, em reais correntes, no início e no fim do período, geralmente
de um ano. A variação da dívida é o déficit nominal. No conceito nominal está
englobada qualquer demanda de recursos pelo setor público (inclusive para fazer
frente às despesas financeiras, como pagamento dos juros sobre a dívida
pública). Esse conceito, utilizado em outros países, não o é no Brasil, por
causa da inflação elevada que experimentou em anos recentes.
Desse modo, o conceito nominal de déficit
inclui tanto a correção monetária como as despesas financeiras. Concluindo,
apesar dos superávits primários do setor brasileiro, o mesmo, levando em conta
as três esferas, vem experimentando déficits nominais, por causa dos superelevados
gastos com os juros. Não é nenhum exagero afirmar que, nos últimos anos, o
governo brasileiro “trabalha” (leia-se arrecada) para pagar juros.
Financiamento do Déficit
Vamos denominar de G os gastos
públicos e T (de tributos) a receita tributária. Se a despesa (G),
distribuída entre o consumo governamental e o investimento público, superar a
receita tributária (T), tem-se uma situação de déficit. Uma das medidas
do governo é utilizar a política fiscal, via aumento de impostos ou corte de
gastos. Mas, se mesmo assim, ainda continuar o déficit, o mesmo deverá ser
financiado fundamentalmente por duas vias de recursos extrafiscais que são: a)
A emissão de moeda (M), onde o governo toma emprestado do Banco Central;
b) O lançamento de títulos públicos (Títulos), onde o governo vende
títulos da dívida pública ao setor privado (interno e externo). Cabe aqui uma
observação: a venda de títulos provoca uma elevação da dívida pública. Esse foi
o caminho adotado pelo governo FHC, fazendo com que a dívida (que era cerca de
R$ 60 bilhões quando ele assumiu como Ministro da Fazenda, antes de ser
presidente) subisse para quase R$ 1,4 trilhão atualmente. Neste caso, diz-se
que o setor privado financia (a
gastança do) o setor público. Pode-se
representar uma situação de déficit orçamentário do seguinte modo:
G - T = M + TÍTULOS
Essa “equação” mostra a ligação que existe
entre a política fiscal (G >T) de déficit público com a política monetária,
que trata da emissão de moeda e da venda de títulos públicos no open market
(mercado aberto), como veremos no próximo capítulo. O ponto importante da
política fiscal é determinar o efeito dela sobre o resto da economia, em
particular o efeito dos gastos do governo sobre a demanda agregada e esta sobre
a produção (oferta) e os preços. Para tanto, necessitamos, antes, voltar a
analisar o modelo keynesiano de ver a economia como um todo.
Efeitos da Política Fiscal sobre a
Economia
Como vimos, os impostos e gastos públicos
afetam o nível de demanda da economia. A arrecadação incide sobre o nível
de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos poderão
destinar para consumo e poupança. Dado um nível de renda, quanto maiores
forem os impostos, menor será a renda disponível e,
portanto, o consumo. Os gastos públicos são
diretamente um elemento da demanda agregada. Assim, quanto maior o gasto, maior
será a demanda e maior será o produto. Desse modo, se a economia apresentar
tendência para queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la,
cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer o inverso, caso o objetivo
seja diminuir o nível de atividade.
A redução da carga tributária (T), à
medida que aumenta a renda disponível (Yd) da população, pode também
provocar a expansão do consumo pessoal (C) e, consequentemente, da
demanda global (Da). Como o consumo depende da renda disponível (onde Yd
= Y - T), um aumento nos impostos deve diminuir o nível de consumo.
Portanto, de forma esquemática, a política fiscal atual sobre a oferta agregada
(Sa) e o emprego (E) pode se dar por duas vias: a) Alterando o
gasto do governo (G), que, por sua vez, afeta diretamente a demanda
agregada (Da); b) Alterando os impostos (T), os quais afetam a
renda disponível (Yd), que, por sua vez, altera o consumo (C). A
política fiscal afeta o consumo, a produção, o emprego e a renda.
POLÍTICA
MONETÁRIA: DEMANDA E OFERTA DE MOEDA
A política monetária diz respeito às
intervenções governamentais sobre o mercado financeiro, seja atuando ativamente
ao controlar a oferta de moeda ou atuando passivamente sobre as taxas de juros.
Ela pode ser definida como o controle da oferta da moeda e das taxas de juros
que garantam a liquidez ideal de cada momento econômico. Por controle da oferta
de moeda pode-se entender:
A. Condições de crédito, ou seja,
disponibilidade ou não de empréstimos. O governo pode aumentar ou reduzir a
capacidade dos bancos emprestarem por meio do depósito compulsório (isto é,
obrigar aos bancos a recolher maior ou menor volume de seus recursos no Banco
Central);
B. Aumento ou diminuição de dinheiro que
circula na economia (o volume de dinheiro que o governo emite). Enquanto a
política fiscal afeta diretamente a demanda agregada ao nível de produto da
economia, por meio do montante de déficit público, a política monetária afeta o
produto de forma indireta, em especial mediante a taxa de juros, a qual tem
influência sobre diversas variáveis;
C. Macroeconômicas, em especial sobre o
consumo privado, o investimento, o mercado acionário e o ingresso de recursos
externos no país.
Pode-se dizer que a política monetária trata
da moeda nacional, ou mais precisamente do controle das condições de liquidez
da economia. É importante perceber que ao atuar sobre a quantidade de moeda na
economia, o governo está afetando os níveis das taxas de juros.
O mercado monetário é como um mercado de bens
e serviços (a exemplo do que analisamos na parte I), onde a mercadoria a ser
negociada é a moeda, cujo valor a ser negociado é a taxa de juro
(correspondente ao preço no mercado de bens e serviços), a qual depende da demanda
(por moeda) e da oferta (de moeda).
A política monetária, no Brasil, é refém da
política fiscal. A partir de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as
diretrizes de política monetária e definir a taxa de juros, foi constituído o
Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Sua criação
buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório
da política monetária nacional. A taxa de juros é definida como a meta para a
taxa Selic, a vigorar no período entre as reuniões do Copom, que são, via de
regra, mensais. O Copom é composto pelos oito membros da Diretoria Colegiada do
Banco Central do Brasil.
A moeda é o instrumento básico para que se
possa operar o mercado, sem a qual o processo de troca seria extremamente
limitado. A moeda é o ativo utilizado para realizar as transações porque é o
que possui maior liquidez, a saber, a capacidade de um ativo converter-se
rapidamente em poder de compra, isto é, transformar-se em mercadorias.
Demanda de Moeda
As pessoas e empresas demandam moeda por três
razões básicas:
A. Necessidade de adquirir bens e serviços
(transação);
B. Necessidade de atender compromissos não
previstos (precaução);
C. Oportunidade de aplicação interessante,
mas, enquanto esse momento não chega, elas mantêm a moeda (demanda para
especulação).
A demanda por moeda é inversamente
relacionada à taxa de juros. Podemos chegar a essa relação se pensarmos a taxa
de juros como o custo de oportunidade de reter moeda, ou seja, o que se perde
pelo fato de guardar moeda. Assim, quanto maior a taxa de juros, maior será o
custo de oportunidade de reter moeda, e, portanto, menor será a demanda por
moeda. Na realidade, a demanda por moeda depende tanto da renda dos
consumidores como da taxa de juros nominal. Quanto maior for a renda, maior
será a demanda por moeda. Afinal, o aumento de renda do consumidor expande a
demanda por bens e serviços e, consequentemente, a necessidade de moeda
aumenta. Quanto maior for a taxa de juros nominal, menor será a quantidade demandada
de moeda. Com taxas muito elevadas, a demanda de moeda é menor por duas razões:
• Menor especulação, pois são poucas as
oportunidades de melhores aplicações do que a já existente, que é o juro alto;
• Menor necessidade de transação e de
precaução, porque o dinheiro é aplicado em ativos que rendem juros. A demanda
por moeda é determinada pela sociedade, ou seja, pela necessidade de dinheiro
que as empresas, as pessoas e até o governo têm.
Oferta de Moeda
Pelo lado da oferta de moeda, podemos
considerar, em princípio, que o governo controla a quantidade de moeda ofertada
na economia. Assim, o governo atua tanto pelo lado da demanda como da oferta de
moeda. O Banco Central (BACEN) é o emissor da moeda nacional, sendo que uma de
suas principais funções é a de controlar a oferta monetária, ou seja, regular a
liquidez da economia. Papel moeda ou moeda fiduciária corresponde a notas de
papel emitidas pelo governo que não possuem lastro em qualquer mercadoria, isto
é, não existe uma garantia física sustentando o valor da moeda, e sua aceitação
se deve à imposição legal do governo.
Ao observarmos como as transações são
liquidadas, percebemos que apenas uma pequena parte destas é feita com papel
moeda e que a maior parte é liquidada por meio de cheques (moeda bancária).
Sendo assim, além do BACEN (que pode emitir moeda), os bancos comerciais também
podem afetar a oferta de moeda (por meio da multiplicação dos depósitos à
vista). É por isso que se diz que os bancos comerciais distinguem-se dos
demais intermediários financeiros, pois podem “criar moeda” com base nas
reservas constituídas sobre os depósitos à vista e, devido a isso, podem afetar
a oferta monetária.
É justamente via empréstimo que eles criam
moeda, e isto pode ser assim explicado: a concessão do empréstimo pelo banco
não é feita mediante entrega de dinheiro ao indivíduo, mas mediante a abertura
de um depósito à vista em seu nome. O indivíduo que recebeu o empréstimo paga
suas dívidas com cheque, que deve ser depositado na conta daquele que recebeu.
Este depósito terá novamente o mesmo destino: uma parcela será reservada e a
outra será emprestada, e assim sucessivamente. Percebe-se que há uma
multiplicação do depósito inicial em uma série de novos depósitos a partir do
processo: depósito-empréstimo-depósito-empréstimo, e assim por diante. Os
bancos podem emprestar todos os recursos captados, menos o volume que deve ser
destinado à constituição das reservas compulsórias. Por meio destes
empréstimos, podemos deduzir a capacidade de criação de moeda pelos bancos
comerciais a partir da moeda emitida pelo BACEN, definindo-se assim o chamado
multiplicador bancário.
O multiplicador bancário e a criação de moeda
por parte dos bancos podem ser mais bem explicados pelo seguinte exemplo:
suponha um depósito inicial de R$ 100,00 num banco, que deve manter 20% como
reservas compulsórias. Destes R$ 100, o banco destina R$ 20 para reservas e
empresta R$ 80,00. Estes R$ 80 retornam ao banco na forma de novo depósito.
Destes R$ 80, R$ 16,00 transformam-se em reservas e R$ 64,00 são reemprestados.
Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100
iniciais de depósitos multiplicam-se, gerando uma sequencia de depósitos nos
valores: R$ 80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96, ou seja, numa progressão
geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos
depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que devem
ser compostas (1 - 0,8).
Para avaliarmos o total dos depósitos do
banco a partir do depósito inicial, basta realizar a soma dos termos da
progressão geométrica (D) com razão menor que 1. Soma PG = D = d1/a--q, onde d1
= primeiro termo da PG e q = razão da PG. Assim, no exemplo acima, teríamos: D
= R$ 100,00/(1-0,8) = R$ 500,00. Assim, um depósito inicial de R$ 100,00 gerou
um total de depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5.
Como milhões de depósitos à vista e se ele deve recolher compulsoriamente 20%
junto ao Bacen, então o poder de criação de moeda desse banco é de R$ 500
milhões (ou seja: R$ 100 milhões divididos por 0,2).
Desse modo, quanto menor o recolhimento
compulsório, maior o poder de multiplicação dos bancos. Portanto, a
determinação do nível de depósitos compulsórios dos bancos é uma forma de o
BACEN controlar a oferta de moeda bancária. O Multiplicador Bancário mede a
capacidade dos bancos comerciais de, partindo do total de depósitos, gerarem
empréstimos e outras aplicações bancárias. É representado pela razão entre
empréstimos e depósitos.
É importante deixar claro o que segue: somente
as autoridades monetárias, via o Bacen, podem autorizar e emitir moeda, mas os
bancos comerciais multiplicam esta moeda ou criam dinheiro por meio de
empréstimos.
Ressalte-se que a oferta de crédito, no
Brasil, representa apenas 34% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar de ter
aumentado muito nos últimos dois anos, esse percentual é ainda extremamente
baixo se comparado com outros países, como o Chile, os Estados Unidos, a
Alemanha e a Espanha, onde a relação entre o volume
de crédito na economia e o PIB é de 81%, 82%,
115% e 134%, respectivamente. Outro tipo de moeda que tem se popularizado
muito, no Brasil e no mundo, é a chamada “moeda de plástico”, ou seja, os
cartões de crédito.
Taxa de Juros
A taxa de juros é, na realidade, o preço do
dinheiro ou da moeda. É aquilo que se ganha pela aplicação de recursos durante
determinado período de tempo, ou, inversamente, o que se paga pela obtenção de
recursos de terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de
tempo. No Brasil, há uma série de taxas de juros que convivem juntas. Ela
forma-se basicamente no mercado monetário, ou seja, na interação entre a
demanda por moeda e a oferta de moeda. Fazendo um paralelo com o que vimos no
capítulo 6 (mercado de bens e serviços), o
dinheiro (ou moeda) é uma “mercadoria”, que é negociada no mercado monetário,
cujo preço é a taxa de juros. As taxas de juros definidas pelo próprio governo
devem funcionar como as taxas básicas do mercado, sobre as quais se formam as
demais taxas, de acordo com os riscos e os prazos das operações. No Brasil, as
taxas de juros definidas pelo governo são:
• Selic (Sistema Especial de
Liquidação e Custódia) que é a taxa de negociação dos títulos do governo. O
Selic faz o registro, a movimentação e a liquidação financeira de títulos
públicos. A Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos
Privados) faz praticamente o mesmo tipo de operação para os títulos privados e
públicos. Ela regula as operações diárias com os títulos públicos (ou seja,
Selic é a média ajustada dos financiamentos diários apurados no Selic), serve
como
taxa básica da economia e é
fixada mensalmente pelo Conselho de Política Monetária, o Copom. A Selic é
considerada a taxa básica de juros da economia porque é usada nos empréstimos
que o Bacen faz a instituições financeiras. Por isso, ela serve de referência
para a formação de todas as outras taxas de juros.
• TR (Taxa Referencial de Juros),
inicialmente calculada com base na média ponderada dos Certificados de
Depósitos Bancários (CDB) dos 30 maiores bancos do país, com a aplicação de um
redutor. Desde dezembro de 1997 o valor da TR passou a ser determinado por
comunicados do BACEN. A TR é utilizada na
remuneração da caderneta de poupança e na
correção dos saldos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O rendimento das
cadernetas de poupança se dá de acordo com a TR mais juros de 0,5% ao mês.
• TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo),
criada para vigorar trimestralmente, com base nas rentabilidades médias
anualizadas dos títulos da dívida externa com prazo mínimo de dois anos e dos
títulos da dívida interna com prazo mínimo de seis meses, tem ponderação dos
títulos das dívidas externa e interna de 75% e 25%, respectivamente. A TJLP é
utilizada nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES). Como o BNDES trabalha com fundos compulsórios, como o Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT) e o PIS/PASEP, esses fundos são remunerados pela
TJLP.
Além dessas três taxas definidas pelo
governo, as quais são referenciais, outra taxa também referencial, mas definida
pelo mercado são os:
• CDBs (Certificados de Depósitos
Bancários), controlados pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de
Títulos (Cetip). Os CDBs são títulos que os bancos emitem com o objetivo de
captar dinheiro para suas operações de empréstimos para empresas e pessoas
físicas. Ao aplicar em um CDB, o investidor concentra o risco de seu
investimento no banco que escolheu. Caso esse banco feche, o cliente perde tudo
o que tiver aplicado acima de R$ 20 mil.
Há CDBs pré-fixados e pós-fixados. Nos
pré-fixados, o investidor sabe antecipadamente quanto vai ganhar. De julho/96 a
março/99, o Copom fixava a TBC (Taxa Básica do Banco Central), que corrigia os
créditos concedidos no âmbito do redesconto e do Proer e também sinalizava o
custo básico do dinheiro. Com a extinção da TBC, em março/99, o Copom passou a
divulgar a meta para a taxa Selic para fins de política monetária. Em
agosto/96, foi também criada a TBAN (Taxa de Assistência do Banco Central), que
era uma taxa de redesconto para bancos que tinham maior necessidade de
recursos. Em março de 1999,
a TBAN foi extinta. CDBs é indexada ao CDI
(Certificado de Depósito Interfinanceiro). Há CDBs de vários prazos e
indexadores. As taxas variam de acordo com a quantia aplicada.
Um aspecto importante sobre a taxa de juros,
no Brasil, diz respeito à disparidade, ou seja, à grande discrepância que
existe no spread bancário, que é a diferença entre a taxa de captação (taxa de
juro recebida pelo aplicador) e a taxa de aplicação das instituições
financeiras (taxa de juro cobrada pelos bancos para financiar o tomador, que
pode ser uma empresa ou um consumidor). Um aplicador em fundos de renda fixa
recebe em torno de 1,2% ao mês. As empresas pagam ao redor de 3% ao mês e o consumidor
tem de pagar até acima de 6% ao mês. Essa enorme diferença é explicada, em
grande parte, pelos seguintes fatores:
A. Sobre a taxa que remunera a aplicação
incidem impostos como o Imposto de
Renda na Fonte (20%) e o Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF), pelo menos
para aplicações com menos de 29 dias;
B. A chamada cunha fiscal, que são vários
impostos e contribuições sobre as operações e instituições financeiras, tais
como: Finsocial, PIS, Contribuição Social, Imposto de Renda, IOF e Imposto sobre
o Lucro Líquido.
C. O elevado custo operacional dos bancos no
Brasil, que é muito maior do que nos países desenvolvidos;
D. Alta taxa de inadimplência, que faz com
que haja repasse para as taxas de juros, pois o risco é maior.
Outro ponto a ser destacado no que se refere
à taxa de juros é a diferença entre taxa nominal e real de juros. A taxa
nominal de juros (i) é o ganho monetário que se obtém em determinada
aplicação financeira, ou o custo monetário de determinado empréstimo. Isto
significa que a taxa de juros nominal pode variar tanto por mudanças na taxa
real de juros como por mudanças na taxa de inflação (p).
Por outro lado, a taxa real de juros é
a taxa nominal de juros (taxa Selic), descontada a taxa de inflação (ou seja,
deflacionada pelo IPCA). Matematicamente, a taxa real de juros (r) é
dada pela seguinte relação: O Certificado de Depósito Interbancário (CDI),
criado em meados da década de 1980, compreende títulos de emissão das
instituições financeiras, cuja função é transferir recursos de um banco para
outro,
ou seja, o banco que tem dinheiro sobrando
empresta ao banco que não tem. Neste mercado, o BACEN não tem acesso. Os CDI de
um dia (a maioria das operações é por um dia), também conhecidos como Depósitos
Interfinanceiros (DI) estabelecem um padrão de taxa média diária, a CDI over.
Em 2011, por exemplo, como a inflação foi de
6,5% (medida pelo índice do IPCA do IBGE) e a taxa nominal de juros foi, em
média, de 12%, a taxa real de juros foi de 5,5%. Em outras palavras:
Taxa de juros nominal = taxa de juros
real + taxa de inflação
Assim, se aumenta a taxa de inflação, aumenta
a taxa de juros nominal, ou vice-versa, se diminui a taxa de inflação, diminui
a taxa de juros nominal.
As taxas médias de juros, no Brasil, têm
variado ao redor de 4% ao mês para capital de giro das empresas a mais de 200%
ao ano no cartão de crédito. Em termos de juros, pode-se, em tom de
brincadeira, dizer: “Pede o que quiser para ter o que pediu”. O Brasil tem uma
das maiores taxas de juros reais do mundo, enquanto a média dos países
desenvolvidos está ao redor de (apenas) 1% ao ano.
Os instrumentos de política monetária
Tendo em vista que um componente da política
monetária é o controle da quantidade de moeda (liquidez) na economia, vamos
analisar, a seguir, como o governo utiliza os instrumentos de política
monetária para expandir ou contrair a oferta monetária e, consequentemente, o
crédito para o setor privado. O executor dessas políticas é o Banco Central e
os instrumentos clássicos de política monetária são: mercado aberto
(open market), depósitos compulsórios e redesconto ou empréstimo de liquidez.
Operações de Mercado Aberto (open
market)
As operações de open market são o mais ágil
instrumento da política monetária de que dispõe o Bacen, pois, por meio dele, são
permanentemente regulados a oferta monetária e o custo primário do dinheiro na
economia referenciada na troca de reservas bancárias por um dia, por meio das
operações de overnight. As operações de mercado aberto atuam tanto no sentido
de expansão como de redução da base monetária. Estas operações representam a
compra e a venda de Obrigações do Tesouro Nacional.
Há ainda um quarto mecanismo, o “Controle e
Seleção de Crédito”, que impõe restrições ao livre funcionamento das forças de
mercado, pois estabelece controles diretos sobre o volume e o preço do crédito.
Tal contingenciamento do crédito pode ser feito por controle do volume e
destino do crédito; controle das taxas de juros; fixação de limites e condições
dos créditos (ou de outros títulos da Dívida Pública), e através delas
regula-se a liquidez da economia. Quando há excesso de oferta monetária, o
Banco Central, via leilões, vende as Obrigações do Tesouro e, assim, retira os
excessos de moeda, ou seja, pelas operações de venda reduz-se a massa monetária
do público e dos bancos, comprimindo-se, em consequência, a base monetária.
Por outro lado, quando há insuficiência de
oferta monetária, o Banco Central entra no mercado comprando as Obrigações do
Tesouro em circulação. Desse modo, ele “irriga” o mercado financeiro, ao
reinjetar o papel-moeda que havia sido retirado do sistema pelas operações de
venda. Em outras palavras, através do open market o Banco Central procura
adequar a oferta monetária às necessidades reais da economia.
Em suma, os dois principais tipos de operação
são: compra líquida de títulos públicos pelo BC, cujo resultado é o
aumento de liquidez do mercado e queda da taxa de juros primária (Resgate
de Títulos); venda líquida de títulos públicos pelo BC, cuja consequência
é a redução de liquidez do mercado e aumento da taxa de juros primária (Colocação
de Títulos). Portanto, a maior ou menor liquidez da economia (mediante
a adoção dos instrumentos acima descritos)
tem consequências diretas sobre a taxa de juros no mercado. Por exemplo, se o Banco
Central vende títulos do governo, diminuindo a liquidez do sistema, só
conseguirá colocar seus títulos aumentando a taxa de retorno. O aumento das
taxas de retorno dos títulos do governo faz com que eles sejam preferidos em
lugar de outros ativos. Para captar recursos, isto é, obter depósitos a prazo
(CDBs e RDBs), os bancos terão de aumentar as taxas de juros que estão
dispostos a pagar.
Intimamente ligados à política monetária
estão os déficits públicos, sejam eles financiados pela emissão de
moeda ou pelo aumento da dívida interna (via venda de títulos). O
financiamento do déficit, com a participação do Banco Central, através da
expansão monetária, de um lado, tem aspectos positivos porque não afeta os
déficits futuros e diminui a taxa de juros no curto prazo, mas, por outro lado,
resulta num elevado tributo para a sociedade, que é a inflação. Para financiar
o déficit, o governo emite dinheiro ou títulos públicos.
A segunda alternativa de financiamento do
déficit público, tomando empréstimos do setor privado, dá-se pela venda de
títulos públicos, resultando em aumento dos déficits futuros por causa dos
pagamentos dos juros (ou seja, aumento da dívida interna) e em elevação das
taxas de juros, conforme ilustrado acima. A elevação da taxa de juros, por seu
turno, desestimula o investimento, o consumo (e, por consequência, a demanda
agregada) e a renda, trazendo recessão e desemprego. Daí se conclui que a
melhor maneira de aumentar a poupança nacional (que inclui a poupança das
famílias, das empresas via lucro, e do governo) não é pela elevação da taxa de
juro, mas pela redução do déficit público. Aumentos da taxa de juro, numa
situação de governo deficitário, somente contribuem para aumentar ainda mais o
déficit do governo porque geram um círculo vicioso.
Como o governo FHC adotou a venda de títulos
como caminho para financiar o déficit (que continuou porque as reformas
tributária e previdenciária não foram realizadas, apesar de fundamentais) e com
pouca emissão de moeda, o estoque da dívida pública federal (que inclui a
dívida contratual externa e a mobiliária federal interna) fechou o ano de 2003
em R$ 913 bilhões, que correspondia a 58% do PIB. Em percentual, em relação ao
PIB, tem realmente caído, mas cabe registrar que em termos absolutos (é o
fenômeno
que não para de crescer) em 2011 fechou em
torno de R$ 1,8 trilhão. O financiamento do déficit público, via emissão de
moeda, gera inflação, mas, via emissão de títulos, cria a dívida interna.
Recolhimentos Compulsórios
Trata-se de depósitos que os bancos devem
fazer no Banco Central e que correspondem a uma parcela dos depósitos que
recebem. Em outras palavras, do volume de recursos aplicados nos depósitos à
vista, nos bancos, uma parte fica nos bancos para fazer frente aos saques dos
correntistas (encaixe bancário), a outra parcela é obrigatoriamente depositada
no Banco Central (recolhimentos compulsórios) e somente uma parte fica para ser
emprestada. Quanto maior a parcela dos depósitos que deve ser deixada no Banco
Central, isto é, quanto maior o compulsório, tanto menor a quantidade dos
recursos que os bancos têm para empréstimos, e, assim, tanto menor a liquidez
do sistema.
A título de exemplo, no início do Plano Real
o governo utilizou-se muito dos recolhimentos compulsórios (100% sobre o
crescimento dos depósitos em contas correntes; 30% sobre os depósitos a prazo -
CDBs e RDBs; 30% sobre a caderneta de poupança; 15% sobre as operações de
empréstimos, entre outros). Estima-se que estes diversos compulsórios devam ter
retirado da economia em torno de R$ 30 bilhões. O aumento do compulsório
provoca uma elevação nas taxas de juros, porque a oferta monetária (volume de
dinheiro para empréstimos) se reduz, e vice-versa. Por causa da crise
financeira mundial, o governo brasileiro reduziu um pouco o percentual dos
recolhimentos compulsórios e assim liberou um pouco mais de dinheiro para os
bancos.
Operações de Redesconto ou Empréstimo
de Liquidez
Constituem um segundo instrumento clássico de
política monetária, em que o Banco Central supre, automaticamente, a uma taxa
pré-fixada, necessidades eventuais de caixa (a curtíssimo prazo) dos bancos
comerciais. É a última linha de atendimento aos furos de caixa das instituições
bancárias.
As taxas de redesconto são as taxas cobradas
pelo Banco Central aos bancos comerciais para lhes fazer empréstimo em caso de
emergência. Se as taxas de redesconto são altas, os bancos vão tomar cuidado
para não correr o risco de ficar sem reservas em caixa e farão, portanto, menos
empréstimos. A taxa de redesconto é um instrumento menos flexível do que os
recolhimentos compulsórios e pouco utilizada como instrumento de controle da
liquidez dos bancos. Este instrumento atua como empréstimo
de liquidez. As operações de redesconto são
essencialmente expansionistas, pois implicam o manejo de reservas para
refinanciar operações bancárias de longo prazo ou para socorrer os bancos em
momentos de baixa liquidez.
Conforme se afirmou, em junho de 1996, o
Banco Central adotou mudanças no redesconto dos bancos para tentar eliminar o
estigma de socorro terminal que possui esse mecanismo de assistência financeira
de liquidez no mercado brasileiro. A ideia é de que necessitam de recursos, ou seja, além de
captar recursos no mercado, os bancos passam também a buscar recursos no
redesconto.
Até março de 1999, o custo do redesconto era
corrigido pela Taxa Básica do Banco Central (TBC), mas, com a extinção da TBC,
passou a ser a taxa Selic. Em janeiro de 2000, o CMN (Conselho Monetário
Nacional) criou um novo sistema de socorro aos bancos que retira do Banco
Central parte dos riscos de prejuízos em caso de quebras de instituições
financeiras. O redesconto extingue o sistema de garantias usado na assistência
financeira de liquidez. Por esse sistema, o BC concedia empréstimos aos bancos
e tomava títulos ou créditos
com garantia. Agora, o BC passa a comprar
ativos do banco com dificuldades, como títulos e créditos. As compras poderão
ser definitivas ou com compromisso de revenda ao banco e serão cobrados juros.
O antigo sistema de garantias nem sempre assegurava
ao BC o recebimento dos empréstimos.
A lei determina que, em caso de quebra de
bancos, as garantias sejam incorporadas à massa falida. O BC era obrigado a se
habilitar à massa falida e obedecer à lista, de preferência, para o recebimento
dos créditos, encabeçada pelos débitos trabalhistas e seguida pelas dívidas com
o fisco. Agora, o BC será proprietário dos ativos, que deixarão de ser
incorporados à massa falida. Assim, haverá menos recursos para pagar débitos
trabalhistas.
Em suma, a alteração em um ou mais dos três
instrumentos de política monetária (mercado aberto, recolhimentos compulsórios
ou operações de redesconto) implica alteração da base monetária, ou seja, estes
instrumentos atuam sobre a liquidez do sistema bancário. Os
instrumentos de política monetária são: mercado aberto, depósitos compulsórios
e redesconto.
Efeitos da política monetária sobre a
economia
Nesta
seção, pretendemos analisar os efeitos da política monetária sobre as variáveis
macroeconômicas, em especial sobre o consumo privado, o investimento, o mercado
acionário e o ingresso de recursos externos no país.
Na
realidade, a política monetária representa uma segunda alternativa de que o
governo dispõe para alterar os níveis da demanda global na desejada direção da
oferta global de pleno emprego. Esta política exerce efeitos sobre os vários
componentes da demanda agregada por meio da alteração na disponibilidade
monetária (ou seja, oferta de moeda, que atua sobre a liquidez do
sistema financeiro) e nas taxas de juros. A princípio, pretende-se
analisar e/ou explicar os efeitos das taxas de juros sobre o consumo, o
investimento,
o
preço das ações (ou seja, a ligação entre o mercado acionário e o monetário), o
ingresso de recursos externos no país, a poupança e os preços dos bens e
serviços.
Efeito do Juro sobre o Consumo e o
Investimento
Na realidade, há uma estreita correlação
entre a oferta de moeda e o normal desempenho das atividades básicas de demanda
e oferta globais. Uma oferta monetária insuficiente provoca o racionamento do
crédito, o que, em consequência, não só eleva a taxa de juros (tornando
financeiramente inviáveis muitos projetos de investimento) como reduz o consumo
pelo efeito-riqueza.
Um aumento na taxa de juro desestimula o
consumo, principalmente para as pessoas de menor renda, porque elas compram
relativamente mais a prazo do que os consumidores de alto poder aquisitivo, que
compram mais à vista. Em outras palavras, juro alto penaliza proporcionalmente
mais os pobres do que os ricos. Além disso, a elevação de juro reduz mais o
consumo de bens financiáveis (como eletrodomésticos e automóveis) do que de
bens alimentícios, que, via de regra, são adquiridos à vista. Os bens
financiáveis, por terem os juros embutidos nas prestações, acabam
experimentando maior retração no consumo quando os juros sobem, do que os
alimentos, em geral (ver figura abaixo).
Quanto à relação entre a taxa de juro e o
nível de investimento, já vimos, no capítulo anterior, que há uma relação
inversa entre essas duas variáveis, ou seja, quanto mais elevados os juros,
maior o desestímulo para os empresários investirem. As reduções de investimento
e de consumo em razão de juros elevados (que é o que o Brasil vem
experimentando ao longo dos últimos oito anos) contraem a demanda agregada, com
consequentes reflexos negativos sobre os níveis da renda ou (o que é o mesmo)
da oferta e do emprego. Por outro lado, um exagerado suprimento monetário pode
provocar a inflação ao elevar a demanda agregada (via queda na taxa de juro,
que por sua vez aumenta o investimento, e via aumento do consumo, devido à
elevação dos níveis nominais do poder aquisitivo) acima da oferta global de
pleno emprego.
Dada a relação entre a oferta da moeda e a
demanda e oferta globais e o emprego, o governo utiliza a política monetária,
via oferta de crédito, para estimular ou restringir a demanda agregada (Da),
que é dada pela equação: Da = C + I + G + X. Por exemplo, em períodos de
baixa demanda global o governo aumenta a oferta de moeda, a fim de estimular o
consumo e o investimento do setor privado, por meio da queda da taxa real
de juros e da expansão do poder aquisitivo
derivada do maior volume de crédito. Já na fase de demanda aquecida (Da >
Sa), período em que ocorre um processo inflacionário, a política monetária
procura restringir a oferta de moeda, com a consequente redução da liquidez da
economia.
Embora a taxa de juros desempenhe algum papel
na determinação dos volumes da poupança e do investimento, nada garante que ela
conduza a permanente igualdade entre a poupança e o investimento. A renda tem
um papel muito mais importante na determinação do consumo e da poupança. De
forma esquemática, a política monetária, que controla a disponibilidade
monetária (M), atua em duas vias:
• Pela taxa de juros (r), que, por sua
vez, altera o investimento (I);
• Pela alteração do nível nominal do poder
aquisitivo, que, por sua vez, altera o consumo (C).
Ambos os caminhos, ao alterarem a demanda
agregada (Da), afetam o nível da renda (Y), que corresponde à
oferta global (Sa) e, portanto, o emprego (E).
Efeito do Juro sobre o Fluxo de
Capitais Externos
Ao tomar empréstimos, as empresas comparam os
custos dos empréstimos externos e domésticos. Ao avaliar os custos dos
empréstimos elas levam em consideração as taxas de juros. Sabe-se que vale a
pena tomar emprestado no exterior, desde que a taxa de juros externa, combinada
à taxa de desvalorização (ou de valorização) do real seja menor do que a taxa
de juros interna.
Assim, o governo pode influenciar a tomada de
empréstimos externos aumentando os custos dos empréstimos domésticos de
diferentes maneiras. As taxas de juros internas aumentam com uma política
monetária apertada e com o aumento da correção monetária.
Por outro lado, uma redução do ritmo das
minidesvalorizações reduz o custo dos empréstimos externos. A taxa interna de
juros (ii), em termos nominais (isto é, sem tirar a inflação), deve
estar relacionada com a taxa externa de juros (ie), com a taxa de risco
do país (r) ou spread - que é a diferença entre a taxa de juros paga pelo
país e a taxa básica de juros externa como a prime (de Nova Iorque), a libor
(de Londres) ou a dos títulos do Tesouro americano - e com a diferença de
inflação interna (pi) e externa (pe). Algebricamente, deve ser:
ii = ie + r + pi + pe.
Aliás, relacionadas a isto, a queda dos juros
internacionais ao menor nível atual (em torno de 2% ao ano) em quase três
décadas, devido à sobra de capital (alta liquidez) nos países desenvolvidos, e
a manutenção de taxas internas de juros reais (em torno de 19% ao ano) favorecem
a repatriação de divisas; os investimentos financeiros no Brasil e os
investimentos em ações.
Efeito do Juro sobre a Poupança
A taxa de juros tem também forte influência
sobre a poupança. Não se pode dizer que a poupança depende apenas da taxa de
juros, como, aliás, acreditavam os economistas clássicos. A poupança depende
fundamentalmente da renda dos consumidores e, em grau menor, da taxa de juros.
Assim, dado o nível de renda de uma pessoa, ela estará disposta a poupar um
pouco mais se a taxa de juro for maior. Lembre-se que a poupança é a renda não
consumida, ou seja, da renda disponível (já descontados os impostos) do
consumidor, a maior parcela vai para o consumo e parte (dependendo do nível
desta renda) é poupada.
A relação entre a taxa de juro e a poupança
pode ser observada pelas decisões das pessoas: quando a poupança está rendendo
muito pouco, os consumidores consomem mais e chegam a sacar parte da poupança,
ou seja, os saques são maiores que os depósitos. É por isso que quando o governo
deseja estimular a poupança, ele altera o chamado redutor para que a poupança
tenha um melhor rendimento. Neste caso, os depósitos tendem a superar os
saques, e o volume de recursos aplicados na poupança tende a aumentar. Os
custos dos empréstimos externos são menores do que os custos dos empréstimos
domésticos desde que (1 + taxa de juros externa) vezes (1 + taxa de
desvalorização do real) seja menor do que (1 + taxa de juros interna). O
coração da poupança é a renda do consumidor, mas a taxa de juro também afeta a
poupança.
Efeito do Juro sobre os Preços
Quando o governo brasileiro sobe a Selic
(taxa de juros dos títulos públicos) normalmente os jornais estampam manchetes
do tipo: “Governo sobe juros para conter inflação”. A pergunta é: Qual a
influência da taxa de juros sobre os preços? Sabemos que a inflação nada mais
representa do que o aumento generalizado dos preços dos bens e serviços. O
aumento dos juros desestimula o consumo (principalmente de bens financiáveis,
porque o juro incide sobre as prestações, conforme já vimos). Reduzindo o
consumo (os economistas diriam: diminuindo a demanda agregada) haverá menor
pressão de demanda e, consequentemente, maior possibilidade de os preços
subirem menos ou mesmo não subirem.
REFLITA
“Dada a incerteza sobre os efeitos reais das
políticas macroeconômicas, não seria melhor não utilizar nenhuma? E, mesmo se a
política puder, em princípio, ser útil, podemos confiar nos formuladores de
política econômica para implementar a política correta? A conclusão: a incerteza
limita o papel da política econômica. Os formuladores de política econômica nem
sempre fazem a coisa certa. Mas, com instituições corretas, a política
econômica pode ajudar e deve ser utilizada”. (Blanchard, 2011)
INDICAÇÕES
DE LEITURA
Para mais conhecimentos sobre este assunto,
indico dois excelentes títulos a você:
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As políticas macroeconômicas são muito
importante para o país, pois é ela que leva o bem estar a população. O governo
deve utilizar corretamente as instituições que possui para aplicar corretamente
as políticas fiscal e monetária.
Com a aplicação correta das políticas, a
distribuição de renda melhora, os preços se estabilizam e, portanto, garantem o
poder de compra da moeda brasileira o que é muito importante principalmente
para as famílias que não tem como se proteger da inflação, pois não tem acesso
ao sistema financeiro, geralmente as famílias de baixa renda.
Para as empresas, é fundamental uma política
consistente de juros, onde o mesmo não penalize o setor produtivo em detrimento
do setor financeiro. E também em relação a tributação aos gastos, é necessário
que haja um equilíbrio, onde os gastos públicos sejam feitos com eficiência e
não gerem tributação desnecessária.
Economia internacional
INTRODUÇÃO
A política cambial fundamenta-se, via de
regra, na administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais.
Apesar do forte vínculo que ela mantém com a política monetária, sua influência
é direta sobre as variáveis ligadas às transações econômico-financeiras do país
com o resto do mundo. Ela tem impacto direto sobre a política monetária, razão
pela qual deve ser administrada com muito cuidado. Um aspecto interessante a
ser registrado é o de que historicamente as taxas médias anuais de
crescimento
do comércio internacional têm superado às dos
PIBs ou PNBs dos países. Por exemplo, nos anos de 1990,
enquanto o PIB mundial cresceu a uma taxa anual de 3,1%, o comércio
internacional expandiu-se em 6,2% ao ano, ou seja, o dobro. É por isso que o
comércio exterior representa uma excelente alternativa para o aumento do
produto interno bruto de um país e, portanto, um caminho para reduzir o
desemprego e aumentar a renda nacional. O Japão e a Alemanha foram países que
se beneficiaram muito do comércio exterior, pois são grandes exportadores
líquidos, isto é, exportam muito mais do que importam e, assim, geram mais
riquezas em seus países.
O comércio mundial de mercadorias (exportações
mais importações) gira em torno de vinte trilhões de dólares, tendo
crescido a uma média anual de 7%, nos últimos anos, contra um crescimento da
economia interna dos países desenvolvidos inferior a 3% ao ano. Um dado
interessante é que apenas quinze países (os desenvolvidos + os tigres asiáticos
+ China) são responsáveis por mais de 70% do comércio mundial.
O Brasil, infelizmente, ainda tem uma participação
pouco expressiva no comércio internacional,
contribuindo com algo em torno de 1,5% dos
negócios mundiais. Durante onze anos (1983-1994), o Brasil gerou superávits
comerciais (as exportações superaram muito as importações) anuais médio com
cerca de US$ 13 bilhões, totalizando US$ 145 bilhões no período. A partir de
1995, contudo, com o efetivo processo de abertura da economia brasileira, a
balança comercial do país começou a apresentar valores negativos
até 2000. Após o superávit comercial de US$
10,3 bilhões em 1994, a conta de mercadorias passou a assinalar déficits nos
seis anos seguintes: US$ 3,1 bilhões em 1995, US$ 5,5 bilhões em 1996, US$ 8,3
bilhões em 1997, US$ 6,6 bilhões em 1998, US$ 1,2 bilhão de dólares em 1999, e
de US$ 740 milhões em 2000, totalizando US$ 25,3 bilhões no período. A partir
de 2001, contudo, voltou a apresentar superávit.
INSTRUMENTOS
DE POLÍTICA CAMBIAL
A administração da taxa de câmbio é, sem
dúvida, o principal instrumento de política de comércio entre um país e os
demais, mas não é o único, como parece para a grande maioria das pessoas. Há
também outros importantes instrumentos que têm uma direta vinculação com as
transações ou fluxos externos, tais como:
A. As intervenções no mercado cambial,
por meio da administração da taxa de câmbio, com valorização ou desvalorização
da mesma; controle das operações cambiais;
B. Políticas comerciais, por meio de
fixação de quotas de importação, ou até mesmo de exportação; regimes de
proteção com imposição de tarifa;
C. Tratamento ao capital estrangeiro,
mediante as condições tanto de remessas de lucro como de ingresso. A política
comercial visa interferir no fluxo de mercadorias e serviços. Entre os
diferentes períodos da política de comércio exterior brasileiro, podem-se citar
os seguintes:
• A política de substituição de
importações, principalmente nos anos de 1950 até meados dos anos 1960.
Balança comercial é a diferença entre o valor
total exportado (isto é, as exportações) e o valor total importado (as
importações). Quando as exportações superam as importações, tem-se um superávit
comercial. Caso contrário, tem-se um déficit comercial.
• Maior agressividade de exportações, a
partir de 1968, em que o comércio exterior passa a ser uma alternativa efetiva
para o processo de desenvolvimento econômico; - no período de 1974-88 houve elevação
das tarifas de importação e restrições tarifárias, fazendo com que o Brasil
se tornasse uma das economias mais fechadas do mundo. Como média dos anos de
1980, as importações brasileiras representavam apenas cerca de 6% do seu
produto interno bruto, contra mais de 20% para países como: Chile, Canadá,
Alemanha, Coréia do Sul, França, Indonésia, Itália, Inglaterra e Tailândia,
entre outros; - a partir de 1988 tem início um novo período de
abertura da economia, em especial a partir de 1990, quando algumas
restrições não tarifárias sobre as importações foram reduzidas ou até
eliminadas. A partir de 1991 começou um período de gradual redução das tarifas
de importação. Para fins de comparação, a tarifa média de importação, em 1988,
era de 45%, caindo para 14,5% em 1995.
A abertura da economia brasileira tem
sido a condição básica para a estabilidade dos preços, uma vez que forçou a
indústria nacional a aumentar a competitividade, ao introduzir novas
tecnologias que possibilitaram elevação da produtividade e redução dos custos
unitários de produção. Isso ajudou a transferir renda para os consumidores, via
redução dos preços e dos lucros das empresas. A abertura do mercado brasileiro
estimulou fusões e aquisições de empresas em todos os setores, de tal forma que
no período de 1994-1999 o total de fusões e aquisições chegou a quase mil
negócios.
Taxa de câmbio
A taxa de câmbio é o preço, em moeda corrente
nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. Assim, quando se diz que o
câmbio está em 1,80, quer dizer que é necessário um real e oitenta centavos
para trocar (ou comprar) um dólar, por exemplo. Por meio da taxa de câmbio, que
indica quantos reais são necessários para comprar um dólar ou outra moeda,
pode-se estimular a exportação (E) e desestimular a importação (M), ou
vice-versa.
Por exemplo, a desvalorização ou depreciação
cambial é um aumento do preço das divisas estrangeiras em moeda nacional. Quando
o real se deprecia, paga-se maior número de reais por dólar. Isso significa que
os preços dos produtos estrangeiros em reais ficam mais caros e que os preços
dos nossos produtos ficam mais baratos, ou seja, nossas exportações aumentam e
nossas importações diminuem em resposta à desvalorização do real.
Assim, a expansão líquida das exportações
(E-M) aumenta a demanda agregada (Da) e gera mais emprego. Em 2007 e até meado
de 2008 houve uma forte apreciação do real, chegando a ficar próximo de R$ 1,50
por dólar. A partir do segundo semestre de 2008 foi o real que se depreciou
frente ao dólar, ficando em fevereiro de 2009 ao redor de R$ 2,30 devido a
crise mundial. Essa apreciação do dólar foi resultado da grande demanda por
dólar por parte dos investidores, para cobrir perdas acumuladas em seu país de
origem, tirando seus investimentos que estavam naquele momento no Brasil.
Uma valorização do real significa menos reais
por dólar. A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer por interferência
direta das autoridades econômicas ou não. Com a interferência governamental o
Brasil experimentou, nos últimos quinze anos, dois tipos diferentes de condução
da política cambial. Até o início de 1990 o Banco Central exerceu um poder
absoluto ao fixar a taxa de câmbio, sem qualquer consulta ao mercado. Nesse
período, a taxa de câmbio era determinada diretamente pelo BACEN. No segundo
caso, a partir de 1990, houve uma interferência relativa, ao permitir a
flutuação da taxa, mas dentro de certos limites determinados por essas
autoridades, como foi o caso do sistema de bandas, que funcionou no período de
1995 até meados de janeiro de 1999. A partir dessa data, a política cambial
brasileira passa a ser praticamente sem qualquer interferência governamental,
em que o câmbio flutua livremente. Assim, de um modo geral, pode-se dizer que
há basicamente três regimes cambiais:
• De taxas fixas (previamente
determinadas pelas autoridades monetárias, podendo haver, inclusive,
possibilidades de pequenos ajustes);
• De taxas flexíveis (formadas em
mercados totalmente livres com taxas flutuantes) e
• De taxas administradas (ou seja, com
a adoção de bandas de flutuação cambial; esta última é, na verdade, um meio
termo entre os outros dois).
Como se afirmou, o governo brasileiro adotou,
de 1995 até janeiro de 1999, o regime de bandas cambiais, por meio das
quais o Banco Central fixava os limites superior e inferior (que são as
bandas), dentro das quais a taxa de câmbio podia (livremente) flutuar. Quando a
taxa de câmbio se aproximava da banda superior, o Banco Central entrava
vendendo dólar no mercado, impedindo, assim, que a taxa subisse. Quando a taxa
de câmbio estava muito próxima da banda inferior, o Banco Central atuava
comprando dólar, forçando a subida da taxa para níveis desejados pelo governo.
É importante lembrar que, no caso do governo brasileiro, as reservas
internacionais vinham se mantendo em níveis relativamente elevados (em torno de
US$ 70 bilhões), o que permitiu e facilitou a atuação do Banco Central nesse
regime de bandas cambiais, mas caíram nos anos seguintes.
O governo brasileiro, em abril de 1998, ao
perceber a pressão pública da defasagem cambial (ou seja, de que o real estava
muito apreciado perante o dólar) tomou a decisão de tornar mais flexível o
regime cambial no sentido de permitir, a longo prazo, maior flutuação do dólar
e reduzir a necessidade de intervenção do Banco Central no mercado. Assim, os
limites para essa flutuação, as minibandas cambiais, iriam alargando-se
lentamente, ou seja, a diferença entre o teto e o piso iria aumentando. Como o
intervalo entre o limite
mínimo e o máximo tenderia a se alargar, a
nova política do BACEN implicaria desvalorizações menores para o piso da banda
cambial e maiores para o teto. Além disso, o alargamento da intrabanda funcionaria
como um “colchão” no caso de nova crise financeira internacional, como a
asiática, pois se ocorresse um ataque especulativo haveria mais espaço para a
flutuação do câmbio e o BC não teria de fazer muitas intervenções para manter a
cotação. Ao que parece, o governo deu sinais de que iria desvalorizar menos o
real e manter a política de redução de juros. Além disso, a medida tenderia a
desestimular a entrada de capital externo especulativo.
Na verdade, pela primeira vez, desde julho de
1995, o governo brasileiro sinalizava a saída de um sistema de câmbio
(excessivamente) controlado para um sistema de maior flutuação. Esse
alargamento das bandas iria ocorrer de forma gradual, de modo a evitar
turbulência. Como sabemos, em menos de um ano, o Banco Central teve de
abandonar também essa política de bandas e passou a permitir uma livre
flutuação do dólar, podendo evidentemente vir a intervir (vendendo dólar), sem,
contudo, deixar claro para o mercado quando intervirá. Uma desvalorização do
real estimula as exportações brasileiras e reduz suas importações. Não sendo um
regime de taxa de câmbio fixa (como ocorreu até 1990), os outros dois casos se
enquadram em situações de taxas flutuantes, em que a taxa de câmbio é
determinada pelas forças de oferta e demanda por divisas, no chamado mercado
cambial.
A oferta de divisas estrangeiras (ou
seja, os ofertantes de dólar no Brasil, por exemplo) origina-se:
• Nas exportações brasileiras, uma vez que
quando uma mercadoria nacional é vendida para o exterior, o importador estrangeiro
envia para o Brasil os dólares resultantes daquela operação, ou seja, há um
aumento na quantidade ofertada de dólares aqui no país;
• Nas receitas cambiais com serviços;
• Nas empresas instaladas no Brasil que tomam
empréstimos em moeda estrangeira;
• Nos turistas estrangeiros que visitam o
Brasil;
• Nos brasileiros que repatriam seus dólares
(ou outras moedas); (Tem dinheiro no exterior e tem que fazer a
declaração(imposto de renda) no Brasil de seus bens lícitos).
• Nas empresas estrangeiras que fazem
investimentos diretos aqui no país;
• Nas transferências unilaterais originárias
do exterior, provenientes do trabalho dos milhares de brasileiros que trabalham
no exterior (como os dekasseguis no Japão) que enviam algo como US$ 3 bilhões
por ano.
A partir de 2009, parece haver uma tendência
de retorno de dekasseguis para o Brasil, porque a situação econômica no Japão
(economia em recessão e desemprego) está complicada.
Considerando-se apenas as exportações, é
fácil perceber que há uma relação positiva entre a taxa de câmbio e as
exportações, isto é, quanto maior a taxa de câmbio, ou seja, quanto maior a
quantidade de reais por dólar, maior deve ser o volume exportado pelo país.
Tendo em vista que as exportações geram dólares para o país, a oferta de
dólares cresce com a taxa de câmbio. Em outras palavras, a taxa de câmbio e a
oferta de dólares mantêm uma relação direta. Por outro lado, a demanda ou
procura por divisas estrangeiras (os demandantes de dólar) tem, entre
outras, as seguintes origens:
• As importações brasileiras;
• Os devedores brasileiros em moeda
estrangeira, que precisam comprar dólares para saldar seus compromissos, como
pagar juros ou títulos no exterior;
• As empresas multinacionais que remetem
juros e dividendos;
• Os turistas brasileiros em viagem ao
exterior.
Levando-se em consideração apenas as
importações, é possível constatar que a taxa de câmbio mantém uma relação
negativa (inversa) com o volume importado, ou seja, quanto maior a taxa de
câmbio, menor a importação porque fica mais caro para o país adquirir bens e
serviços do exterior. Tendo em vista que para comprar do exterior os
importadores têm que pagar em dólares, a demanda por dólar cai com o aumento da
taxa de câmbio.
Assim, a taxa de câmbio, num sistema de livre
mercado como o que temos atualmente, depende das forças acima, ligadas à
demanda e à oferta de dólares. É possível afirmar que, quanto maior a taxa
de câmbio:
• Maior a quantidade ofertada de dólares aqui
no Brasil, porque as empresas desejarão exportar mais, o que significa que a
curva de oferta de dólar é crescente com a taxa de câmbio;
• Menor a quantidade demandada por dólares,
porque as empresas desejarão importar menos, uma vez que os produtos importados
ficam mais caros. Desse modo, a curva de demanda por dólares é decrescente
(isto é, a relação é inversa) com a taxa de câmbio.
Uma pressão de demanda por dólares (produzida
pelo aumento de importação, por exemplo) pode resultar na elevação da taxa de
câmbio. Neste caso, a curva de demanda por dólar desloca-se para a direita. Do
mesmo modo, um aumento nas exportações brasileiras pode pressionar a cotação do
dólar para baixo, uma vez que a oferta de divisas é maior. Neste caso, a curva
de oferta de dólar desloca-se para a direita.
Balanço de pagamentos
O Balanço de Pagamentos de um país é um
resumo contábil das transações econômicas que este país faz com o resto do
mundo, durante certo período de tempo. A partir deste balanço pode-se avaliar a
situação econômica internacional do país. Os três principais componentes do
Balanço de Pagamentos são:
A. A Balança Comercial (que engloba os
fluxos de exportações e importações, conforme já comentado);
B. A Balança de Serviços (que inclui
os fretes e seguros, viagens internacionais e turismo e rendas de capital como
lucros e juros);
C. A Balança (ou movimento) de Capitais (englobando
investimentos, empréstimos e financiamentos de curto, médio e longo prazo e
amortizações)(redução de dívida por meio de pagamento parcial ou gradual acertado entre as partes).
Conforme já mencionado, no período de 1983 a
1994, o Brasil apresentou um saldo altamente positivo (em torno de US$ 13
bilhões por ano) na Balança Comercial. A partir de então, por conta da
maior abertura da economia brasileira, a balança comercial do país apresentou
déficits no período 1995-2000, mas em 2001 voltou a ser positiva.
No tocante à balança de serviços,
pode-se dizer que, historicamente, nosso país tem déficit nessas transações com
o exterior. De 1980 a 1994, esse déficit girou em torno de US$ 15 bilhões por ano,
mas a partir de 1995 cresceu a um patamar médio de US$ 25 bilhões por ano. Nos
últimos anos, esse déficit tem sido crescente, devido à deficiência do Brasil
no que diz respeito a balança de Serviços.
Além da Balança Comercial e da Balança de
Serviços, faz parte também da Balança de Transações Correntes as Transferências
Unilaterais, que se referem ao fluxo de recursos provenientes de pessoas
trabalhando fora do país, como é o caso dos dekasseguis, brasileiros
descendentes nipônicos (Natural ou habitante desse país) que residem
temporariamente no Japão.
Efeitos da política cambial sobre a
economia
A política cambial tem consequências diretas
sobre as exportações e importações de um país. A taxa de câmbio pode estimular
ou desestimular as exportações (X), o mesmo ocorrendo com as importações (M).
Uma depreciação do real em relação ao dólar (isto é, mais reais por dólar) deve
estimular as exportações. Quando o real se deprecia (como aconteceu em janeiro
e fevereiro de 1999), paga-se maior número de reais por dólar, o que implica
que os preços dos produtos estrangeiros em reais ficam mais caros e os preços
dos nossos produtos ficam mais baratos, ou seja, nossas exportações aumentam e
nossas importações diminuem em resposta à desvalorização do real. Assim, a expansão
líquida das exportações (X - M) aumenta a demanda agregada (Da) e gera mais
emprego.
Exportar faz aumentar a produção e gerar
emprego e renda. Um aumento significativo nas exportações, por exemplo, pode
ter grande impacto monetário, uma vez que o ingresso de divisas (leiam-se
dólares, por exemplo) precisa ser convertido para reais, o que vai provocar a
expansão da moeda, com possíveis consequências inflacionárias. Esses recursos
entram por meio do câmbio comercial. Do mesmo modo, recursos captados pela
emissão de títulos no exterior, seja através de bônus ou commercial papers,
seja pela entrada de recursos para aplicação em bolsas de valores, também podem
forçar o governo a fazer emissão de reais para atender a essa conversão. É o
fechamento de câmbio para atender às chamadas compras financeiras.
Em resumo, o câmbio (via compras financeiras
e exportações) pode pressionar a oferta monetária e prejudicar o controle dos
juros, aumentando inclusive o custo do governo, que é obrigado a aumentar a
dívida pública para enxugar a moeda que entra em circulação pela troca de
dólares por reais. O aumento nas exportações aumenta a demanda agregada
(Da) de bens e serviços produzidos internamente. Afinal, exportar é
produzir aqui dentro, gerar renda e empregos interno. Assim, a expansão das
exportações representa uma poderosa alavanca para a expansão do mercado, tendo
efeito positivo sobre o emprego, a produção e a renda porque: Da = Y (oferta
global).
Por meio das exportações é possível fazer um
país crescer, gerar emprego e aumentar a renda interna. Foi o que fez o Japão,
um exemplo para o Brasil, o qual, infelizmente, ainda exporta muito pouco,
considerando-se o potencial que tem. É inaceitável que alguém afirme que o
Brasil não deve exportar enquanto houver brasileiros passando fome aqui.
Ora, se passam fome não é por falta de
alimentos, mas porque não têm renda suficiente para adquirir os alimentos. Uma
das maneiras de aumentar a renda interna dos brasileiros é via exportação.
Afinal, para exportar é preciso produzir internamente, e ao produzir
internamente acaba-se gerando renda e emprego dentro do país.
REFLITA
Câmbio valorizado prejudica as exportações e
a competividade da indústria nacional, visto que os importados ficam baratos.
Câmbio desvalorizado prejudica as importações
e, portanto, encarecem produtos cotados em dólares e matérias-primas
importadas, prejudicando assim o consumidor.
Se você pudesse definir, o câmbio seria
valorizado ou desvalorizado?
INDICAÇÃO
DE LEITURA
Dois ótimos livros, que posso indicar pra
você são este do Prof. Krugman, que foi prêmio Nobel de economia e “A China
sacode o mundo”, livro excelente sobre as façanhas econômicas chinesas.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A economia internacional tem sido cada vez
mais importante para a economia brasileira se desenvolver. Isto porque passamos
por um processo de reestruturação da economia que nos permitiu ingressar de vez
no comércio mundial, com uma participação crescente, apesar de ainda pequena em
comparação com outros países como EUA, China e Japão.
O governo tem se preocupado cada vez mais em
manter a competitividade do Brasil em relação ao resto do mundo, pois com as
exportações em alta, podemos gerar mais emprego e renda pra população.
A grande preocupação do governo é manter uma
taxa de câmbio flexível que não penalize nem o lado exportador nem o lado
importador. Isto é muito complicado!
Câmbio valorizado é bom pra quem importa e
ruim pra quem exporta, e vice-versa.
Este tipo de discussão sempre irá existir:
qual patamar é o ideal para o câmbio?
Em minha opinião, o câmbio deve refletir
exatamente o comportamento do mercado, ou seja, sem atuações fortes do governo
para definir o patamar de preços da moeda estrangeira.
O governo deve se preocupar com a
competitividade da indústria nacional sim, mas não somente em aspectos
cambiais, mas sim em aspectos fiscais (tributação), logísticos (melhoria em
estradas e portos), etc.
1-
Na economia diferentes variáveis possuem
relação entre si. Isso quer dizer que a taxa de desemprego pode ajudar a entender
o crescimento do PIB, que por sua vez pode ajudar a explicar a variação no
índice de preços, que por sua vez, pode ajudar a explicar a taxa de juros.
Sabendo disso, assinale a alternativa em que apresenta as relação corretas
entre as variáveis a seguir:
Escolha uma:
a. Com o aumento do saldo do balanço
comercial, espera-se que as importações cresçam.
b. Com o aumento das exportações,
mantendo as importações, e tudo o mais constantes, espera-se que o produto
interno bruto aumente. C
c. Com o aumento das exportações, mantendo as
importações, e tudo o mais constantes, espera-se que o produto interno bruto do
país permaneça igual.
d. Todas as alternativas estão corretas.
e. Com o aumento das importações, mantendo as
importações, e tudo o mais constantes, espera-se que o produto interno bruto
aumente.
2- Sabe-se que a determinação da taxa de
câmbio pode ocorrer por interferência direta das autoridades econômicas ou não.
Pode-se dizer que essas interferências das autoridades ocorrerão de acordo com
o regime cambial vigente no país. Sobre esses regimes, assinale a alternativa
correta.
Escolha uma:
a. O regime de taxas flexíveis prevê que as
taxas de câmbio irão flutuar em determinadas bandas estabelecidas pelo governo.
b. As taxas de câmbio fixo serão fixados pelo
mercado, de acordo com a demanda e a oferta de moeda.
c. Pode-se citar três regimes cambiais,
sendo de taxas fixas, taxas flexíveis e taxas administrativas. C
d. Todas as alternativas estão corretas.
e. Em janeiro de 1995 o governo brasileiro
adotou o regime de taxas fixas.
3- Tendo em vista que um componente da
política monetária é o controle da quantidade de moeda na economia e que o
governo utiliza os instrumentos de política monetária para expandir ou contrair
a oferta monetária. (VUNESP - 2010 (adaptada). Analista Economia.)
Assinale a alternativa composta políticas
monetárias contracionistas:
Escolha uma:
a. Diminuição na taxa de redesconto e compra
de títulos no mercado aberto.
b. Diminuição dos impostos e diminuição das
reservas compulsórias.
c. Aumento na taxa de redesconto e
aumento das reservas compulsórias. C
d. Diminuição na taxa de redesconto e venda
de títulos no mercado aberto.
e. Diminuição dos impostos e aumento das
reservas compulsórias.
4- Um aspecto importante a ser registrado é o
de que historicamente as taxas médias anuais de crescimento do comércio
internacional têm superado às dos PIBs ou PNBs dos países. Por exemplo, nos
anos de 1990, enquanto o PIB mundial cresceu a uma taxa anual de 3,1%,o
comércio internacional expandiu-se em 6,2% ao ano, ou seja, o dobro.
Sobre esse assunto, assinale a alternativa
verdadeira.
Escolha uma:
a. O comércio exterior representa uma
excelente alternativa para o aumento do produto interno bruto de um país e,
mesmo não sendo, um caminho para aumentar a renda nacional.
b. O comércio exterior representa uma
excelente alternativa para o aumento do produto interno bruto de um país,
sendo, um caminho para reduzir o desemprego e aumentar a renda nacional. C
c. Nenhuma das alternativas anteriores.
d. O comércio exterior representa uma
excelente alternativa para o aumento do produto interno bruto de um país e,
mesmo não sendo, um caminho para reduzir o desemprego.
e. O comércio exterior representa uma
excelente alternativa para o aumento do produto interno bruto de um país,
sendo, um caminho para reduzir o desemprego, mesmo que não aumente a renda
nacional.
5- A taxa de câmbio é o objeto da política
cambial do governo e pode ser executada retirando ou colocando moeda
estrangeira no mercado. Se a taxa de câmbio estiver baixa ela é valorizada,
mas, se pelo contrário, estiver alta, ela é desvalorizada. Assinale a
alternativa que indica uma consequência da valorização da taxa de câmbio.
Escolha uma:
a. Favorece a entrada de capitais externos.
b. Eleva os termos de troca.
c. Torna as importações mais baratas. C
d. Diminui a dívida externa em dólar.
e. É neutra em relação à taxa de inflação.
6- Considere um país em que o regime de
câmbio é flutuante, isso é, definido pela oferta e demanda por moeda. Diante
disso, julgue os itens a seguir a assinale em seguida as alternativas
verdadeiras.
I. Nesse país a autoridade monetária deverá
interferir na economia fazendo com que o câmbio atinja uma banda estabelecida.
II. A moeda desse país sempre será
desvalorizada pela moeda estrangeira.
III. Se houver um aumento significativo de
demanda por moeda estrangeira nesse país, é possível que a moeda local desse
país se valorize.
Escolha uma:
a. I, II estão corretas.
b. II e III estão corretas.
c. I, III estão corretas.
I, III estão corretas.
I, III estão corretas.
d. I, II e III estão corretas.
e. I, II e III estão erradas. C
7- O conceito nominal de déficit inclui tanto
a correção monetária como as despesas financeiras. Assinale a alternativa que
faz uma afirmativa INCORRETA a respeito de políticas fiscais.
Escolha uma:
a. O déficit do Estado pode ser
financiado por lançamento de títulos públicos. C
b. A venda de títulos que é feita para
financiar o déficit do Estado faz com que a dívida pública aumente.
c. A política fiscal é utilizada para
aumentar os impostos ou cortar os gastos.
d. O governo pode estimular a economia
cortando impostos ou elevando os seus gastos.
e. Redução dos impostos pode levar à expansão
do consumo pessoal, e também do agregado.
8- Utilize as informações abaixo, de uma
economia fictícia, para calcular o valor do Produto Interno Bruto dessa
economia:
Exportações de bens e serviços……………….…..R$
1.950,00
Importações de bens e serviços…………….……..R$
1.500,00
Consumo final…………………………....……….....R$
6.500,00
Gastos do governo…………………………...……. R$ 2.700,00
O Produto Interno Bruto dessa economia é:
Escolha uma:
a. R$ 11.100,00.
b. R$ 12.600,00.
c. R$ 9.650,00. C
d. R$ 11.800,00.
e. R$ 14.100,00.
Entenda como o PIB é
calculado. O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de
todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período. Isso
inclui do pãozinho até o apartamento de luxo. O índice só considera os bens e
serviços finais, de modo a não calcular a mesma coisa duas
vezes.
9- Os instrumentos de política monetária sob
os quais o governo pode controlar a quantidade de moeda, crédito e taxa de
juros. Sobre os instrumentos que podem ser utilizados, são feitas as seguintes
afirmativas:
I. O governo pode atuar sobre a
base monetária realizando compras ou vendas de moeda estrangeira.
II. Atuando sobre a taxa de juros
o governo pode regular a liquidez do mercado, estimulando ou desestimulando
consumo e investimentos.
III. O Banco Central também pode ser
emprestador de outros bancos, oferecendo empréstimos às taxas que ficam acima
das praticadas no mercado.
IV. As operações do open market são
realizadas pelo governo através da compra ou venda de títulos públicos pelo
Banco Central, determinando movimentos da oferta de moeda e da base monetária.
Assinale a opção que indicam quais
afirmativas são corretas.
Escolha uma:
a. I, II e III estão corretas.
b. I, II e IV estão corretas.
c. I, III e IV estão corretas.
d. II, III e IV estão corretas.
e. Todas as afirmativas estão corretas.
C
10- Considere uma política monetária
expansionista, via redução das reservas compulsórias mantidas pelos bancos
comerciais junto ao Banco Central, mas sem alteração do volume de empréstimos
concedidos pelos bancos comerciais. Assinale a alternativa que indica a
consequência correta: (FGV - 2015 (adaptada). Prova Economista.)
I. Um aumento nos meios de pagamento, expandindo a base
monetária.
II. Uma elevação do multiplicador monetário e, por
conseguinte, um aumento do fluxo monetário da economia.
III. Uma ampliação da base monetária, mas com retração
do multiplicador monetário.
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas.
Escolha uma:
a. Apenas I está correta.
b. Apenas II está correta.
c. Apenas III está correta. C
d. Apenas I e III estão corretas.
e. Nenhuma das afirmativas está correta.
1- As taxas de juros definidas pelo próprio
governo devem funcionar como as taxas básicas do mercado, sobre as quais se
formam as demais taxas, de acordo com os riscos e os prazos das operações.
Associe as taxas de juros às suas características.
(1) Selic.
(2) Taxa Referencial.
(3) Taxa de Juros de Longo Prazo.
(4) Certificados de Depósitos
Bancários.
( ) Utilizada para remunerar os fundos
compulsórios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
( ) Utilizada para remunerar a caderneta de
poupança e saldos do Sistema Financeiro de Habitação, é determinada pelo
Banco Central.
( ) Na forma de títulos dos bancos para
captar dinheiro, são controlados pela Central de Custódia e de Liquidação
Financeira de títulos.
( ) Serve como taxa básica da economia e
regula as operações com títulos públicos, fixada mensalmente pelo Conselho de
Política Monetária.
Escolha uma:
a. 4, 2, 3, 1.
b. 3, 2, 4, 1. C
c. 2, 1, 4, 3.
d. 1, 4, 2, 3.
e. 1, 3, 4, 2.
2- Quando analisamos a economia como um todo,
é importante sabermos o total de bens e serviços produzidos pelas unidades
produtoras residentes do país, que são destinados ao consumo final. Esse
conhecimento corresponde ao conceito deL FCC - 2017 (adaptada). Analista -
Economia.)
Escolha uma:
a. Renda Disponível Bruta.
b. Poupança Bruta.
c. Produto Interno Bruto. C
d. Valor adicionado líquido pelos não
residentes.
e. Renda Nacional Bruta.
3- A interação das curvas de demanda e de
oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em
um dado mercado. Considere as afirmativas abaixo acerca do equilíbrio de
mercado.
I.
No caso de excesso de demanda, os preços
tendem a subir, pois com a escassez, o mercado pode elevar os preços sem queda
na venda.
II.
No caso de excesso de oferta o ideal é seguir
a orientação dos economistas de retirar os produtos excedentes de circulação
por 3 meses, em função da análise trimestral do PIB.
III.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo
daquela de equilíbrio teremos uma situação de escassez de produto.
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas.
Escolha uma:
a. Apenas I está correta.
b. Apenas II está correta.
c. Apenas III está correta.
d. Apenas I e III estão corretas. C
e. I, II e III estão corretas.
4- Assinale
( ) O efeito Tanzi consiste no
aumento de arrecadação tributária à medida que aumenta a inflação e as pessoas
passam para alíquotas mais elevadas quando suas rendas nominais aumentam.
( ) O efeito Tanzi ocorre quando
a inflação atinge as receitas públicas entre o momento da ocorrência e o
momento em que o tributo é recolhido.
( ) o efeito Tanzi
corresponde ao ganho real nos tributos em função do aumento do nível de preços.
Escolha uma:
a. F, V, V.
b. V, F, V.
c. V, F, F.
d. V, V, V.
e. F, V, F. C
5- O termo estrutura de mercado refere-se às
características organizacionais de um mercado. Quando se fala na estrutura de
mercado denominada monopólio, avalie as seguintes afirmativas:
I. O poder de mercado está nas mãos de um
único consumidor que nele atua.
II. A sua existência é baseada na hipótese de
existência de barreiras à entrada de novos ofertantes.
III. As empresas que fazem parte dessa
estrutura de mercado são incapazes de fixar preços.
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas:
Escolha uma:
a. Apenas III está correta.
b. I, II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas I e III estão corretas.
e.
Apenas II está correta. C
6- É possível afirmar que as variações nas
taxas de câmbio dos países pode influenciar seu nível de preços. O mecanismo
que explica essa relação entre as duas variáveis é o de que os preços
domésticos também são influenciados pelos preços dos países vizinhos. Sobre
esse tema, assinale a alternativa verdadeira.
Escolha uma:
a. Se a fabricação de um produto necessita de
produtos importados, valorizações na taxa de câmbio podem fazer com que o preço
desse produto, tudo o mais constante, aumente.
b. Se a fabricação de um produto
necessita de produtos importados, desvalorizações na taxa de câmbio podem fazer
com que o preço desse produto, tudo o mais constante, aumente. C
c. Para um fabricante de produtos exportados,
não é interessante que a taxa de câmbio se mantenha valorizada.
d. Para um fabricante de produtos exportados,
é interessante que a taxa de câmbio se mantenha desvalorizada.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
7- Alguns países possuem um volume de
comércio exterior maior do que outros mas ainda assim, possuem saldos do
balanço comercial menor do que outros. Sendo assim, por exemplo, ainda que o
Brasil realize trocas em um volume maior que a Índia, pode ser que o Brasil
tenha um saldo do balanço comercial menor que da Índia. Sobre essa afirmação,
assinale a alternativa verdadeira.
Escolha uma:
a. O saldo do Balanço Comercial corresponde à
quantidade de produtos e serviços que foram comercializados entre dois países.
b. O saldo do Balanço Comercial corresponde
ao valor total de produtos e serviços que foram comercializados entre dois
países.
c. O saldo do Balanço Comercial
corresponde ao resultado da diferença entre o total exportado e o total
importado em um país. C
d. O saldo do Balanço Comercial corresponde
ao proporcional de exportações que um país fez a mais que outro país.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
Inicialmente, é preciso compreender que:
a balança comercial é representada pelas
importações (compras feitas em outros países) e exportações (vendas para outros
países).
Nesta lógica, compreendemos que, se um país
vender (exportar) mais do que comprar, o saldo da balança comercial
será positivo. Por outro lado, se um país comprar (importar) mais do que
vender, o saldo da balança comercial será negativo.
8- A oferta corresponde às várias quantidades
que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.
Considerando os vários fatores dos quais depende a oferta, assinale a
alternativa INCORRETA.
Escolha uma:
a. Quando as empresas aumentam a
quantidade ofertada, novas empresas não encontram incentivos a entrarem no
mercado.C
b. Quando o custo dos fatores utilizados na
produção aumenta ocorre uma retração na oferta, considerando todo o resto
constante.
c. O conhecimento tecnológico tem uma relação
direta com o aumento da oferta.
d. Um aumento no preço de mercado faz com que
as empresas desejem produzir mais.
e. A lei geral da oferta mostra uma relação
direta entre quantidade ofertada e nível de preços, considerando todo o resto
constante.
9- As funções de demanda e oferta do mercado
de milho são dadas, respectivamente, por:
• Oferta: p = 0,3x + 6;
• Demanda: p = 15 – 0,20x.
O preço do milho precisa ser tabelado em R$
9,00 por unidade. O que ocorreria no mercado?
Escolha uma:
a. Excedente de 30 unidades de feijão.
b. Escassez de 20 unidades de feijão C
c. Excedente de 20 unidades de feijão.
d. Escassez de 10 unidades de feijão.
e. Escassez de 30 unidades de feijão.
10- A inflação é o aumento generalizado e
contínuo dos preços dos bens e serviços da economia, e pode ter diversas
causas, como o tipo de estrutura de mercado, o grau de abertura da economia ou
a estrutura das organizações trabalhistas. O que o governo pode fazer para
combater a inflação?
Escolha uma:
a. Reduzir a demanda agregada o que pode
levar a uma queda do desemprego.
b. Aumentar a demanda agregada o que pode
levar a um aumento de desemprego.
c. Reduzir a demanda agregada o que pode
levar a um aumento do desemprego. C
d. Reduzir a oferta agregada o que pode levar
a um aumento de desemprego.
e. Aumentar a demanda agregada o que pode
levar a uma queda do desemprego.
1- Suponha que as seguintes operações foram
registradas para a economia de um país durante o ano de 2017:
I. Uma firma exporta um bem por 520 mil
dólares e o pagamento será feito daqui a 90 dias;
II. Um exportador vende vinho para uma
empresa residente em outro um país vizinho por 500 mil dólares;
III. Uma firma compra insumos de produção,
para sua linha de exportação, por 160 mil dólares.
Com base nas informações acima, assinale a
alternativa verdadeira
Escolha uma:
a. Nenhuma das alternativas estão
corretas.
b. A Balança Comercial desse país foi
deficitária naquele ano.
c. O total importado por aquele país naquele
ano foi de 660 mil dólares.
d. A Balança Comercial desse país foi
superavitária naquele ano. C
e. O total exportado por aquele país naquele
ano foi de 1520 dólares.
2- As variações nas taxas de câmbio possuem
diversos efeitos na economia de um país. Por exemplo, se o câmbio no Brasil se
desvaloriza, quer dizer que será necessário uma maior quantidade de reais para
se comprar a mesma quantidade de dólar. Sobre esse tema, assinale a alternativa
correta.
Escolha uma:
a. O câmbio desvalorizado prejudica as
exportações, já que os itens importados se tornam mais caros em moeda
doméstica.
b. O câmbio desvalorizado prejudica as
importações, já que os itens importados se tornam mais baratos em moeda
doméstica.
c. O câmbio desvalorizado prejudica as
importações, já que os itens importados se tornar mais caros em moeda
doméstica. C
d. Todas as alternativas estão corretas.
e. O câmbio desvalorizado prejudica as
exportações, já que os itens exportados se tornam mais caros em moeda
doméstica.
Resposta correta: O câmbio desvalorizado
prejudica as importações, já que
os itens importados se tornar mais caros em moeda doméstica. (ou seja, quando
o dólar está caro, é ruim para quem compra).
os itens importados se tornar mais caros em moeda doméstica. (ou seja, quando
o dólar está caro, é ruim para quem compra).
*Câmbio
valorizado prejudica as exportações e a competividade da indústria nacional,
visto que os importados ficam baratos.
*Câmbio
desvalorizado prejudica as importações e, portanto, encarecem produtos cotados
em dólares e matérias-primas importadas, prejudicando assim o consumidor.
5- Considere um país, cujo regime cambial é o
flutuante, está passando por uma crise cambial e inflacionária. Isso é, sua
moeda está cada vez mais perdendo valor e os preços do mercado doméstico está
cada vez maior, fazendo com que o poder de compra da população se reduza. Sobre
esse assunto, assinale a alternativa correta.
Escolha uma:
a. A autoridade monetária pode atuar com o
objetivo de injetar dólares no mercado para, por meio do aumento da oferta,
aumentar seu valor sobre o peso.
b. A autoridade monetária pode usar suas
reservas em moeda internacional na tentativa de uma valorização da moeda
estrangeira.
c. A autoridade monetária pode atuar com
o objetivo de injetar dólares no mercado para, por meio do aumento da oferta,
diminuir seu valor sobre o peso. C
d. A autoridade monetária pode usar suas
reservas em moeda internacional na tentativa de uma desvalorização da moeda
local.
Resposta
Correta: A autoridade monetária pode atuar com o objetivo de injetar
dólares no mercado para, por meio do aumento da oferta, diminuir seu valor
sobre o peso.
dólares no mercado para, por meio do aumento da oferta, diminuir seu valor
sobre o peso.
8- O saldo do Balanço Comercial brasileiro
nas duas primeiras semanas de maio de 2018 foi de US$ 3,105 bilhões, sendo que
no acumulado ao ano correspondia ao valor de US$ 23,42 bilhões. O resultado é
4% menor do que o verificado no mesmo período do ano de 2017, quando o saldo
positivo da balança foi de US$ 24,390 bilhões. Considerando ceterisparibus,
isso é toda a outra variável constante, analise as afirmativas a seguir.
I.
Se o saldo do Balanço Comercial brasileiro continuar menor em 2018 em relação
ao saldo de 2017, espera-se que o Produto Interno Bruto Brasileiro em 2018 seja
menor em 2018.
II. Se
o saldo do Balanço Comercial brasileiro continuar menor em 2018 em relação ao
saldo de 2017, espera-se que o Produto Interno Bruto Brasileiro seja maior em
2018.
III.
Se o saldo do Balanço Comercial brasileiro continuar menor em 2018 em relação
ao saldo de 2017, espera-se que o Produto Interno Bruto Brasileiro não se
altere em 2018.
IV. Se
o saldo do Balanço Comercial brasileiro continuar menor em 2018, quando
comparado a 2017, entende-se que o Brasil importou mais ou exportou menos, ou
ambos, em 2018.
Após analisar as afirmativas acima, assinale
a alternativa que contém apenas as afirmativas verdadeiras.
Escolha uma:
a. II, IV
b. III, IV
c. Nenhuma das alternativas anteriores.
d. I, III
e. I, IV C
9- A procura de uma mercadoria não é
influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que
também afetam a procura. Os bens cuja demanda diminui quando o preço de outro
bem relacionado cai são chamados de bens:
Escolha uma:
a. Inferiores.
b. De Giffen.
c. Normais.
d. Substitutos. X
e. Complementares.
10- Sobre o Balanço de Pagamentos, julgue os
itens a seguir e depois assinale a alternativa verdadeira.
I.
A Balança Comercial engloba os fluxos de exportações e importações, sendo
superavitária quando as exportações são maiores que as importações;
II. A
Balança Comercial engloba os fluxos de exportações e importações, sendo
superavitária quando as importações são menores que as exportações;
III. A
Balança de Serviços inclui fretes e seguros, viagens internacionais e
financiamentos de curto prazo;
IV. A
Balança de Capitais inclui investimentos, empréstimos apenas de longo prazo.
Escolha uma:
a. I, II, IV estão errados
b. I e II estão corretos C
c. I, II, III estão corretos
d. Nenhuma das alternativas.
e. I, II, III, IV estão corretos
1- A curva de demanda é negativamente
inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o
efeito renda. O efeito substituição entre bens normais corresponde ao fato de o
consumidor ( FCC - 2007 (adaptada). Analista pericial.)
Escolha
uma:
a.
Reduzir a quantidade adquirida do bem cujo preço decresce em relação ao preço
de outro bem.
b.
Aumentar a quantidade adquirida do bem cujo preço se eleva em relação ao preço
de outro bem.
c.
Ter sua renda reduzida, sem alteração no preço relativo entre os bens.
d.
Ter sua renda aumentada, sem alteração no preço relativo entre os bens.
e. Aumentar a quantidade adquirida de um
bem cujo preço reduziu em relação ao preço de outro bem. C
3- “A previsão para a taxa de câmbio em 2018
subiu para R$ 3,40. Para 2019 a taxa ficou em R$ 3,40.A aposta para o saldo da
balança comercial no ano corrente ficou em US$ 55,60 bilhões. E para 2019,
ficou em US$ 46 bilhões”.
Fonte:http://www.investimentosenoticias.com.br/noticias/economia/taxa-de-cambio-devera-ficar-em-r-3-40-em-2018-aponta-focus.
Acesso em mai/2018,
A respeito da afirmação acima, assinale a
alternativa verdadeira.
Escolha
uma:
a.
Nenhuma das alternativas estão corretas.
b. A
expectativa de fechamento da balança comercial em 2018 foi de um saldo
superavitário de 55,60 bilhões. C
c. A
expectativa de fechamento da balança comercial em 2018 foi de um saldo
deficitário de 55,60 bilhões.
d.
Entre 2018 e 2019 espera-se que a moeda brasileira se valorize.
e. Entre 2018 e 2019 espera-se que a moeda
brasileira se desvalorize
6- A respeito dos conceitos básicos da teoria
econômica, julgue as afirmativas abaixo:
I.
No fluxo circular de bens e serviços, as
firmas demandam fatores de produção que são ofertados pelas famílias e, nesse
processo, os fluxos monetários vão das empresas para as famílias.
II.
O fluxo circular da renda é uma forma de
compreendermos o funcionamento da economia, pois nele, os agentes da sociedade
se organizam como produtores e como consumidores.
III.
Em uma economia simples, em que o fluxo
circular da renda ocorre somente entre as unidades produtoras e consumidoras, o
produto agregado é diferente da renda agregada, ainda que toda a renda obtida
pelas famílias seja destinada ao consumo.
Escolha
uma:
a. V,
V, F. C
b. V, F, V.
c. F, V, V.
d. V, V, V.
e. F, F, F.
7- A política cambial tem consequências
diretas sobre o saldo do Balanço Comercial de um país. Isso se deve,
pois:
I. Uma depreciação do real em relação ao
dólar faz com que os preços dos produtos estrangeiros fiquem mais caros;
II. Uma depreciação do real em relação ao
dólar faz com que os preços dos produtos estrangeiros fiquem mais baratos.
III.A depreciação do real desencoraja
importações, podendo aumentar a preferência por itens produtivos nacionalmente.
Escolha
uma:
a. I
e III estão corretos C
b. I
e II estão errados.
c. I
e III estão errados.
d. I
e II estão corretos.
e. Nenhumas das alternativas estão corretas.
8- Efetivamente, a procura de uma mercadoria
não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis
que também afetam a procura, como os tipos de bens. Se dois bens são consumidos
juntos, como são denominados?
Escolha
uma:
a. Complementares.
C
b.
Substitutos.
c.
Inferiores.
d.
Normais.
e. De Giffen.
9- A Taxa SELIC – Sistema Especial de
Liquidação e Custódia – é de responsabilidade do Banco Central do Brasil.
Sobre a SELIC, assinale a alternativa correta.
Escolha
uma:
a. É
a câmara de liquidação física e financeira de títulos de emissão privada.
b. É
baseada na rentabilidade média anualizada dos títulos da dívida externa com
prazo mínimo de dois anos.
c. É
o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. C
d. É
contraparte nas operações de leilão de títulos privados.
e. É calculada com base na média ponderada
dos Certificados de Depósitos Bancários.
10.A respeito do problema econômico
fundamental “o que”, “quanto” e “como” e “para quem” produzir, avalie as
afirmativas: (IADS - 2014 (adaptada). Economia.)
I.
Em economias desenvolvidas, nas quais não há
escassez de recursos produtivos, a questão da escolha está superada.
II.
Necessidades humanas ilimitadas levam à
escassez de recursos produtivos.
III.
A necessidade de escolha decorre da escassez
de bens, que resulta da combinação de necessidades humanas ilimitadas e oferta
limitada de recursos produtivos.
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas:
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas:
Escolha
uma:
a. Apenas
III está correta. C
b.
Apenas II está correta.
c.
Apenas I está correta.
d.
I, II e III estão corretas.
e. Apenas I e II estão corretas.
1- Considere os seguintes problemas básicos
da economia:
I.
O que produzir?
II.
Quanto produzir?
III.
Como produzir?
IV.
Para quem produzir?
A existência ilimitada de recursos
utilizáveis tornaria frágil o caráter “econômico” dos problemas contidos em:
(FCC - 2016 (adaptada). Técnico de nível superior - Economista.)
Escolha
uma:
a. I,
II, III e IV. C
b.
III e IV, apenas.
c.
II e III, apenas.
d.
I, II e III, apenas.
e. I e IV, apenas.
3- Considere as seguintes assertivas a
respeito das funções do estado, e assinale V para Verdadeira e F para Falsa.
( ) Entre as funções do Estado, no que
se refere à intervenção na economia, pode-se citar a função distributiva, que
procura manter a estabilidade da economia.
( ) A função estabilizadora busca
a estabilidade de preços.
( ) O Estado busca corrigir as falhas
de mercado com recursos econômicos através da função alocativa.
Assinale a alternativa que indica a sequência
correta.
Escolha
uma:
a. F,
V, V. C
b. F, F, V.
c. V, V, V.
d. V, V, F.
e. V, F, F.
4- O termo estrutura de mercado refere-se às
características organizacionais de um mercado. Conhecendo as características de
um mercado em concorrência monopolística, assinale V para Verdadeira e F para
Falsa.
( ) Se trata de um mercado no
qual não existem barreiras à entrada de outros vendedores.
( ) Possui um grande número de
produtores de um produto heterogêneo.
( ) Essa estrutura é dada pela
existência de produtos heterogêneos que permitem alguma margem de determinação
de preços.
Assinale a alternativa que indica a sequencia
correta.
Escolha
uma:
a.
V, F, F.
b. F, V, F.
c. F, F, F.
d. V, V, F.
e. V, V, V. C
6- Sobre os instrumentos de política cambial,
julgue os itens a seguir:
I. Intervenções no mercado cambial:
mediante as condições tanto de remessas de lucro como de ingresso.
II. Políticas comerciais:
por meio de fixação de quotas de importação, ou até mesmo de exportação;
regimes de proteção com imposição de tarifa.
III. Tratamento ao capital estrangeiro:
por meio da administração da taxa de câmbio, com valorização ou desvalorização
da mesma e controle das operações cambiais.
Julgue os itens a seguir, marcando a
alternativa que contém apenas itens falsos.
Escolha
uma:
a. I,
III C
b.
Nenhuma das alternativas anteriores.
c.
I, II, III
d.
I, II
e. II, III
7- Sabe-se que a abertura comercial pode ser
utilizada com o objetivo do aumento da competitividade da economia de um país.
Existem diversas linhas de pensamento que encorajam ou não a abertura, com
diferentes argumentos, divergindo quando se trata principalmente dos efeitos
que uma abertura possa gerar na economia de um país. Diante disso, assinale a
alternativa correta a respeito desses efeitos.
Escolha
uma:
a. A
renda e as exportações de um país possuem relação positiva, isso é, quando as
exportações aumentam, espera-se que a renda aumente. C
b. A
renda e as exportações de um país possuem relação negativa, isso é, quando as
exportações aumentam, espera-se que a renda diminua.
c. A
renda e as importações de um país possuem relação positiva, isso é, quando as
importações aumentam, espera-se que a renda diminua.
d. A
renda e as exportações de um país possuem relação positiva, isso é, quando as
exportações aumentam, espera-se que a renda diminua.
e. Nenhuma das alternativas estão corretas.
8- Augusto gastava 8% de sua renda com carne.
Quando houve um aumento do preço da carne de 10% e as outras variáveis
permaneceram constantes como determinantes da demanda, Augusto passou a comprar
uma quantidade 2% menor de carne.
Escolha
uma:
a.
Não houve efeito renda.
b. Não
houve efeito substituição. C
c. O
efeito renda reduziu as compras em 2%, aproximadamente.
d.
Houve efeito substituição.
e. O efeito renda foi maior que o efeito
substituição.
9- A Curva de Lafer, em homenagem ao
economista Arthur Lafer, representa a relação esperada entre as alíquotas de
impostos e o montante de arrecadação tributária. Sobre essa relação, é correto
afirmar:
I. Aumentos
na alíquota elevam a arrecadação tributária até certo ponto, considerado o
ponto máximo, e a partir daí, aumentos na alíquota causam reduções na
arrecadação.
II. Alíquotas
progressivas nos tributos levam ao aumento da arrecadação quando a inflação for
mais que proporcional ao aumento da arrecadação em momentos de estabilidade de
preços.
III. A
redução das alíquotas eleva a arrecadação até o ponto em que receitas e
despesas do Estado se igualam.
Assinale a alternativa que indica as
afirmativas corretas.
Escolha
uma:
a. Apenas
I está correta. C
b.
Apenas II está correta.
c.
Apenas III está correta.
d.
Apenas I e II estão corretas.
e.
I, II e III estão corretas.
Resposta:
Apenas I está correta.
A II
está incorreta porque quando a inflação for mais que proporcional, aumentam os
preços e não têm-se estabilidade.
A
III está incorreta porque não se igualam.
10- Tendo em vista que um componente da
política monetária é o controle da quantidade de moeda na economia e que o
governo utiliza os instrumentos de política monetária para expandir ou contrair
a oferta monetária. Alguns instrumentos de política monetária são utilizados
pelo governo para o controle da inflação. Assinale a alternativa que indica um
exemplo de política monetária restritiva.
Escolha
uma:
a.
Redução da taxa básica de juros.
b.
Redução dos impostos.
c.
Aumento dos impostos.
d. Aumento
dos depósitos compulsórios. C
e. Aumento do salário mínimo.
Resposta: d) aumento dos depósitos
compulsórios. (porque dessa forma, os bancos terão que manter seus saldos de reservas ou de depósitos compulsórios maiores e tenderão a emprestar menos).
Exemplo: o Banco Central definiu 10% de taxa de depósito compulsórios:
significa que a cada empréstimo, 10% devem ser depositados pelo banco que emprestou. Quanto essa taxa sobe para 20%, significa que a cada empréstimo, 20% devem ser depositados pelo banco que emprestou.
Exemplo: o Banco Central definiu 10% de taxa de depósito compulsórios:
significa que a cada empréstimo, 10% devem ser depositados pelo banco que emprestou. Quanto essa taxa sobe para 20%, significa que a cada empréstimo, 20% devem ser depositados pelo banco que emprestou.
A
respeito da política monetária, avalie as afirmativas a seguir:
I. Reduções da taxa de redesconto do Banco Central são um dos instrumentos da política monetária para expandir a oferta de moeda.
II. Quando o Banco Central vende títulos ao público, a quantidade de moeda corrente em circulação diminui, e, portanto, a base monetária também se reduz.
III. Estabelecida a relação entre a taxa de juros desejada e a taxa de juros prevalecente no mercado na ausência de intervenções, se o Banco Central liquida operações de compra de moeda estrangeira, tudo o mais constante, surge a necessidade de compensar o aumento da oferta monetária por meio, por exemplo, da compra de títulos.
Assinale:
I. Reduções da taxa de redesconto do Banco Central são um dos instrumentos da política monetária para expandir a oferta de moeda.
II. Quando o Banco Central vende títulos ao público, a quantidade de moeda corrente em circulação diminui, e, portanto, a base monetária também se reduz.
III. Estabelecida a relação entre a taxa de juros desejada e a taxa de juros prevalecente no mercado na ausência de intervenções, se o Banco Central liquida operações de compra de moeda estrangeira, tudo o mais constante, surge a necessidade de compensar o aumento da oferta monetária por meio, por exemplo, da compra de títulos.
Assinale:
A. se todas as afirmativas
estiverem corretas.
B. se apenas as afirmativas I e
II estiverem corretas. C
C. se apenas a afirmativa I
estiver correta.
D. se apenas a afirmativa II
estiver correta.
E. se apenas as afirmativas II
e III estiverem corretas.
Avalie as afirmativas a seguir e assinale V
para a verdadeira e F para a falsa.
( ) A base monetária se expande quando o
Banco Central compra títulos públicos.
( ) A base monetária se contrai quando o
Banco Central recebe o pagamento de empréstimos, que foram previamente
concedidos ao Tesouro Nacional.
( ) A obtenção de um superávit fiscal reduz a
base monetária e os meios de pagamento.
As afirmativas são, respectivamente,
a) V - V - V. C
b) V - F - V.
c) V - F - F.
d) F - V - V.
e) F - F - V.
Uma forma de compreendermos o funcionamento de uma economia se dá por meio do chamado “fluxo circular da renda”, onde
a) os
bens e serviços finais são fornecidos pelas famílias às empresas.
b) o
fluxo monetário fica restrito no sentido das famílias para as empresas.
c) os
agentes da sociedade se organizam como produtores e como consumidores. C
d) o
processo de produção que cria bens e serviços é organizado pelas famílias.
e) o
fluxo material depende das famílias e não depende das empresas.
Na
análise microeconômica, é relevante considerar os demais bens que podem trazer
impactos sobre um bem específico. Nesse sentido, e tudo mais permanecendo
constante, se o aumento de preço do bem X provocar o aumento da demanda do bem Y,
pode-se dizer que esses bens X e Y são
a) inferiores e complementares.
b) inferiores.
c) normais.
d) normais e complementares.
e) substitutos. C
Um
consumidor gastava 10% de sua renda com carne, sendo que a elasticidade renda
de sua demanda por carne é +1. O preço deste produto aumentou 20%, permanecendo
constantes as demais variáveis determinantes da demanda. Ele comprou uma
quantidade 5% menor de carne; logo, em relação às suas compras de carne,
A. não houve efeito renda,
pois as compras pouco diminuíram.
B. o efeito renda reduziu as
compras em 2%, aproximadamente. C
C. o efeito substituição
reduziu as compras em 2%, aproximadamente.
D. o produto é um bem inferior
para esse consumidor.
E. a elasticidade preço da
demanda é -5.
Se a
variação percentual da quantidade ofertada de um bem em relação à variação
percentual do preço deste mesmo bem é maior do que 1, é correto afirmar que
esse bem apresenta
a) oferta elástica. C
b) elasticidade-renda negativa.
c) demanda inelástica.
d) demanda elástica, no ponto.
e) elasticidade-renda positiva.
Uma
empresa produz determinado bem que requer a utilização de dois insumos, os
quais seguem uma função de proporção fixa. Nessa condição,
a) não é possível haver substituição dos
insumos. C
b) a taxa marginal de substituição técnica é
constante.
c) a taxa marginal de substituição técnica é
infinita.
d) a isoquanta será a mesma que aquela
construída para a condição dos dois insumos serem substitutos perfeitos.
e) a isoquanta é uma reta que não cruza a
origem do plano cartesiano.
Uma característica da
estrutura de mercado de concorrência monopolística é dada pela existência de
a) barreiras à entrada.
b) poucas empresas.
c) cartelização.
d) irrelevância da
localização das empresas.
e) produtos diferenciados
que permitem algum poder de determinação dos preços. C
Os
primeiros anos do Plano Real foram marcados pela gestão do comércio
internacional, e as importações
a ) foram utilizadas para aumento da oferta
interna C
b) foram reduzidas, no contexto do combate à
inflação.
c) impuseram uma política de baixa taxas de
juros internas.
d) se contraíram face à ausência de entrada
de capitais estrangeiros.
e) se elevaram, mesmo que as autoridades
estivessem objetivando sua redução.
Em certo mercado
as funções de oferta e demanda são dadas por:
Oferta: p=0,3x+6
Demanda: p=15-0,2x
Se o Governo tabelar o preço de venda em R$ 9,00 por unidade, em quantas unidades a demanda excederá a oferta?
a) 10
b) 15
c) 20 C
d) 30
Oferta: p=0,3x+6
Demanda: p=15-0,2x
Se o Governo tabelar o preço de venda em R$ 9,00 por unidade, em quantas unidades a demanda excederá a oferta?
a) 10
b) 15
c) 20 C
d) 30
Preço = 9,00 unidade
Oferta = 0,3x+6
Demanda = 15 - 0,2x
logo: 9,00 = 0,3x+6
x = 3/0,3
x = 10
9,00 = 15 - 0,2y
-6 = 0,2y
y = 6/0,2
y = 30
Y - X
30 - 10 = 20
Uma política monetária expansionista, via
redução das reservas compulsórias mantidas pelos bancos comerciais junto
ao Banco Central, mas sem alteração do volume de
empréstimos concedidos pelos bancos comerciais, conduz a:
A. um aumento dos meios de
pagamento, expandindo a base monetária;
B. uma elevação do
multiplicador monetário e, por conseguinte, um aumento do fluxo monetário
na economia;
C.
uma
ampliação da base monetária, mas com retração do multiplicador monetário;
C
D. um aumento da parcela dos
meios de pagamento mantida como depósitos à vista pela população;
E. um aumento da parcela dos
meios de pagamento mantido como reservas pelos bancos, ampliando a moeda
manual.
1- Observamos que um componente da política
monetária é o controle da quantidade de moeda (liquidez) na economia. Mas como
o Banco Central expande ou reduz a oferta de moeda? Em geral, isso é feito por
meio de três instrumentos:
a. Depósito compulsório, operações de redesconto e aumento da taxa de juros.
b. Operações de mercado aberto, controle de papel moeda e redesconto bancário. C
c. Operações de mercado aberto, depósitos compulsórios e operações de redesconto.
d. Aumento da SELIC, operações de mercado aberto e redesconto.
e. Controle da importações, operações de mercado aberto e depósitos compulsórios.
a. Depósito compulsório, operações de redesconto e aumento da taxa de juros.
b. Operações de mercado aberto, controle de papel moeda e redesconto bancário. C
c. Operações de mercado aberto, depósitos compulsórios e operações de redesconto.
d. Aumento da SELIC, operações de mercado aberto e redesconto.
e. Controle da importações, operações de mercado aberto e depósitos compulsórios.
Letra B; o Banco Central expande ou reduz a
oferta de moeda por meio das operações de mercado aberto, exercendo o controle
de papel moeda e realizando o redesconto bancário.
Depósito compulsório é quando o Banco Central
retira moedas do mercado por meio dos Bancos, enquanto que as operações de
mercado aberto e o controle de emissão de papel moeda também são usados para
controlar a quantidade de moeda no mercado nacional.
A política
monetária é definida como o controle da oferta de moeda e das taxas de juros,
no sentido de que sejam atingidos os objetivos da política econômica global do
governo.
No que tange as políticas monetárias elas podem ser classificadas em dois tipos:
A) Política monetária contracionista e política cambial
B) Política monetária contracionista e política de juros
C) Política de juros e política monetária expansionista
D) Política monetária expansionista e política monetária contracionista C
E) Política monetária expansionista e política cambial
No que tange as políticas monetárias elas podem ser classificadas em dois tipos:
A) Política monetária contracionista e política cambial
B) Política monetária contracionista e política de juros
C) Política de juros e política monetária expansionista
D) Política monetária expansionista e política monetária contracionista C
E) Política monetária expansionista e política cambial
Política Monetária Expansionista é feita com
o objetivo de expandir (aumentar) a Produção, apesar de trazer aumento da
inflação. Já a Política Monetária Contracionista é feita com o objetivo de
controlar a inflação, mas traz diminuição (contração) da produção.
A taxa de câmbio influencia diretamente as
exportações e importações do país, estimulando ou desestimulando o comércio
internacional. Quando há uma valorização cambial, significa que nossa moeda
está mais cara em relação a uma moeda estrangeira. Em relação à valorização
cambial e ao comércio internacional, assinale a alternativa correta.
Estimula as
exportações.
Estimula as importações. C
Desestimula as exportações e as importações.
Desestimula as importações.
Não impacta do comércio internacional.
Estimula as importações. C
Desestimula as exportações e as importações.
Desestimula as importações.
Não impacta do comércio internacional.
·
Desvalorização cambial
Exemplificando de maneira clara e objetiva, o
principal efeito da desvalorização cambial é a diminuição das importações e o
aumento das exportações, pois, ocorre uma queda no valor da moeda nacional com
relação aos outros países. Dessa forma, a desvalorização tem efeitos positivos,
elevando a economia nacional e proporcionando mais competitividade pelos
produtos internos no exterior.
·
Valorização cambial
Já a valorização cambial tem efeito
contrário. Além de provocar uma queda da taxa de exportações por causa do
aumento nos preços, eleva o número de importações e gera o aumento da inflação.
O que é valorização e desvalorização cambial?
A taxa de câmbio nominal é a quantidade de
moeda nacional necessária para se adquirir uma unidade de moeda estrangeira.
Uma desvalorização cambial significa um aumento da taxa de
câmbio nominal (aumenta-se o número de reais necessários para se adquirir um
dólar).
O que é o câmbio flutuante?
Câmbio flutuante é o sistema
cambial em que as operações de compra e venda de moedas funcionam sem controle
sistemático do governo. O valor das moedas estrangeiras flutua de acordo com a
oferta e a demanda no mercado. Uma moeda que usa uma taxa de câmbio flutuante é
conhecida como moeda flutuante.
Câmbio fixo
O câmbio fixo é aquele em que o valor da
moeda estrangeira (geralmente o dólar) é fixado pelo governo. Desta forma, a
moeda nacional passa a ter um valor fixo em relação a essa moeda-lastro.
Vantagem: possibilita um melhor controle
sobre a inflação.
Desvantagem: pode ocasionar a valorização
excessiva da moeda nacional, provocando a diminuição das exportações e aumento
de importações (no caso da moeda estrangeira mantida desvalorizada).
Câmbio flutuante
O sistema de câmbio flutuante é aquele em que
o mercado estabelece os valores das taxas de câmbio. Este processo ocorre
através da lei de oferta e procura. Neste sistema podem ocorrer grande
variações das taxas de câmbio em intervalos curtos de tempo.
Vantagem: o próprio mercado regula as taxas
de câmbio, não ocasionando distorções cambiais na economia.
Desvantagem: a valorização excessiva de
moedas estrangeiras pode ocasionar inflação, enquanto a desvalorização destas
moedas pode ocasionar diminuição das exportações.
Banda cambial
Neste sistema cambial, a autoridade monetária
do país (no Brasil é o Banco Central) permite a variação das taxas de câmbio
dentro de um determinado limite (valor máximo e valor mínimo). Esse intervalo é
chamado de banda cambial. Quando as taxas de câmbio saem deste intervalo, então
ocorre a intervenção do Banco Central, que atua comprando ou vendendo moeda
estrangeira. Com isso, ele consegue fazer com que a taxa passe a operar dentro
daquele intervalo estabelecido.
Vantagens: possibilita uma variação cambial,
porém sem grandes valorizações ou desvalorizações, permitindo maior
previsibilidade ao mercado financeiro. Outra vantagem é que a banda pode ser
mudada de tempos em tempos, de acordo com a situação econômica interna ou
externa, acompanhando assim as necessidades do mercado cambial.
Desvantagem: em muitos casos este sistema
pode gerar certo artificialismo cambial, prejudicando os agentes econômicos
nacionais.
O caso brasileiro
Desde o ano de 1999, durante o segundo
mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil utiliza o sistema de
câmbio flutuante. Porém, ocorrem constantes intervenções do Banco Central do
Brasil no mercado de câmbio. Estas intervenções são feitas através de operações
de compra e venda de dólares (mercado a vista ou futuro) e tem por objetivo
evitar a desvalorização ou valorização excessivas desta moeda estrangeira.
Logo, podemos dizer que o Brasil adota um sistema de câmbio flutuante, porém
com certo controle governamental.
Entenda
como o PIB é calculado
Em São Paulo
O PIB (Produto Interno
Bruto) é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante
certo período. Isso inclui do pãozinho até o apartamento de luxo.
O índice só considera os bens e serviços finais, de modo a não calcular a mesma
coisa duas vezes. A matéria-prima usada na fabricação não é levada em conta. No
caso de um pão, a farinha de trigo usada não entra na contabilidade.
Um carro de 2006 não
é computado no PIB de 2007, pois o valor do bem já foi incluído no cálculo
daquele outro ano.
O primeiro fator que influencia diretamente a variação do PIB é o consumo da
população. Quanto mais as pessoas gastam, mais o PIB cresce. Se o consumo é
menor, o PIB cai.
O consumo depende dos salários e dos juros. Se as pessoas ganham mais e pagam
menos juros nas prestações, o consumo é maior e o PIB cresce. Com salário baixo
e juro alto, o gasto pessoal cai e o PIB também. Por isso os juros altos
atrapalham o crescimento do país.
Os investimentos das empresas também influenciam no PIB. Se as empresas
crescem, compram máquinas, expandem atividades, contratam trabalhadores, elas
movimentam a economia. Os juros altos também atrapalham aqui: os empresários
não gastam tanto se tiverem de pagar muito pelos empréstimos para investir.
Os gastos do governo são outro fator que impulsiona o PIB. Quando faz obras,
como a construção de uma estrada, são contratados operários e é gasto material
de construção, o que ele eleva a produção geral da economia.
As exportações também fazem o PIB crescer, pois mais dinheiro entra no país e é
gasto em investimentos e consumo.
Fórmula de cálculo do PIB
A fórmula utilizada para calcular o PIB é:
PIB= C+I+G+X-M
Sendo que:
C representa o consumo privado
I é a totalidade de investimentos realizada no período
G equivale aos gastos do governo
X é o volume de exportações
M é o volume de importações